Também nós devemos estar dispostos a fazer o papel de servo

Quinta-feira Santa

Por mais que possamos encontrar dificuldades temperamentais ou inconveniências no relacionamento com os outros, devemos imitar Jesus, tratando cada um de nossos irmãos como Ele tratou Judas no lava-pés

Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP. Fundador dos Arautos do Evangelho

11 Jesus sabia quem O ia entregar; por isso disse: “Nem todos estais limpos”.

Está claramente afirmado neste versículo que todos, menos um, estavam na graça de Deus. Um ali era traidor, mas, mesmo a este, Jesus estava disposto a perdoar! Daí esta insinuação, que era, como bem a propósito sublinha o padre Truyols, “uma delicada alusão a Judas, um último convite do Bom Pastor à ovelha desgarrada”.21

Se, naquele momento, ele tivesse tido pelo menos um movimento de alma de arrependimento, e pedido interiormente perdão, sua história teria sido outra. “Como, porém, estava já muito endurecido no mal, permaneceu insensível à advertência”,22 observa Fillion.

Desde toda a eternidade tinha visto Nosso Senhor essa recusa de Judas, e naquele momento estava comprovando-a enquanto homem.

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Jesus convive conosco

Pe Antonio Guerra
Pe. Antônio Guerra

Imaginemos alguém que tivesse presenciado, com enlevo, os milagres de Jesus – aqui a multiplicação dos pães e dos peixes, ali a cura de um paralítico, acolá o andar sobre as águas do mar da Galileia. E ainda mais, a ressurreição de mortos: a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim, e Lázaro, que já estava no sepulcro havia quatro dias…

E tivesse ouvido as palavras do Mestre com as quais Ele ensinava e atraía as multidões. Enfim, pensemos em alguém que tivesse convivido com Ele, testemunhando sua infinita bondade refletida no olhar e na voz.

Essa mesma pessoa, ao vê-lo elevar-se aos Céus, no dia da Ascensão, bem poderia sentir um aperto no coração e se perguntar: “Mas, então tudo vai acabar? Os homens nunca mais poderão conviver com Ele?”.

Se é normal que o coração sinta a ausência de um ente querido, o que dizer em relação ao próprio Deus? Assim, o firmamento, a natureza, o gênero humano, talvez até mesmo os Anjos repetiam a súplica dos discípulos de Emaús: “Ficai conosco!” (Lc 24, 29).

Também da parte de Jesus havia o desejo de nunca mais se separar daqueles com os quais condescendeu em contrair uma relação especial. O amor do Criador pelas criaturas é infinitamente maior do que o destas para Deus. Ele, portanto, desejava ficar conosco. Mas como se faria essa maravilha?

Nem todos os Anjos e todos os homens reunidos conseguiriam encontrar a solução apresentada. Só mesmo o Homem-Deus poderia excogitar a Sagrada Eucaristia. Só Ele poderia realizar para nós tal milagre, e com todo o amor, a ponto de também ter ansiado a hora em que pudesse torná-la realidade. “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer” (Lc 22, 15) — confidenciou-lhes
na Santa Ceia.

A festa de Corpus Christi vem comemorar esse incomparável dom feito a nós, o místico convívio com o próprio Jesus, cumulando de méritos nossa fé, ao contemplarem nossos olhos aquele pão e vinho consagrados, mas que na realidade, substancialmente, são o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de nosso Redentor. Ele penetra, em nosso interior, para nos aconselhar, confortar e santificar. Numa palavra: para conviver conosco.

Pe. Antônio Guerra, EP
Assistente Espiritual do Apostolado do Oratório