Uma entrega que prepara a alma para o Natal

1 Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. 2 Está escrito no Livro do Profeta Isaías: “Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho. 3 Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas estradas!’” 4 Foi assim que João Batista apareceu no deserto, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados. 5 Toda a região da Judeia e todos os moradores de Jerusalém iam ao seu encontro. Confessavam os seus pecados e João os batizava no rio Jordão. 6 João se vestia com uma pele de camelo e comia gafanhotos e mel do campo. 7 E pregava, dizendo: “Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias. 8 Eu vos batizei com água, mas Ele vos batizará com o Espírito Santo” (Mc 1, 1-8).

II Domingo do Advento

O tempo litúrgico do Advento nos leva a participar, de certa forma, dos anseios de todos quantos no Antigo Testamento aguardaram com fidelidade a vinda do Messias, e a viver o clima de grandiosa expectativa alentado pelo Precursor.

Por Mons. João S. Clá Dias, EP

Necessidade de “conversão incessante”

Passaram-se dois mil anos desse acontecimento histórico, todavia para Deus não há ontem nem amanhã, e sim apenas um eterno “hoje”. Como dos israelitas cativos na Babilônia, ou dos judeus da época de Jesus, Ele espera de nós a conversão.

Desejando que ninguém se perca, o Criador usa de paciência para conosco enquanto espera nos encontrar “numa vida pura e sem mancha e em paz” (II Pd 3, 14), como afirma São Pedro na segunda leitura de hoje. Para isso, Deus nos convida, poder-se-ia dizer, a cada hora, cada minuto, cada segundo, a nos emendarmos de nossos desvios e imperfeições.

À primeira conversão deve seguir-se uma conversão incessante. Não basta dizer: “Sou cristão. Já me converti!”. Ou como o jovem rico do Evangelho: “tudo isso tenho observado desde a minha mocidade” (Mc 10, 20). Ou quiçá: “Confessei-me e passei do estado de pecado mortal para o estado de graça”. É preciso que a cada dia cresça nosso amor.

Portanto, por muito que alguém progrida nas vias da virtude, sempre haverá pontos nos quais é possível melhorar. Nosso Senhor nos convida a estarmos com os olhos continuamente postos no plus ultra, no “duc in altum” (Lc 5, 4), isto é, ousando sempre lançar as redes mais longe, com o coração transbordante de grandes desejos para a máxima glória de Deus.

Solução ao alcance de qualquer um de nós

Analisando as coisas por este prisma, cabe perguntar: não teremos nós algo concreto a entregar a Jesus antes de comemorarmos mais uma vez, neste ano, o seu nascimento na Gruta de Belém? Talvez o rompimento de uma amizade inconveniente ou perigosa, por cuja causa nos afastamos d’Ele, ou quiçá a renúncia ao desmedido apego a um determinado bem, ou alguma situação, que com frequência acaba por nos conduzir ao pecado. A Liturgia nos inspira hoje a depor aos pés da Virgem Mãe qualquer defeito capaz de nos impedir de receber com ardente devoção o Menino Deus.

Não temos obrigação de, neste Advento, nos esforçarmos para acondicionar do melhor modo possível a “gruta” da nossa alma, a fim de Jesus não encontrar nela um ambiente mais frio e inóspito que o da Gruta de Belém? Examinemo-nos com cuidado para saber a quantas andamos nesse sentido. Haverá sem dúvida falhas a sanar em nosso procedimento. Quais? E desvios a retificar em nossa vida. Quais?

Se, feito esse balanço, o resultado nos for desfavorável e não sentirmos ânimo suficiente para corrigir esses defeitos, a solução está ao alcance de qualquer um de nós: recorrer com filial confiança a Nossa Senhora, Refúgio dos Pecadores. Ela nos obterá de seu Divino Filho graças para uma completa vitória sobre todas as nossas falhas e desvios. Pois Jesus Cristo — que quis permanecer cativo durante nove meses em seu seio puríssimo, dependendo d’Ela em todas as coisas, e A coroou como Rainha do Céu e da Terra — não deixará de atender as súplicas por Ela feitas em favor de seus devotos.


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