As famosas “desilusões”. Como evitá-las? É muito simples: só se desilude quem se ilude… Não há vida conjugal sem crises, mas crise não é sinônimo de fracasso.
Por Oto Pereira
Como tudo é bom no início: noivado, lua de mel. Ambos se interessam um pelo outro: um fala, o outro escuta.
Mas, com o passar do tempo, muita coisa muda, as desavenças aparecem, surgem os defeitos, começam as discussões: os dois falam ao mesmo tempo, mas ninguém quer escutar… ou melhor: os dois falam tão alto, que até os vizinhos acabam escutando!
O próximo passo é muito previsível: nenhum dos dois quer mais se falar, nem se escutar, nem mesmo se ver: é a separação.
Se você sente que chegou ou está a caminho de chegar a essa situação, não se preocupe! O Pe. Jorge Loring, S.I,[1] tem alguns conselhos para lhe dar.
Calar
É um passo muito importante. Muitas vezes, surgem discussões inevitáveis. Nessa hora, é preciso saber que quem perde, acaba ganhando. Se os dois estão enfadados e pretendem ter razão, tê-la-á quem antes abandone a discussão.
Em certos casos, pode ser que tudo pareça insustentável. São muitos problemas, muitas brigas, muitas incompreensões. É preciso desabafar. Como fazer?
Uma boa solução é colocar tudo no papel. Escreva uma carta com um arrazoado contendo tudo o que lhe está angustiando.
Escreveu? Agora pode rasgar. Não mostre para seu cônjuge: você já desabafou!
Ademais, em muitos casos, você verá que o que está escrito são ninharias…
Mas só calar não basta. É preciso mais.
Perdoar
As famosas “desilusões”. Como evitá-las?
É muito simples: só se desilude quem se ilude…
Com o tempo, é natural que se percebam defeitos que não eram visíveis num primeiro momento.
Nessas horas, não esperar do outro que domine esses defeitos imediatamente. Isso fará com que as mudanças sejam superficiais e, consequentemente, transitórias.
Divergências acontecem. A harmonia 100% é quase impossível. É preciso ser tolerante nas coisas que não são importantes.
Não ficar recordando os erros e as debilidades do passado: “passar a fatura” … Não há nada de bom que se possa dizer ao outro?
Ademais, remoer não traz nenhum fruto: devemos buscar soluções, e não culpados.
Compreender
Por fim, algo óbvio: o homem é diferente da mulher, inclusive fisiologicamente! Isso é uma coisa querida por Deus, para que ambos se completem.
O homem tende ao universal; a mulher, ao concreto. Demonstra-o o cuidado dela com o lar. Coisas que talvez pareçam insignificantes para um homem podem produzir grande desgosto para a mulher.
O homem se interessa, via de regra, mais pelas ideias, a mulher mais pelos afetos.
Por isso, o juízo da mulher é mais rápido, e ela julga segundo seu ódio ou seu amor. O homem, por outro lado, prefere só emitir juízo depois de muita reflexão. Isso pode fazer com que a mulher considere seu marido calculador demais, e ele a veja como superficial e afobada.
Contudo, embora a distância do homem em seu julgamento seja muito proveitosa, a mulher costuma perceber detalhes que o homem não vê: mais uma vez, um completa o outro.
Enfim, não há vida conjugal sem crises, mas crise não é sinônimo de fracasso.
O matrimônio não é só desfrutar: ele é uma cruz, e está feito de renúncias.
Estar disposto a sacrificar-se pelo outro, por amor a Deus, é a chave de um relacionamento duradouro.
Por Oto Pereira
[1] Este artigo está baseado na obra: Para Salvarte: enciclopedia del católico. 60. ed. México: Mexicali B.B, 2008.
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