“Noite feliz, noite feliz. Ó senhor, Deus de amor. Pobrezinho nasceu em Belém. Eis na lapa, Jesus nosso bem. Dorme em paz, ó Jesus…”
Pe. Antônio Guerra, EP. Assistente Espiritual do Apostolado do Oratório
Assim começa o mais conhecido cântico de Natal da atualidade, composto originalmente em alemão e traduzido para incontáveis idiomas. É noite, noite fria, noite de inverno, noite silenciosa. Na cidade agora deserta, as poucas réstias de luz provêm do aconchegado interior das casas, filtradas por portas e janelas tão bem fechadas quanto possível à pobreza do lugar.
Nunca houve, nem haverá jamais, alma alguma que consiga amar a Deus tanto quanto O ama sua Mãe Santíssima. Vaso de eleição, cúmulo de todas as perfeições possíveis, foi Ela dotada de uma capacidade de amar que excede a humana compreensão
Adoremos ao Senhor, na escola de Maria
São Luís Maria Grignion de Montfort ensina que, fazendo recair num só filho o amor de todas as mães da História, não atingiríamos, nem de longe, o que Ela tem por cada um de nós.
Qual será, então, a imensidão do amor d’Ela ao seu Filho perfeitíssimo, o próprio Deus Encarnado?
Muito melhor do que um estudo, uma compilação de trabalhos acadêmicos, etc, sobre os efeitos da graça de Deus nas almas, é ouvirmos o testemunho real e direto de quem a recebeu
SALVE MARIA!
Meu nome é Karine, tenho 23 anos, moro no distrito de Iguatemi, na cidade de Maringá no Paraná. Meu relato hoje é uma breve declaração do amor e providência divinos, de que venho sendo objeto dia após dia, com a chegada do Oratório em minha vida…
Minha caminhada na Igreja começou muito cedo. Sou filha de pais cristãos e sempre fui às Missas e fiz catequese. Porém sempre de forma bem superficial, muitas vezes sem entender muito, sem conseguir aplicar tantos ensinamentos em minha vida.
Uma nova era na espiritualidade do gênero humano se inicia publicamente com o milagre das Bodas de Caná. Além de conferir ao casamento um altíssimo significado, Jesus inaugura a mais excelente via para se obter o perdão e a graça: confiar na mediação e na onipotência suplicante de Maria
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
Depois de chamar os cinco primeiros seguidores, quis o Mestre operar algo para confirmá-los na Fé. Foi provavelmente por essa razão que Jesus “manifestou sua glória”, efetuando seu primeiro milagre nas Bodas de Caná (Jo
2, 11). E assim procedeu devido a uma suave e afetuosa súplica de sua Mãe.
O Evangelho ressalta o importante papel de intercessora de Maria. Jesus estava iniciando sua missão pública e desejava fundar a Igreja com vistas à santificação de todos. Ora, a célula mater da estruturação social sempre foi, e nunca deixará de ser, a família. Nas Bodas de Caná, segundo a interpretação de famosos teólogos e exegetas, Jesus quis reafirmar a importância conferida pela sociedade antiga à união conjugal e santificá-la, preparando assim as vias para dar-lhe um caráter sacramental.
A súplica onipotente de Maria
A História nada registra sobre a origem das relações entre a Sagrada Família e os nubentes, nem sequer por que Jesus e Maria foram convidados para a festa. Os detalhes perderam-se pelo caminho, talvez por desígnio de Deus, a fim de concentrar a atenção dos séculos futuros na tão paradigmática festa das núpcias de Caná. Ali está simbolizado o lar católico como deve ser, e indicada a conduta a seguir face aos problemas e dificuldades da vida. Ali está prefigurada a família cristã assistida por Cristo, através da intercessão de Maria.
A partir desse episódio, todos os cônjuges, até o fim do mundo, devem firmar-se na certeza de que Jesus solucionará qualquer drama ou aflição, se invocarem a onipotente mediação de Maria.
Por intercessão de Maria
E foi numa festa nupcial que, a pedido de sua Mãe, Jesus quis realizar seu primeiro milagre, para assim tornar patente aos olhos do mundo o quanto o matrimônio deve ser tomado como uma via de santificação. Maria já se encontrava nas bodas quando chegaram Jesus e seus discípulos. Jesus operou a transformação da água em vinho por intercessão de Maria, para nos inculcar a convicção de que, apesar de não haver chegado a hora, por uma palavra dos lábios da Mãe, Ele nos atenderá. Eis que em Caná abriu-se uma nova era na espiritualidade do gênero humano, com a inauguração de um especial regime da graça.
Ademais, em Caná, Maria nos ensina algo muito importante. Numa análise superficial, parece inexplicável a atitude de Nossa Senhora, pois, apesar da negação de Jesus, Ela ordena aos criados fazerem tudo quanto Este lhes dissesse. Não havia Ele dito que não chegara ainda sua hora? Fica, portanto, em quem lê o Evangelho, a impressão de Maria não ter feito caso dessa resposta negativa.
Esclarecem-nos os teólogos ser esta atitude de Maria uma excelente lição para nós. Nem todas as determinações de Deus são absolutas. Há algumas que são condicionadas às nossas orações. Se Maria não tivesse recomendado aos serventes que agissem de acordo com as orientações de Jesus, os noivos e seus convidados não teriam tomado o melhor dos
vinhos da História, nem os Apóstolos assistido a tão grandioso milagre.
Em Caná, aprendemos de Maria o quanto Deus quer as nossas orações e a nossa colaboração em sua obra. Devido a esse sublime papel de medianeira e de onipotência suplicante da Santíssima Virgem, que se inicia publicamente nas Bodas de Caná, talvez pudéssemos dividir a História da espiritualidade em duas grandes eras: antes de Maria e depois de Maria.
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Na passagem de Maria Santíssima deste mundo para a eternidade vislumbramos desde já o que nos acontecerá no Juízo Final, caso venhamos a morrer em estado de graça
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
A Santa Igreja Católica, ao comemorar a Solenidade da Assunção de Maria Santíssima, compõe a Liturgia com um objetivo definido, sintetizado na Oração do Dia:
“Deus eterno e todo-poderoso, que elevastes à glória do Céu em corpo e alma a Imaculada Virgem Maria, Mãe do vosso Filho, dai-nos viver atentos às coisas do alto, a fim de participarmos da sua glória”.1
Nossa condição humana, tão cheia de lutas e de dramas, e ao mesmo tempo de graças, tende a voltar-se para as realidades concretas que nos cercam – saúde, dinheiro, relações, etc. –, esquecendo-se das maravilhas sobrenaturais, quando na verdade sua contemplação é essencial para nos tornarmos partícipes da glória de Nossa Senhora. Sinal da importância de nos atermos em primeiro lugar aos bens do alto é que eles nos serão concedidos por todo o sempre, se nos salvarmos.
A exemplo de Maria
Na passagem de Maria Santíssima deste mundo para a eternidade vislumbramos desde já o que nos acontecerá no Juízo Final, caso venhamos a morrer em estado de graça. Todos nós partiremos desta vida. E quanto tempo mediará entre a morte e a ressurreição? Não importa, pois a ressurreição certifica a onipotência divina. Pela simples lembrança de que morreremos, seremos sepultados e esperaremos até sermos ressuscitados de forma gloriosa, a ponto de adquirirmos um corpo espiritualizado, já antegozamos esse momento de extraordinária beleza em que triunfaremos, como Nossa Senhora no dia da Assunção.
Júbilo na eternidade
Que gáudio incomparável experimentaram todas as almas bem-aventuradas quando Nossa Senhora ali entrou em corpo e alma!
Embora seu Divino Filho já estivesse ressurrecto na companhia dos eleitos, o fato de unir-Se a eles, sendo a mais bela, elevada e santa das puras criaturas, foi um surto de consolação para quantos aguardavam a ressurreição de seus corpos.
(acima: Dormição de Nossa Senhora (Catedral de Notre-Dame, Paris)
A coroação da Santíssima Virgem
Tendo Nossa Senhora completado sua missão, bem podemos imaginar como foi seu triunfo no Céu: as três Pessoas da Santíssima Trindade A receberam e A glorificaram. Coroada pelo Pai, que Lhe conferia o poder impetratório e depositava em suas mãos o governo da criação, Maria Santíssima passou a ser a administradora dos tesouros divinos;
um suspiro d’Ela é capaz de mover a vontade do Criador. O Filho, a Sabedoria Eterna e Encarnada, Lhe deu toda a sabedoria, e o Espírito Santo, enquanto seu Esposo, Lhe concedeu a faculdade de santificar as almas.
Um caminho de luz é aberto a todos
A Assunção de Maria nos abre grandes portas e um caminho florido e cheio de luz, no que diz respeito à salvação eterna. Diante do penhor de nossa ressurreição, que nos é dado pelo mistério da Assunção de Maria Santíssima, deveríamos nos considerar mutuamente uns aos outros segundo esse ideal, como se estivéssemos já ressurrectos, pois acima do abatimento e das provações desta vida brilha a esperança da glorificação para a qual rumamos.
Vivamos buscando os bens do alto, e que nosso pensamento acompanhe o trajeto seguido por Maria Virgem. Voltemo-nos para o trono d’Ela, e assim receberemos graças sobre graças para estarmos sempre postos nesta via que nos conduzirá à ressurreição feliz e eterna, quando recuperaremos os nossos corpos em estado glorioso.
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1) Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Oração do Dia. In: MISSAL ROMANO (edição brasileira da CNBB). 9.ed. São Paulo: Paulus, 2004, p.638.
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