Tempo de uma nova conversão

II Domingo do Advento

Ao invectivar a hipocrisia dos fariseus e saduceus, São João nos põe na perspectiva do Juízo Final, do qual ninguém poderá escapar. Naquele dia, de nada valerão as exterioridades se não tivermos produzido frutos que provem a nossa conversão

Por Mons. João S. Clá Dias, EP

Advento, tempo para uma revisão…

Quando um navio vai sair do estaleiro pela primeira vez, é costume realizar-se uma cerimônia na qual a nova embarcação recebe o nome e, como desfecho do ato, uma garrafa de champanhe é quebrada de forma espetacular no casco, escorrendo ali todo o seu precioso líquido.

Segundo uma antiga crença, quanto melhor for a qualidade do espumante maior será a probabilidade de que o navio singre os mares com segurança. Depois disso, com o costado recém-pintado, liso e completamente limpo, a embarcação é lançada na água e começa a navegar pelos oceanos. Com o passar dos anos a velocidade do navio vai diminuindo, não por perda de força do motor, mas porque no casco se incrustam moluscos em grande quantidade que dificultam a navegação. Para recuperar a rapidez inicial é imperioso retornar ao estaleiro e remover essa crosta. Também os automóveis quando são novos funcionam bem, e depois de certo tempo de uso é necessário submetê-los a uma revisão, a fim de garantir o bom desempenho de seu mecanismo.

Em relação à saúde, nossa situação é parecida. Periodicamente temos de nos submeter a um checkup médico ou ir ao dentista para verificar se tudo está em ordem. Mas, sobretudo, necessitamos fazer uma revisão… da alma. Temos de analisar com frequência nossa vida espiritual, porque, apesar de sermos batizados, recebermos os Sacramentos com assiduidade e praticarmos com seriedade a Religião, é frequente passarmos por circunstâncias que nos levam a cometer certas imperfeições ou a nos apegarmos às vaidades deste mundo, e adquirimos manias e maus hábitos.

Muitas vezes julgamos que cada um existe por si, independente de Deus e sem relação com os demais, e que ninguém vê nossos pensamentos e ações ocultas. Entretanto, é só uma questão de tempo para tudo se tornar público. Nossa situação é semelhante à de uma pessoa que, possuindo um documento com um importante segredo, o pusesse num envelope dentro de um cofre de banco. E à noite, porém, recebesse a visita de um Anjo, enviado por Deus, com a ordem de comunicar aquele texto secreto à humanidade inteira… Assim será o Juízo Final: todos os nossos pensamentos, desejos, maquinações, tudo o que tivermos feito de bom e de mau será conhecido por todos os homens, bem-aventurados ou condenados, sem exceção de ninguém, inclusive pelos Anjos e pelos demônios, como nos ensina a doutrina católica.

Nossa esperança deve estar em Deus

Convidando-nos a pensar um pouco nesses acontecimentos dos quais nenhum de nós escapará ― a morte e o Juízo ―, as palavras de São João neste 2º Domingo do Advento mostram a necessidade de mudar a mentalidade. Se nos analisássemos honestamente, pelo prisma deste Evangelho, constataríamos quantos princípios mundanos deixamos entrar na alma ao longo do tempo, iludindo-nos com uma falsa segurança e estabilidade. Será, por exemplo, o igualitarismo nascido do orgulho, será o materialismo, que faz viver em função da técnica ou do dinheiro, entre outros desvios. É nessa perspectiva que temos de considerar a conversão à qual São João Batista nos exorta, e nos prepararmos para o momento do comparecimento perante o tribunal de Deus.

Juízo que devemos encarar com esperança verdadeira mente cristã, ou seja, com inteira confiança em Deus e nos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que perdoará nossos pecados e misérias desde que os reconheçamos, arrependidos. Se vivermos com esta disposição de alma, atingiremos a santidade, meta de todo batizado, e alcançaremos a plena participação na vida de Deus, como sublinha a Oração do Dia:

“Ó Deus todo poderoso e cheio de misericórdia, nós vos pedimos que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas, instruídos pela vossa sabedoria, participemos da plenitude de sua vida”.


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