II Domingo da Quaresma
Os Apóstolos, endurecidos por uma falsa concepção a respeito da missão de Jesus, não deram ouvidos à sua voz. Sejamos vigilantes para que jamais nos aconteça o mesmo
Mons. João S. Clá Dias, EP
Naquele tempo, 2 Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E transfigurou-Se diante deles. 3 Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a Terra poderia alvejar. 4 Apareceram-lhes Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5 Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6 Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7 Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que Ele diz!” 8 E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9 Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10 Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos” (Mc 9, 2-10).
Ofereçamos em holocausto aquilo que nos afasta de Deus!
A vista do ensinamento desta Liturgia, não podemos nos esquecer de que o amor manifestado pelo Pai por nós na mactatio — imolação — de seu Filho merece reciprocidade. Deus espera de cada um de nós este sacrifício: desapego daquilo que nos desvia do rumo certo, ou de qualquer apreensão que amarre nosso coração a algo que não seja Ele, e docilidade no tocante à sua vontade. Uma vez que nos chamou à santidade, Ele nos quer por inteiro e que estejamos constantemente com o cutelo elevado como Abraão.
Se Abraão esteve disposto a entregar Isaac, como não estaremos nós prontos para oferecer aquilo que constitui um obstáculo para a salvação e para nosso relacionamento perfeito com o Senhor? De quanto proveito seria firmarmos um propósito ardoroso de pôr sobre a lenha cada um de nossos caprichos, sobre eles descer a faca e, em seguida, atear-lhes fogo, imolando-os em holocausto a Deus! Desta maneira, como Abraão, nos tornaríamos livres de qualquer apreço desordenado às criaturas.
É comum ouvirmos elogios à fé do santo patriarca, que realmente é digna de todo louvor; mas talvez mais bela ainda seja sua obediência, refletida na do filho Isaac. “A obediência” ― afirma Santo Inácio de Loyola ― “é um holocausto, no qual o homem inteiro, sem dividir nada de si, se oferece no fogo da caridade a seu Criador e Senhor […]; é uma resignação inteira de si mesmo, pela qual se despoja todo de si, para ser possuído e governado pela Divina Providência”.
A obediência praticada com tal radicalidade obtém-nos a realização das promessas, porque Deus assegura a Abraão: “Juro por Mim mesmo — oráculo do Senhor —, uma vez que agiste deste modo e não Me recusaste teu filho único, Eu te abençoarei e tornarei tão numerosa tua descendência como as estrelas do céu e como as areias da praia do mar. Teus descendentes conquistarão as cidades dos inimigos. Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da Terra, porque Me obedeceste” (Gn 22, 16-18).
Que consolo seria podermos ouvir a voz de Deus dizendo-nos: “Uma vez que recusaste todos os teus apegos, os queimaste e puseste num altar em sacrifício, Eu te abençoarei, porque tu Me obedeceste”. A obediência é das virtudes que mais agradam a Deus; não aquela que se baseia em exterioridades, mas, sim, a que nasce no fundo do coração, como foi a de Abraão: esta é a obediência autêntica.
Mais uma vez, na segunda leitura, São Paulo nos encoraja a assumirmos essa postura, por termos um intercessor no Céu: “Jesus Cristo, que morreu, mais ainda, que ressuscitou e está à direita de Deus” (Rm 8, 34). Abraão não contava com Nosso Senhor junto ao Pai para pedir por ele, nem sequer Nossa Senhora.
Quanto a nós, numa situação muitíssimo superior à do patriarca, temos a intercessão de um Advogado absoluto e de uma Medianeira de impetração onipotente, o que é próprio a nos encher de confiança. Não nos esqueçamos, todavia, que “noblesse oblige — a nobreza obriga”. Dotados de tantos privilégios, devemos corresponder mais do que ele.
No Evangelho, a voz do Pai nos exorta: “Escutai o que Ele diz!”. Lembremo-nos, então, do que Nosso Senhor ensinou: “Se alguém quer vir após Mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-Me” (Lc 9, 23). Esta cruz não é pesada, mas, pelo contrário, alivia os pesos de nossa consciência. Ela significa obedecer à vontade de Deus. O 2º Domingo da Quaresma nos estimula a termos diante dos olhos aquilo que alimenta a nossa fé, aumenta a nossa capacidade de sofrer e nos proporciona alegria em meio a todos os tormentos. ⚜️
Excertos de “O Inédito sobre os Evangelhos”, II Domingo da Quaresma, ano B.
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