No retiro, aprende-se que o homem é criado para servir a Deus

Foto: Arautos do Evangelho

Nos ensina o fundador da Companhia de Jesus, Santo Inácio de Loyola, em seus Exercícios Espirituais, que o homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso Senhor, e, mediante isto, salvar a sua alma.

Nosso Senhor Jesus Cristo nos diz no Evangelho: “De que vale ganhar o mundo inteiro, se vier a perder sua alma?”. Continua o fundador dos Jesuítas dizendo que “as outras coisas sobre a face da terra são criadas para o homem, para o ajudar a conseguir o fim para o qual é criado.” Este é o princípio e fundamento da vida do ser humano, matéria da primeira meditação do retiro.

Durante os dias de recolhimento, o Santíssimo Sacramento fica exposto à adoração, produzindo frutos surpreendentes na vida interior dos retirantes.

Foto: Arautos do Evangelho

A cada dia, os participantes do retiro assistem a duas pregações pela manhã e a duas à tarde, seguidas por uma meditação individual.

A suma importância da prática da virtude da humildade, a consideração sobre a maldade do pecado, o perdão e a misericórdia do Sagrado Coração de Jesus e a intercessão de Nossa Senhora como nossa advogada, foram temas tratados pelo sacerdote pregador do retiro.

Foto: Arautos do Evangelho

Assim como em todo o retiro, as refeições também são em silêncio. Os participantes do retiro embora não conversavam, escutavam atentamente a leitura de temas espirituais. Os jantares são realizados à luz de velas, o que favorece ainda mais o recolhimento.

Foto: Arautos do Evangelho

Para o encerramento de um intenso dia de convívio com o sobrenatural e para agradecer as graças recebidas, realiza-se a Procissão Luminosa, onde os circunstantes rezam os mistérios gloriosos do Santo Rosário.

Durante os dias de retiro, três sacerdotes Arautos do Evangelho ficam disponíveis para atender confissões, de forma que todos os retirantes possam dispor a qualquer momento do sacramento da reconciliação.

Abaixo vídeo do retiro, de autoria do Sr. Rodrigo Freitas, um dos retirantes:

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“Pobreza em espírito”: verdadeira pobreza que conduz ao Céu

Detalhe da Ressurreição de Lázaro Pintura de Giotto

Todas as vezes que entramos em contato com um comentário de um dos Padres da Igreja a respeito dos Santos Evangelhos, sentimos um gáudio interior pela sabedoria, precisão e lucidez das suas explicações. Muito se fala hoje em pobreza, porém ela nem sempre é sinônimo de desapego aos bens terrenos e amor aos bens celestiais. Pelo contrário, é comum ver pessoas pobres que alcançam boa situação financeira esquecer do passado, deixando de lado a humildade e simplicidade de caráter, e acumulando toda espécie de riquezas materiais. Atiram-se nelas como se fosse o fim último do homem na terra. E como bem nos ensina São Paulo em suas epístolas, as criaturas estão ordenadas para a glória do Criador.

Abraão, rico em posses, foi pobre em espírito, por isso agradou tanto ao Senhor. O mesmo se pode dizer de Lázaro, amigo e discípulo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Para entender bem o significado do que é ser pobre em espírito, leiamos abaixo o comentário do Papa São Leão Magno em seu sermão sobre as Bem-aventuranças.

Liturgia das Horas 5-9-2013

Segunda leitura

Início do Sermão sobre as Bem-aventuranças, de São Leão Magno, papa

(Sermo 95,1-2: PL 54,461-462)

(Séc. V)

Imprimirei a minha lei em seu íntimo

Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o reino dos céus (Mt 5,3). Seria talvez ambíguo a que pobres se referia a Verdade, se dissesse: Bem-aventurados os pobres, sem acrescentar nada sobre a espécie de pobres, parecendo bastar a simples indigência, que tantos padecem por pesada e dura necessidade, para possuir o reino dos céus. Dizendo porém: Bem-aventurados os pobres em espírito, mostra que o reino dos céus será dado àqueles que mais se recomendam pela humildade dos corações do que pela falta de riquezas.

Liturgia das Horas de 6-9-2013

Segunda leitura

Do Sermão sobre as Bem-aventuranças, de São Leão Magno, papa

(Sermo 95,2-3: PL 54,462)

(Séc. V)

Bem-aventurados os pobres de espírito

Não há dúvida de que os pobres alcançam mais facilmente que os ricos o bem da humildade; estes, nas riquezas, a conhecida altivez. Contudo em muitos ricos encontra-se a disposição de empregar sua abundância não para se inchar de soberba, mas para realizar obras de benignidade; e assim eles têm por máximo lucro tudo quanto gastam em aliviar a miséria do trabalho dos outros.

A todo gênero e classe de pessoas é dado ter parte nesta virtude, porque podem ser iguais na intenção e desiguais no lucro; e não importa quanto sejam diferentes nos bens terrenos, se são idênticos nos bens espirituais. Feliz então a pobreza que não se prende ao amor das coisas transitórias, nem deseja o crescimento das riquezas do mundo, mas anseia por enriquecer-se com os tesouros celestes.

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Veja também: Dois senhores rivais: Deus e o dinheiro

Dois senhores rivais: Deus e o dinheiro

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

O Divino Mestre nos coloca diante de dois senhores diametralmente opostos no que concerne aos seus respectivos interesses: Deus e o dinheiro. O primeiro nos exige a crença n’Ele e em Suas revelações, a esperança em Suas promessas, com amor total, além da prática da castidade, da humildade, como também do cortejo de todas as virtudes. O dinheiro cobra de nós, e nos inspira ambição, volúpia de prazeres, vaidade, orgulho, menosprezo do próximo, etc.

Um nos dá forças para praticar o bem e a este inclina nossas paixões, enquanto o outro nos arrasta para o mal e nele nos vicia. O Céu e sua eterna felicidade constituem o estímulo para os esforços exigidos por um dos senhores. A terra e seus prazeres fugazes são os atrativos oferecidos pelo outro.

Esses dois senhores não admitem rivais. O pior rival do dinheiro é Deus, e vice-versa. Por isso, a desgraça do rico que entrega seu coração aos bens da terra consiste em buscar em vão sua felicidade neles; e a desgraça do pobre, em iludir-se com a pseudofelicidade oferecida pelas riquezas.

É preciso ter sempre diante dos olhos o quanto são opostos entre si, Deus e o mundo. Por isso, não queiramos servir a ambos ao mesmo tempo: “Não vos sujeiteis ao mesmo jugo com os infiéis. Que união pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que sociedade entre a luz e as trevas? E que concórdia entre Cristo e Belial? Ou que de comum entre o fiel e o infiel? E que relação entre o templo de Deus e os ídolos? Porque vós sois templos de Deus vivo” (2 Cor 6, 14-16).

Excerto do Artigo: “Pode-se servir a Deus e às riquezas?” Mons. João Clá Dias, EP., Revista Arautos do Evangelho nº 77, maio de 2008.