O poder da oração pertinaz!

XVII Domingo do Tempo Comum

Com insuperável beleza literária, neste domingo, Jesus não só nos ensina a bem rezar, como nos indica os meios de tornar infalível nossa oração, incentivando-nos a uma confiança sem limites em suas divinas palavras

Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP

A oração de Jesus

Jesus ora ao Pai enquanto homem

Um grande mistério e divino exemplo eram as orações de Jesus ao Pai. Como explicar a atitude do Homem-Deus rogando ao Pai por tantas intenções, se Ele mesmo é onipotente e, sobretudo, sendo Eles iguais entre Si? Não parece um tanto contraditório Deus pedir a Deus um auxílio para Si próprio? Não seria mais adequado Ele diretamente tornar efetivos seus anseios, ao invés de orar?

Essas dúvidas e muitas outras se desfarão se meditarmos sobre um comentário feito pelo Santo Patriarca Hesíquio de Jerusalém.1 Diz-nos este autor que, desde toda eternidade, o Filho desejava poder dirigir-se ao Pai enquanto inferior, mas era-Lhe impossível realizá-lo, pois, segundo nos explica a Teologia com base na Revelação, as Pessoas da Santíssima Trindade são iguais entre Si. Por sua vez, também o Pai desejava doar algo ao Filho, mas através de que meio, se Eles são idênticos?

Maria resolveu essa questão com o seu fiat, permitindo ao Filho fazer-Se Homem. Era de dentro de sua natureza humana que Jesus elevava sua mente a Deus e exprimia os desejos de seu Sagrado Coração, rogando fossem eles concretizados. Ou seja, nunca Jesus rezou enquanto Deus — e nem teria sentido, aliás, Ele assim proceder — mas sempre o fez como homem, pois sabia que certas graças não seriam jamais obtidas senão por meio de seus pedidos, por isso “Ele andava retirado pelas solidões e a orar” (Lc 5, 16).

Exemplo insuperável de oração

Jesus foi para nós um exemplo insuperável da realização de seu próprio conselho: “Oportet semper orare et non deficere — Importa orar sempre e não deixar de o fazer” (Lc 18, 1). É preciso rezar como se respira, e portanto, em nenhum momento perder o fôlego nem o ânimo. A oração unida à de Jesus e feita por sua intercessão, é infalível: “Em verdade, em verdade vos digo que, se pedirdes a meu Pai alguma coisa em meu nome, Ele vo-la dará” (Jo 16, 23).

 Se assim é, pode nossa oração ser realizada sempre de maneira incondicional? Não, os bens temporais, na medida de sua utilidade para nossa salvação, devem ser pedidos segundo a vontade de Deus. Nosso Senhor também a esse respeito nos deu exemplo, ao rogar: “Meu Pai, se é possível, que passe de Mim este cálice! Todavia, não se faça como Eu quero, mas sim como Tu queres” (Mt 26, 39). Ele havia por diversas vezes anunciado sua própria morte e até mesmo a forma de suplício pela qual passaria, e claramente sabia também que seu pedido não seria atendido. Entretanto, com toda antecedência, Ele externou esse anseio para deixar-nos claro o quanto é legítimo exprimirmos nossa dor, manifestando o desejo de que ela termine, mas sempre em conformidade com a vontade de Deus.

A oração infalível de Jesus sacerdote

Haverá orações que devem ser incondicionais?

Sim, as graças claramente necessárias para a nossa salvação não podem ser pedidas de maneira condicional. Também quanto a essa forma de rezar, deu-nos exemplo Nosso Senhor. E, aqui sim, suas orações proferidas de maneira absoluta, jamais deixaram de ser atendidas, segundo no-lo explica São Tomás de Aquino.2 Por exemplo, ao rezar por Pedro: “Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos” (Lc 22, 32). Foi pelos frutos dessa oração de Jesus que Pedro perseverou, se santificou e chegou ao seu belíssimo martírio. E certamente será por essa mesma causa que o Sucessor de Pedro confirma na fé todos os fiéis.

Antes de ressuscitar Lázaro, “levantando os olhos ao Céu, disse: Pai, dou-te graças por me teres ouvido. Eu bem sei que me ouves sempre…” (Jo 11, 41-42). Eis uma pequena amostra do infalível poder da oração de Jesus.

E alegremo-nos porque a esse propósito São Tomás de Aquino nos ensina o seguinte: “Como a oração pelos outros provém da caridade, quanto mais perfeita é a caridade dos santos que estão na Pátria, mais rezam por nós, para ajudar-nos em nossa viagem; e quanto mais unidos estão a Deus, mais eficaz é sua oração… Por isto se diz de Cristo: o que ressuscitou… é quem intercede por nós”.3 Jesus é eternamente Sacerdote, e a principal função do ministério sacerdotal é a de interceder junto a Deus pelo povo a ele confiado; e assim como, no Céu, os Santos, os Anjos e a própria Santíssima Virgem pedem a Deus a aplicação dos méritos da Paixão de Jesus às almas, da mesma forma Ele também continua a rezar por nós. Jesus em corpo e alma salva “perpetuamente os que por Ele se aproximam de Deus” (Hb 7, 25). Que grande esperança e conforto para nós!

Esta introdução nos auxiliará a melhor acompanharmos o Evangelho de hoje.

O Pai Nosso

1 Estando Ele a fazer oração em certo lugar, quando acabou, um
dos seus discípulos disse-Lhe: “Senhor, ensina-nos a orar, como
também João ensinou aos seus discípulos”.

Tal qual afirma São Cirilo,4 Jesus demonstra o quanto Lhe é própria a oração e com isso nos ensina como não devemos exercitá-la com preguiça, mas sim com toda piedade e atenção. Entre os discípulos de Jesus, estavam alguns que o haviam sido também de João. Por esta narração de São Lucas, percebe-se o grande valor atribuído por eles às ações do Mestre, reforçado pelo comportamento de seu Precursor a esse respeito. Fundamental é o papel do exemplo. Da admiração a um e a outro nasceu na alma dos discípulos o desejo de bem rezar. Quão grande é a responsabilidade dos que ensinam! Mais eficaz se torna a palavra saída dos lábios de quem é modelo vivo de sua própria didática, pois não basta saber explicar, sobretudo é preciso ser.

2 Ele respondeu-lhes: “Quando orardes, dizei: ‘Pai, santificado
seja o teu nome. Venha o teu Reino’”.

São Mateus nos transmite uma forma mais extensa para esta Oração Dominical (cf. Mt 6, 9-13), criando para alguns autores um problema de critério: seriam duas maneiras diferentes de rezá-la ou uma só? Para uns, a original é a de Lucas e, neste caso, Mateus a teria ampliado. Para outros, ter-se-ia dado o inverso, ou seja, Lucas julgou melhor sintetizá-la. Analise-se como quiser, é compreensível que, por seu caráter pedagógico, muito provavelmente Jesus a tivesse repetido várias vezes, sobretudo por ter querido deixar-nos um modelo perfeito de oração.

Se bem não haja o menor inconveniente em nos utilizarmos de longas orações, quis Jesus conceder-nos uma fórmula breve e universal, contendo logo de início um louvor a Deus que d’Ele aproxima quem reza, a fim de tornar solícita a audição das petições a serem feitas. Pela introdução da Oração Dominical nos é fácil perceber o quanto Deus é também sensível a uma “diplomacia” religiosa. Desejar a santificação do nome de Deus, não é senão querer que todos os homens O conheçam, adorem e sirvam com perfeição. E trata-se aqui de um nome sobre todos os nomes: “Pai”.

É de se notar a diferença de significado desta palavra Pai, entre o Antigo e o Novo Testamento. Até então, a referência à paternidade de Deus era um tanto metafórica, considerando-O como o Criador e com vistas a realçar sua providência sobre o povo judeu. A partir da Encarnação, esse termo revestiu-se de uma realidade profundíssima, quer pela natureza humana de Jesus, quer pela divina. E também no que toca a nós, batizados, pois, como afirma São João, somos filhos de Deus, “e realmente o somos” (I Jo 3, 1). Por isso Nosso Senhor usava a expressão “meu Pai” — nesta ora ção, somente “Pai” na versão de São Lucas, ou “Pai nosso”, segundo São Mateus — com relação à verdadeira paternidade de Deus e filiação divina de todos os batizados. E o próprio Jesus nos advertiu: “A ninguém chameis pai sobre a Terra, porque um só é o vosso Pai, Aquele que está nos Céus” (Mt 23, 9).

Ora, o Batismo não só imprime em nossas almas o caráter de cristão e nos faz reais filhos de Deus pela graça, mas também nos introduz no Reino de Deus, cuja plena participação de corpo e alma gloriosos se dará após o Juízo Final: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo” (Mt 25, 34). Assim, o que era metáfora no Antigo Testamento tornou-se realidade com a Redenção.

3 “‘O pão nosso de cada dia dá-nos hoje…’”


Muitos autores do passado, em especial os Padres da Igreja, consideravam ser esta petição relativa à Eucaristia; hoje, porém, sem negar essa interpretação, admite-se ser ela mais especialmente voltada para se obter o alimento material.

4 “‘…perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós
perdoamos a todos os que nos ofendem; e não nos deixes cair em
tentação’”.

Comentando este versículo, São João Crisóstomo nos põe diante de uma situação inegável: “Conhecendo nós isto, devemos dar graças a nossos devedores, porque são para nós (se sabemos conhecê-lo assim) a causa de nosso maior perdão, e dando pouco, alcançamos muito; porque nós temos muitas e grandes dívidas para com Deus, e estaríamos perdidos se Ele nos pedisse uma pequena parte delas”.5

Sobre as tentações, pondera Orígenes: “Deus não quer impor o bem, Ele quer seres livres… Para alguma coisa a tentação serve. Todos, com exceção de Deus, ignoram o que nossa alma recebeu de Deus, até nós mesmos. Mas a tentação o manifesta, para nos ensinar a conhecer-nos e, com isso, descobrir-nos na miséria e nos obrigar a dar graças pelos bens que a tentação nos manifestou”.6

O amigo inoportuno

Retrocedamos dois mil anos de História, e analisemos de perto uma caravana avançando pelo deserto, sobre asnos ou camelos, em pleno dia ensolarado de tórrido verão. Poeira, sede, calor e cansaço são os companheiros a cada passo, tornando muito penosos os translados. Esta era uma das razões pelas quais os orientais muitas vezes preferiam os deslocamentos noturnos, invertendo o período do sono.

Pelo contrário, o inverno oferece condições mais agradáveis para viagens diurnas: o Sol aquece suavemente, o desgaste físico é menor e a necessidade de água não tão frequente. A parábola de hoje se verifica numa noite de verão.

Aqueles tempos possuíam costumes bem mais simplificados em relação aos atuais e, sem aviso prévio, um amigo podia se apresentar à porta a qualquer hora do dia ou da noite. Caso a visita se desse durante o horário do sono, bastava estender uma esteira num canto da sala, que o hóspede ficaria muito contente. Se sua fome fosse considerável, sobretudo no caso de não haver jantado, alguns pães com azeite de oliva e especiarias, eram suficientes para torná-lo alegre e satisfazer-lhe o apetite.

As casas não eram grandes e nem com muitos cômodos. Em geral, toda a família se deitava na própria sala de visitas, cuja porta dava acesso direto à rua. Não imaginemos uma sequência de camas, mas sim esteiras ou tapetes estendidos ao solo, com leves colchas. Portanto uns golpes à porta, ainda quando suaves, facilmente despertavam quem junto a ela dormia.

É de dentro dessa moldura que devemos assistir à cena narrada pelo Salvador.

5 Disse-lhes mais: “Se algum de vós tiver um amigo, e for ter com ele à meia-noite para lhe dizer: ‘Amigo, empresta-me três pães, 6 porque um meu amigo acaba de chegar à minha casa de uma viagem e não tenho nada que lhe dar…’”

Jesus sempre se apoia em fatos comuns e frequentes da vida cotidiana para fazer entender aos seus ouvintes as profundas verdades da Fé.

Portanto, o caso contido nestes versículos 5 a 8 provavelmente já se havia dado com vários dos circunstantes. Devido à inteira organicidade do modo de ser daquela civilização, as pessoas procuravam aproveitar a luz do dia para seus afazeres e, quanto ao repouso, utilizavam para dormir as horas que iam desde o declínio ao nascer do sol. Por volta das nove da noite, o silêncio penetrava em todos os lares, chegando ao auge no período de meia-noite às três horas da madrugada.

O “amigo” dessa parábola chega justamente na hora mais incômoda: é muito tarde para deitar-se e terrivelmente cedo para acordar. Mas, o inconveniente maior desse acontecimento estava no fato de não ter sobrado pão na despensa do anfitrião e a essas alturas não era mais possível matar um animal para levá-lo às brasas… A única saída era recorrer às reservas do vizinho.

O vilarejo inteiro se encontra submerso em profundo sono mas, logo às primeiras batidas, o dono da casa desperta e, sem se mover de sua esteira, ouve a demanda. Tratava-se de conceder três pães para quem estava à porta. Sobre o porquê de serem três, várias hipóteses tecem os autores, procurando atribuir sentidos simbólicos a este número. Na realidade, segundo os costumes da época, os pães tinham um tal tamanho que três faziam uma refeição normal de um adulto.

7 “…e ele respondendo lá de dentro, disser: ‘Não me incomodes,
a porta está agora fechada, os meus filhos e eu estamos deitados
— não me posso levantar para tos dar’”.

A situação descrita é constrangedora. Não se sabe de quem se deve ter mais pena, se do anfitrião ou do pai de família. Reportando-nos aos costumes de então, não cabe dúvida estar este último numa posição de maior incômodo, pois todos os seus se encontravam alinhados nos respectivos leitos e, para chegar à despensa, sem luz elétrica, ele precisaria despertar cada um ou, eventualmente, pisar sobre este ou aquele… Portanto, era conveniente levantarem-se todos para executar tal operação. Ora, com um tal diálogo a altas vozes, não deveria haver um só na posse de seu sono a essas alturas. Faltava, aos vizinhos já despertos, somente boa vontade.

Tratava-se, da parte destes, de mais um caso típico de mescla de preguiça com egoísmo, aí sim, característica de todas as épocas. Entretanto, torna-se claríssimo pela parábola que, apesar de sua má vontade, o pai de família acabou por se levantar, devido à importuna insistência de seu vizinho, disposto a entregar a este quantos pães quisesse.

8 “Digo-vos que, ainda que ele não se levantasse a dar-lhos por
ser seu amigo, certamente pela sua impertinência se levantará e
lhe dará tudo aquilo de que precisar”.

Jesus quer nos convencer sobre a importância da perseverança na oração. Ademais, ensina-nos a não termos timidez ou receio em nossos pedidos a Deus. Evidentemente, no relacionamento humano, as regras de etiqueta e boa educação devem ser observadas sempre. Porém, não se pode ter a menor retração ao entrarmos em conversação com Deus. Neste caso as normas de polidez são contraproducentes, pois Ele quer a ousadia de nossa parte, Ele deseja ser importunado por nós e fará por nós muitíssimo mais do que o pai de família fez por seu vizinho.

De fato, Deus jamais se cansa e nem pode ser incomodado, não dorme e nem faz esforços para se despertar, e está com as portas sempre abertas para nos atender, pronto a nos ouvir durante as vinte e quatro horas do dia. Nunca se irrita e, muito pelo contrário, se alegra com nossa insistência. Quando nossa obstinação atingir o grau máximo de importunidade, aí te remos triunfado em nossa oração.

9 “Eu digo-vos: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei,
e abrir-se-vos-á. 10 Porque todo aquele que pede, recebe; quem
procura, encontra; e ao que bate, se lhe abrirá”.

As metáforas contidas nestes versículos confirmam nossa fé no grande e infalível poder da oração. São o resumo de uma lei sobrenatural, síntese da infinita misericórdia do Sagrado Coração de Jesus, e infundem em nossas almas a segurança feita de luz, serenidade e paz.

11 “Qual de entre vós é o pai que, se um filho lhe pedir pão, lhe
dará uma pedra? 12 Ou, se lhe pedir um peixe, em vez de peixe,
lhe dará uma serpente? Ou, se lhe pedir um ovo, porventura dar-
lhe-á um escorpião? 13 Se pois vós, sendo maus, sabeis dar boas
coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o
Espírito Santo aos que Lho pedirem”.

Se os pais nesta Terra de exílio, imperfeitos como são, jamais desejam o mal para seus respectivos filhos e sempre procuram dar-lhes do bom e do melhor, quanto mais Deus, o Bem substancial, no trato com aqueles a quem criou.

Conclusão

A Liturgia de hoje condensa em poucos versículos um verdadeiro tratado da oração. Nós devemos rezar sempre. Se Deus nos atende imediatamente, com alegria saibamos agradecer-Lhe, aproveitando-nos de sua infinita paternalidade. Caso nos submeta à prova da demora, jamais devemos desanimar, pois o viajante obteve sem tardança e dificuldade o alimento e hospedagem de que necessitava, devido à amizade de seu anfitrião; e este, por sua pertinaz insistência, conseguiu os pães indispensáveis para atender a seu hóspede.

Enfim, tanto um quanto outro sairiam bem melhor servidos se pudessem ter recorrido a Maria, Mãe de Misericórdia, Medianeira de todas as graças. ♦

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O Inédito sobre os Evangelhos. Vol 06. XVII Domingo do Tempo Comum.
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1) Cf. JOURDAIN, Zéphyr-Clément. Somme des grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900, t.I, p.56-57.
2) SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. III, q.21, a.4.
3) Idem, II-II, q.83, a.11
4) Cf. SÃO CIRILO, apud SÃO TOMÁS DE AQUINO. Catena Aurea. In Lucam, c.XI, v.1-4.
5) SÃO JOÃO CRISÓSTOMO, apud SÃO TOMÁS DE AQUINO, Catena Aurea, op. cit.
6) ORÍGENES. De Oratione, XXIX, n.15.17: MG 11, 541.

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