A vida eucarística da Santíssima Virgem

O termo “eucaristia”, remete imediatamente ao Corpo de Cristo, ao Santo Sacrifício da Missa, à Comunhão Sacramental. Mas também é extensivo a uma atitude de alma de gratidão e imolação

Pe. Rafael Ramón Ibarguren Schindler*, EP

Em grego, “eucaristia” significa ação de graças, demonstração de gratidão, reconhecimento. Nesse sentido, todos os momentos da vida da Virgem Maria foram eucarísticos, no sentido mais completo e literal da palavra, já que sua vida sempre foi uma oferta agradável a Deus.

Seu fiat na casa de Nazaré, dando seu consentimento para que o mistério da encarnação se realizasse, foi um momento marcante, daqueles que chamamos de “eucarísticos”. Tendo concebido pela obra do Espírito Santo, e durante os nove meses que se seguiram, Ela se transformou no primeiro e mais sublime sacrário da história. Sacrário itinerante e processional, viajando pelas montanhas da Judéia para servir a sua prima Isabel, ou indo nas costas de um burro para a cidade de Davi com seu marido virginal, em obediência ao decreto de César Augusto, para que se pudesse dar o nascimento prodigioso do Filho de Deus em uma gruta, na época transformada em palácio.

E o que dizer dos trinta anos de intimidade de Jesus, Maria e José na casa de Nazaré? Não foram senão uma ação de graças contínua.

Já em Caná da Galiléia, em vista da necessidade de novos cônjuges que celebravam suas núpcias, nos ensina a estar atentos às necessidades dos outros e a cumprir os desígnios divinos. Como se sabe, adiantando a hora do Senhor, a Virgem disse “faça o que Ele diz” e a água tornou-se vinho naquele primeira ceia da vida pública de Jesus. O que pode ser mais eucarístico e mais evangélico do que esse conselho?

E, na última ceia, quando, ardendo de amor, o Senhor fez a transformação do pão e do vinho em seu corpo e em seu sangue para dar-Se em alimento, Maria certamente entendeu e acompanhou esse grande acontecimento.

Nossa Senhora com os apóstolos em Pentecostes

São João Paulo II nos diz na sua Encíclica Ecclesia de Eucaristia: “No relato da instituição, na tarde da quinta-feira santa, Maria não é mencionada. Sabe-se, no entanto, que ele estava com os apóstolos, unidos em oração (cf Atos 1, 14), na primeira comunidade reunida após a Ascensão aguardando Pentecostes. (…) Mas, além de sua participação no banquete eucarístico, a relação de Maria com a Eucaristia pode ser delineada indiretamente de sua atitude interior. Maria é uma mulher eucarística com toda a sua vida”. (…) (n ° 53).

É interessante mencionar aqui um testemunho singular e maravilhoso: uma vidente concepcionista espanhola do século XVII, a Venerável Irmã Maria de Agreda, a quem Maria Santíssima ditou sua vida, descreve como a Virgem viveu aquela Quinta-feira Santa. Suas revelações, que podem ser acreditadas piedosamente, embora não façam parte da Revelação oficial da Igreja, estão incluídas no livro “Cidade Mística de Deus”, um clássico da espiritualidade cristã.

Depois de considerar o que o Evangelho nos fala sobre a última ceia, a freira diz:

“… então Ele separou outra partícula do pão consagrado e entregou-a ao Arcanjo São Gabriel, para que ele levasse como comunhão à Maria Santíssima. (…) O Santíssimo Sacramento foi colocado no peito de Maria Santíssima e sobre o coração, como o sacrário legítimo, o sacrário do Altíssimo. E este depósito do inefável sacramento da Eucaristia durou todo o tempo que se passou, daquela noite até depois da Ressurreição, quando São Pedro consagrou e rezou a primeira Missa “.

Alguns poderão dizer: “mas esse detalhe não é revelado pelos Evangelhos”. É verdade. Mas nem os evangelistas nos dizem nada sobre uma aparição do Ressuscitado a Maria. E, no entanto, é um lugar comum entre teólogos, santos e pessoas fiéis, o que não poderia ter sido de outra forma. Movido e grato, sendo o melhor dos filhos nascidos de mulheres, Jesus não iria recompensar e consolar a Mãe nessas circunstâncias?

O sacrifício de Isaac – prefigura do sacrifício de Maria

Junto a Cruz, a oblação eucarística de Maria atingiu seu ápice, ao consentir em tudo o que se passou com o fruto de suas entranhas. Sem ser devidamente um sacerdote ordenado, Ela atuou como sacerdote sacrifical, dizendo um novo fiat ao Pai eterno. Abraão imolando Isaac prefigurou Maria no Calvário. No altar daquele Monte Providencial, um anjo segurou a faca do Patriarca. No topo do Calvário, esse anjo não veio e o sacrifício de Cristo foi consumado.

Além disto, junto a Jesus na Cruz, Ela tornou-se oficialmente nossa Mãe quando nos recebeu em seu coração ferido, em obediência ao testamento de Jesus que transformou nossa pobre humanidade em uma oferenda: “Aí está o seu filho”.

Por fim, em Pentecostes, Aquela que é a Esposa do Espírito Santo, realiza um ministério eucarístico único reunindo os discípulos e atraindo para eles a chegada do Paráclito. Desta vez, não é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade que encarna como em Nazaré ou toma o lugar do pão e do vinho como na última ceia; É a Terceira Pessoa que se comunica aos fiéis da Igreja nascente para renovar a face da terra, não sem a mediação de Maria.

Ao longo de dois mil anos de história cristã, a Virgem Mãe, “Mulher Eucarística”, trabalha incessantemente para dispensar aos fiéis a graça de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, que Ela conquistou por desígnio divino e com o seu sacrifício .

Ela faz isso especialmente nos dias atuais, atraindo para a terra o Triunfo de seu Imaculado Coração, em cumprimento de sua promessa profética feita na Cova de Iria.

Assunção, fevereiro de 2018

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* Conselheiro de Honra da Federação Mundial das Obras Eucarísticas e da Igreja.

Comentário de Plinio Corrêa de Oliveira sobre Nossa Senhora

A Arca em cujo Imaculado Coração está escrita a Lei Divina

A  Lei divina, muito mais do que nas tábuas de Moisés guardadas na Arca da Aliança, está escrita na alma de Nossa Senhora. É a partir de seu Imaculado Coração que a Lei de Deus se irradia para a humanidade inteira, pelo ministério da Santa Igreja Católica. (Plinio Corrêa de Oliveira – Conferência 25.01.1992)

Novos grupos em Joanópolis/SP

Em missão pela cidade de Joanópolis, foram formados novos grupos do Apostolado do Oratório

Ir. Alberto Nardo, EP

Os missionários dos Arautos do Evangelho estiveram em atividade de evangelização durante os dias de 29 de janeiro a 04 de fevereiro, na Paróquia São João Batista, em Joanópolis/SP.

Nestes dias, com o apoio do  revmo. Pe. Edson Gomes da Silva (pároco), foram abençoados e entregues 17 novos oratórios às famílias que disseram “sim” a esta pergunta:

“Você quer receber Nossa Senhora em seu lar, um dia por mês, para aí nascer seu Filho Jesus? ”

Como é gratificante ver como a devoção ao Imaculado Coração de Maria traz consigo graças, que entram nos lares como um raio de sol, iluminando as mentes, afervorando os corações e trazendo a paz.

Veja a seguir fotos destes momentos abençoados.

Veja também: Atendendo a um apelo de Nossa Senhora

Atendendo a um apelo de Nossa Senhora

“Olha, minha filha – disse-lhe a Virgem Maria – o meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar”

Foi com essas palavras que Nossa Senhora em Fátima iniciou o pedido que faria aos pastorinhos e a toda humanidade. Continuou a Santíssima Virgem:

“E diga que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado:

– se confessarem,
– receberem a sagrada comunhão,
– rezarem um terço e
– Me fizerem quinze minutos de companhia meditando nos mistérios do rosário com o fim de Me desagravar
– Eu prometo assisti-los na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas.”

Primeiro Sábado na Catedral da Sé, SP

Foi assim que em sua Terceira Aparição, e mais tarde em 1925, que Nossa Senhora pediu claramente a “Comunhão Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados”.

Devoção esta que contêm em si essa preciosa promessa da Mãe de Deus; a salvação eterna para todos que a fizessem.

Atendendo a este pedido da Ssma. Virgem, diversos grupos do Apostolado do Oratório vem promovendo, nas paróquias onde estão fixados, a prática desta devoção. Seguem abaixo fotos de algumas, dentre tantas paróquias, que realizaram neste último final de semana esta devoção.

Aproveitamos este momento para cumprimentar a todos esses grupos por seu esforço, dedicação, devoção e carinho em atender – muitas vezes vencendo alguns obstáculos – este pedido de Nossa Senhora. Desejamos ardentemente que a Virgem Santíssima os cumule de graças e bençãos e prepare a todos uma morada para cada um na mansão celeste.

Veja aqui como praticar a devoção dos primeiros sábados

Meditação do Primeiro Sábado fevereiro 2018

II Mistério Luminoso

Transformação da água em vinho nas Bodas de Caná
O melhor vinho para o fim: o “vinho” de Maria

As bodas de Caná, Gerard Davi, Museu do Louvre, Paris

Nossa Senhora atenta aos necessitados

Como sempre, despreocupada de Si, Maria Santíssima prestava atenção em tudo, desejosa de fazer o bem aos outros. Percebeu, então, talvez sem ninguém Lhe ter comunicado, a situação embaraçosa: acabara o vinho. Que vergonha para os anfitriões! Quão grande seria a decepção quando isto viesse a saber-se! Tal, porém, não aconteceu, pois o Coração de Maria não poderia ver uma necessidade, uma aflição e, mesmo sem ser rogada, intervém pedindo um milagre para tirar de embaraços esses humildes esposos.

Nossa Senhora tudo interpretava com sabedoria e por certo considerou que a Providência permitira a falta de vinho para dar a Jesus ocasião de manifestar sua Divindade. Ele ainda não operara prodígio algum, mas Ela não duvida de seu poder sobrenatural, e sua comunicação implica numa súplica de que faça o possível, mesmo um milagre.

Oração Preparatória

Ó Virgem Santíssima de Fátima, Mãe de Deus e nossa, a quem oferecemos esta meditação em reparação ao vosso Coração Imaculado: intercedei hoje por nós do mesmo modo como outrora o fizestes nas Bodas de Caná, e rogai a vosso adorável Filho que nos conceda as graças que nos faltam e das quais tanto necessitamos para aceitarmos os milagres da misericórdia divina em nossa vida e em nossa peregrinação rumo ao Céu. Amém.

Clique na foto abaixo e tenha acesso ao texto completo da Meditação.

Veja também: “Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”

É de Vós, Senhora, que espero o único bem que almejo

Entre as orações propostas por São Luís Maria Grignion de Montfort para crescer no amor mariano, destaca-se este belíssimo “Ato de cego abandono e de amorosa confiança na doce Virgem Maria”

Doce Virgem Maria, creio tão firmemente que, do alto Céu, velais dia e noite por mim e por todos quantos em Vós confiam, estou tão intimamente convencido de que jamais poderá faltar algo a quem tudo espera de Vós, que resolvi viver doravante sem qualquer apreensão, deixando por inteiro a vosso cargo todas as minhas inquietudes.

Doce Virgem Maria, Vós me firmastes na mais inabalável confiança. Mil vezes obrigado por tão preciosa graça! De agora em diante, permanecerei em paz, apoiado em vosso Coração tão puro; não me preocuparei senão de Vos amar e Vos obedecer, enquanto Vós mesma, ó boa Mãe, cuidareis de meus mais caros interesses.

Aparição de Nossa Senhora e o Menino Jesus a São Bernardo de Claraval – Paróquia de São Miguel, Malaucène (França)

Doce Virgem Maria, que dentre os homens alguns procurem nas riquezas ou em seus próprios talentos a felicidade; que outros se apoiem na inocência de sua vida, no rigor de sua penitência, no fervor de suas orações ou no grande número de suas boas obras; quanto a mim – pobre pecador, que não tenho senão meu pouco amor –, esperarei somente em Vós, depois de Deus, e o fundamento de minha esperança será minha confiança em vossa maternal bondade.

Doce Virgem Maria, poderá a perversidade humana roubar minha reputação e os poucos bens que eu possua; poderão as doenças tirar-me as forças e a capacidade externa de Vos servir; infelizmente, ó minha terna Mãe, poderei eu mesmo, pelo pecado, perder vossas boas graças; mas minha amorosa confiança em vossa bondade materna, esta jamais perderei! Não, nunca a perderei! Conservarei esta inabalável confiança até exalar meu último suspiro. Todas as forças do inferno juntas não serão capazes de me roubá-la. Morrerei, ó boa Mãe, repetindo mil vezes vosso nome bendito, depositando em vosso Coração toda a minha esperança.

E por que estou tão seguro de confiar sempre em Vós, senão porque Vós mesma, dulcíssima Virgem, me ensinastes que sois toda misericórdia, nada mais que misericórdia? Portanto, ó bondosíssima e amantíssima Maria, estou seguro de que sempre Vos invocarei porque sempre me consolareis; sempre Vos agradecerei porque sempre me aliviareis; sempre Vos servirei porque sempre me ajudareis; amar-Vos-ei sempre porque me amareis sempre; de Vós sempre obterei tudo, porque sempre vosso magnânimo amor ultrapassará minha esperança.

Nossa Senhora da Divina Providência

Sim, ó doce Virgem, é somente de Vós que, apesar de meus pecados, espero o único bem que almejo: a união com Jesus no tempo e na eternidade. Exclusivamente de Vós, porque sois Vós a escolhida por meu divino Salvador para me dispensar todos os favores e a Ele conduzir-me com segurança.

Sim, minha Mãe, sois Vós que, depois de me ter ensinado a compartilhar as humilhações e os sofrimentos de vosso Divino Filho, me introduzireis em sua glória e suas delícias para, junto a Vós e convosco, louvá-Lo e bendizê-Lo por todos os séculos dos séculos.

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(Revista Arautos do Evangelho, Maio/2017, n. 185, p. 24 à 25)
SÃO BERNARDO. Acte d’aveugle abandon et d’amoureuse confiance en la douce Vierge Marie. 
In: DENIS, Gabriel. “Le Règne de Jésus par Marie”. 
3.ed. Luçon: S. Pacteau, 1873, p.242-244

Veja também: Oração para jamais me afastar de Nossa Senhora