Nosso Senhor no Horto das Oliveiras, uma meditação para nossos dias

Por Plinio Corrêa de Oliveira.

Quando Nosso Senhor deixou Jerusalém, dirigindo-se para o Horto das Oliveiras, não se tratava de uma partida comum, seguida de breve retorno, mas de uma verdadeira e profunda separação.

O Messias amava a Cidade Santa, as suas muralhas cobertas de glória, o Templo do Deus vivo que nela se elevava, o povo eleito que a habitava. Por isso pregou-se a Boa Nova com especial carinho e combateu seus vícios com vigor particularmente ardente. Mas fôra recusado.

Era noite. Jerusalém brilhava com todas as suas luzes. Havia calor e fartura dentro das casas e animação nas ruas. Uma grande despreocupação pairava sobre a cidade alegre e tranquila. Para Jesus, com toda a Sua beleza, Sua graça, Sua sabedoria, Sua bondade, a Ele pouco se lhe dava. No momento em que Ele deixou a cidade, ninguém O sentiu, ninguém O soube, talvez um ou outro transeunte O viu com indiferença.

Os judeus não sentiam necessidade de Jesus …

— Para dirigir suas almas, preferiam Anás, Caifás e seus congêneres.

— Para cuidar de seus interesses nacionais, bastava-lhes Herodes.

— E até toleravam Pilatos com mau humor, porém resignados.

— Sob a guarda desses pastores espirituais e temporais podiam comer, beber e divertir-se à vontade, conformando depois a consciência com uma oração e um sacrifício no Templo.

Assim tudo se arranjava na modorra e no conformismo.

Estava terminada a pregação de Jesus e Ele deixava a cidade porque lá nada mais teria que fazer. Sua perfeição não era compatível em associar-se àquelas consciências que dormiam tranquilas, frouxas e modorrentas Ele procurou despertar. Então, a única atitude era sair de Jerusalem. Sair sim, para significar nisso um afastamento completo, uma separação absoluta, uma incompatibilidade sem disfarces.

E saiu, deixando para trás a multidão e as luzes da cidade. Ele levava consigo apenas um punhado de seguidores. “E disse a seus discípulos: assentai-vos aqui enquanto vou orar. (São Marcos, XIV,32)

O isolamento de Jesus era maior do que parecia à primeira vista. Os Apóstolos O seguiam, é verdade. Mas com a alma cheia de apego a tudo quanto deixavam na terrível separação, e cheia de pavor diante de tudo quanto as perspectivas do futuro lhes faziam entrever. Suas almas já não tinham disposição para rezar. Era o início da defecção, pois quem não reza está descambando para o abismo. Rezar “não podiam”. Voltar para Jerusalém não queriam. Ficaram “sentados ali”. E consentiram que o Mestre fosse mais adiante, que Ele ficasse só. Os Apóstolos sentados, daí a pouco dormiam e logo depois fugiram!

Não rezar, pensar pouco na Paixão de Cristo e muito em suas próprias dores, tudo isto leva a “sentar-se” no caminho e deixar Jesus seguir em frente. Depois é a modorra, o sono, a tibieza. E depois a fuga.

Terrível, terrível lição para os que começaram a longa jornada no caminho da perfeição. Jesus lhes dissera: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação” (S. Lucas, XXII, 40). Não oraram, sucumbiram. E fugiram sim, porque haviam sido tíbios, haviam dormido, não haviam rezado.

Para cada fiel, também em nossos dias, se não quiser fugir da posição em que o Batismo o colocou, deve rezar e não deixar levar-se por uma desastrosa sonolência.

Oração

“Dai-me, Senhor: Essa graça da perseverança em todas as situações, todos os transes, todas as amarguras. Essa graça da fidelidade em todos os abandonos, todos os desamparos, todas as derrotas. Essa graça da firmeza ainda que todos Vos abandonem opressos pelo sono ou enlouquecidos pela concupiscência das coisas da terra. Ou então, meu Deus, levai-me desta vida. Pois uma coisa eu não quero. É fugir.
Pela intercessão onipotente de Vossa Mãe Santíssima, é esta a graça da perseverança que Vos peço, ó Senhor Jesus Cristo.”


 (Agência Boa Impresa – ABIM – 4.Maio.1983)

amor aparecida apostolado apostolado do oratório arautos do evangelho arautos sacerdotes cidades comentario ao evangelho comunhão reparadora comunidade coordenadores Cristo deus devoção encontro eucaristia evangelho familias fátima grupos do oratorio heraldos del evangelio igreja imaculado coração de maria jesus liturgia maria meditação missa missao mariana Monsenhor João Clá Dias natal Nossa Senhora nossa senhora de fátima nosso senhor Notícias o inédito sobre os evangelhos oratório oração paróquia peregrinação Plinio Correa de Olivieira primeiro sábado santa missa santíssima virgem

Deixe uma resposta