Como enfrentar as desilusões?

Comentário ao Evangelho do XXVII Domingo do Tempo Comum

Ao longo da existência nos deparamos com situações imprevistas que podem levar ao desânimo. Só na fé robusta encontraremos força para enfrentá-las

Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP, Fundador dos Arautos do Evangelho e do Apostolado do Oratório

O ser humano quer relacionar-se com os demais

Imaginemos um homem punido com o isolamento, preso na masmorra de uma longínqua torre, convencido de estar inteiramente afastado de tudo e de todos. Nessa triste situação, sem a mínima possibilidade de comunicação com qualquer pessoa, vê passarem-se os dias…

Certa tarde de calor, porém, deita-se no chão e ouve, de repente, um rumor de vassoura em plena atividade. Surpreendido, aproxima-se da parede, coloca ali o ouvido e, percebendo pelos ruídos tratar-se da presença de alguém do lado oposto, dá algumas pancadas no muro. A resposta chega de imediato. É outro pobre preso que sofre de igual problema: isolado, deseja entrar em contato com alguém a quem possa transmitir suas aflições e que o entenda naquela infeliz situação. Depois de muitas batidas descobrem que, falando junto ao ralo da cela, conseguem se fazer ouvir um ao outro e, a partir daí, começa um verdadeiro relacionamento entre ambos os cativos, causando-lhes imensa consolação. Pois, o isolamento absoluto que era o maior tormento daquele cativeiro, por ferir o instinto de sociabilidade, de alguma forma, tinha-se rompido com o estabelecimento desse rudimentar modo de comunicação.

Essa singela história nos ilustra a necessidade intrínseca ao homem de entrar em contato com seus semelhantes.

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Antídoto para a vanglória?

Comentário ao Evangelho do XXII Domingo do Tempo Comum

Repetidas vezes nos alerta o Divino Mestre contra o orgulho, de cujos efeitos todos padecemos, infelizmente. Como combatê-lo com eficácia? No que consiste a verdadeira humildade? Muitos, por equívoco, a confundem com mediocridade

Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP, Fundador dos Arautos do Evangelho e do Apostolado do Oratório

Choque entre dois modos de ser

Nesta Terra de exílio, um dos melhores modos de nos comunicarmos com Deus e termos, assim, algum antegozo da visão beatífica é contemplar os símbolos do Criador postos no universo, pois “as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, tornam-se visíveis à inteligência, por suas obras” (Rm 1, 20). Ou seja, desde que queiramos, é-nos dado discernir o Invisível no visível, o Infinito no finito, o Criador nas criaturas.

“Eis o Cordeiro de Deus”

Por isso, a Divina Providência dispôs na natureza uma abundância de símbolos de grande expressão, alguns dos quais foram aplicados ao próprio Filho de Deus, a fim de melhor O conhecermos e mais O amarmos. Ele mesmo Se apresenta como a videira cujos ramos produzem muito fruto (cf. Jo 15, 1-5), ou como o Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas (cf. Jo 10, 11-16). Também é o Messias chamado de Leão da tribo de Judá (cf. Ap 5, 5), e como tal Se manifesta ao repreender com severidade os fariseus (cf. Mt 23, 13-33), e ao “expulsar os que no Templo vendiam e compravam” (Mc 11, 15).

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Comunhão Reparadora do Primeiro Sábado

“Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não
vos tornardes como crianças, não entrareis
no Reino dos Céus”
(Mateus 18, 3)


Com esta sentença, Nosso Senhor nos indica claramente o caminho a seguir nesta Terra para alcançarmos a eternidade junto a Ele; voltar a sermos “crianças”!

E o que significa isto? Não se trata de ser infantil, brincalhão, imaturo. Não é isso. Ser criança é sinônimo de alma admirativa, humilde, obediente, pura e de uma fé simples. Ao contrário de certos adultos; autossuficientes, sabedores de tudo, orgulhosos, céticos, etc.

Quanto mais crianças formos, mais Deus cuidará de nós e nos conduzirá nos caminhos de nossas vidas em direção a Ele.

Tanto é assim, que em sua maior manifestação à humanidade no século XX, a Mãe de Deus não procurou os doutos, os esclarecidos, os adultos e mais capacitados. Pelo contrário, quis a Virgem se servir de três crianças, três pequenos pastores para transmitir a sua Mensagem.

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O Coração Sapiencial e Imaculado de Maria

Em nossas orações acrescentamos o adjetivo “Sapiencial” à expressão Imaculado Coração de Maria. O que vem a ser a sapiencialidade do Coração de Maria?

O Prof. Plinio Correa de Oliveira assim nos apresenta a sabedoria da Santíssima Virgem:

A sabedoria, enquanto virtude da inteligência, nos faz ver todas as coisas pelos seus aspectos mais elevados, aqueles por onde elas mais se assemelham a Deus Nosso Senhor, ser absoluto, infinito, perfeito e eterno, que jamais poderá sofrer nenhuma alteração.

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Desprendimento e amor a Deus

A humildade é um dos importantes esteios para a perseverança do católico, como salvaguarda da virtude da pureza e da autenticidade
de qualquer ato piedoso

Plínio Correa de Oliveira

Cardeal Rafael Merry del Val

A Ladainha da Humildade, escrita pelo Cardeal Merry del Val, Secretário de Estado do Papa São Pio X, embora magnífica e de inestimável proveito para as almas, devendo ser rezada amiúde, poderia admitir certo desenvolvimento particularmente útil para os membros de nossa obra.

Contrária à visão egoísta da vida

Nesse sentido, ocorreu-me fazer uma aplicação dos mesmos conceitos enunciados pelo a um tópico que nos interessam de modo especial.

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“Só Tu esmagaste todas as heresias”

A respeito de Maria Santíssima, diz a Sagrada Liturgia: “Só tu esmagaste todas as heresias”.

Mais forte do que os modernos Césares, há uma Virgem Poderosa que esmagará o mal em nossos dias; Ela que já esmagou outrora a cabeça orgulhosa da terrível serpente.

Sua força, já o dissemos, não está no ouro nem nos canhões. Sua força está na sua caridade invencível, na sua humildade incomensurável, na sua pureza indizível.
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Plinio Corrêa de Oliveira
Revista Dr. Plinio, n. 206, Maio 2015, pg. 5