6 Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7 Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à Fé por meio dele. 8 Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. 19 Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: “Quem és tu?” 20 João confessou e não negou. Confessou: “Eu não sou o Messias”. 21 Eles perguntaram: “Quem és, então? És tu Elias?” João respondeu: “Não sou”. Eles perguntaram: “És o Profeta?” Ele respondeu: “Não”. 22 Perguntaram então: “Quem és, afinal? Temos que levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo?” 23 João declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’” ― conforme disse o profeta Isaías. 24 Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus 25 e perguntaram: “Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?” 26 João respondeu: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está Aquele que vós não conheceis, 27 e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”. 28 Isso aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando (Jo 1, 6-8.19-28).
III Domingo do Advento
(Domingo Gaudete)
A alegria suscitada pelo iminente nascimento do Redentor é para
todos, sem distinção, ou só para aqueles que abrem o coração ao
seu amor transformante?
Por Mons. João S. Clá Dias, EP
A Igreja, sendo uma instituição divina fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Cabeça deste Corpo Místico, possui a própria sabedoria d’Ele e tudo faz com conta, peso e medida. Assim, ela dispõe dois domingos do ano que, em meio à penitência, trazem a alegria: o 3º Domingo do Advento, chamado Domingo Gaudete, e o 4º Domingo da Quaresma, denominado Domingo Lætare.
O primeiro recebe este nome da palavra inicial da Antífona da entrada, extraída da Epístola de São Paulo, Apóstolo, aos Filipenses: “Gaudete in Domino semper: iterum dico, gaudete. Dominus enim prope est — Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto” (4, 4-5).
A perspectiva do término diminui o sofrimento
A experiência de todos aqueles que convivem com pessoas atingidas por qualquer sofrimento, físico ou moral, comprova que este se torna muito mais difícil de suportar pelo fato de elas não saberem quando será o seu término. Ao se receber a garantia de que a dor cessará em determinado momento, grande parte do tormento desaparece. Da mesma forma, sabe-se por estudos científicos que a alegria é causa do prolongamento de nossa existência e, pelo contrário, quando nos deixamos abater pela tristeza a vida se encurta.
Algo análogo se verifica na Liturgia deste Domingo Gaudete — a mais significativa de todo o Advento —, cujo principal objetivo é dar a cada um a vigorosa esperança de que, por fim, nosso Redentor está prestes a nascer e ajudar-nos a compreender com maior profundidade o Vinde, Senhor Jesus!, repetido ao longo destas quatro semanas. Hoje transpomos o marco da ascensão penitencial e somos cumulados de alegria na perspectiva da vinda do Esperado de todas as Nações, que quase comemoramos antecipadamente. Em vista disso, a Igreja celebra este domingo com júbilo, flores, instrumentos musicais e paramentos róseos, implorando na Oração do Dia: “dai chegarmos às alegrias da salvação e celebrá-las sempre com intenso júbilo na solene Liturgia”.
A voz que clama no deserto, contemplada no Evangelho de São João, pede que aplainemos “o caminho do Senhor”, mudemos de mentalidade e nos enchamos do seu espírito. Mas a Igreja quer que o façamos em meio à alegria, pois saímos de uma situação ruim, melhoramos e o progresso só pode ser motivo de regozijo. São Tomás explica que a alegria é fruto do amor e, portanto, quem ama tem alegria. A caridade, por sua vez, leva a pessoa a ter um grande desejo de possuir aquilo que a enleva, e nós estamos na expectativa da vinda de alguém que é o Ser por excelência, o próprio Deus Encarnado, o nosso Redentor.
Não nos deixemos enganar pela aparente alegria do pecado!
De modo bem diferente à incondicional alegria que a vinda do Redentor deveria trazer, eis a correlação entre júbilo e tristeza, euforia e provação, evocada pelo Evangelho deste 3º Domingo do Advento. Enquanto os bons são assistidos pela alegria da esperança, como aconteceu a São João Batista e aos que se converteram ante a perspectiva do aparecimento do Messias, há na alma dos maus tristeza e insatisfação. Cabe ao bom saber interpretar a frustração de quem vive no pecado e não pensar que ele está sendo bem-sucedido. Quando, na segunda leitura (I Tes 5, 16-24), São Paulo exorta “Estai sempre alegres!” (I Tes 5, 16), deseja mostrar que quem se une a Deus, pratica a virtude e trilha o bom caminho, não pode de forma alguma deixar-se tomar pela má tristeza.
O Domingo da Alegria nos revela uma divisão claríssima que caracteriza a humanidade: os bons estão sempre alegres e os maus, por mais que procurem aparentar alegria, vivem na tristeza. Aqueles que estão ligados a Deus têm o contentamento, a segurança e a felicidade de que carece quem se apega às coisas materiais e Lhe dá as costas. Ambos vivem juntos, mas no momento em que o homem que pôs sua esperança no mundo e no pecado vê a alegria verdadeira manifestada pelo bom, ou se converte ou quer matá-lo, tal como fizeram a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Peçamos, nesta Liturgia, a graça de viver na alegria da virtude, como sinal de nossa inteira adesão ao Salvador que em breve chegará!
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