A vigilância: uma esquecida virtude?

I Domingo do Advento

Ao se iniciar o Ano Litúrgico, o Divino Mestre nos exorta a termos sempre diante dos olhos o fim último para o qual fomos criados e a estarmos preparados para o encontro com o Supremo Juiz. Para tal é indispensável a prática de uma virtude muitas vezes esquecida ou menosprezada: a vigilância


I – Fundamental virtude da vigilância

Ao contemplar a natureza, seja no campo aberto, ou no interior de uma floresta, chamam-nos a atenção certos aspectos, dos quais podemos haurir uma lição para nossa vida espiritual. Vemos, por exemplo, o voo de um pássaro levando no bico um graveto a fim de construir o ninho para colocar os ovos e perpetuar sua espécie. Aquilo é feito com a precisão de um marceneiro ― apenas por instinto e não por ter inteligência ―, uma verdadeira obra de arte. Imaginemos, então, que essa ave recebesse uma alma, não como o principium vitæ que vegetais e animais têm, mas uma alma imortal como a do homem, que subsiste mesmo quando separada do corpo pela morte. Em tal caso, caberia ao pássaro considerar mais valioso o ninho que ele está armando ou a existência eterna de sua nova alma? A segunda opção é evidente. Sem deixar de fazer o ninho, ele deveria concentrar a primeira preocupação no seu destino sempiterno.

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Dez curas e um milagre

XXVIII Domingo do Tempo Comum

Compadecido dos sofrimentos físicos de dez leprosos, quis Nosso Senhor conceder-lhes a cura miraculosa que tinham pedido confiantes. Mas, como apenas um deles exprimiu sua gratidão, só este foi favorecido com o milagre mais importante

Monsenhor João S. Clá Dias, EP, Fundador dos Arautos do Evangelho e do Apostolado do Oratório


Duas classes de milagre: do corpo e do espírito

Na época de Nosso Senhor, o leproso, devido à falta de recursos médicos que possibilitassem o seu tratamento — carência que se prolongou por muitos séculos —, era um pária desprezado pela sociedade. Uma vez detectada a enfermidade, era ele apresentado ao sacerdote que, após um minucioso exame, o declarava legalmente impuro mediante um cerimonial apropriado. Se é verdade que ele não era deportado para uma ilha, segundo o costume adotado em tempos posteriores, deveria, contudo, ausentar-se da cidade, do convívio humano e viver isolado no campo. Obrigavam-no, ademais, a utilizar uma veste característica para anunciar a situação de excomunhão social em que se encontrava e a seguir certas normas, como a de se deslocar tocando uma campainha para indicar sua presença, de forma que as pessoas abrissem caminho, evitando o risco de contaminação pelo contato ou pela simples cercania.

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Nossa Senhora do Rosário, uma festa de glória!

Uma das linhas mestras da piedade de Dr. Plinio era promover a glória da Santa Mãe de Deus. Por ocasião da festa de Nossa Senhora do Rosário, Dr. Plinio manifesta um de seus mais entranhados desejos

Nós devemos festejar a data que a Igreja dedica a Nossa Senhora do Rosário com um empenho especial pela simples razão de que o Rosário é um dos símbolos mais característicos da piedade cristã.

Houve tempos em que ele pendia dos hábitos de quase todos os religiosos, ele estava no bolso de todas as pessoas católicas, inúmeras eram as pessoas que eram enterradas com ele nas mãos.

Quando se queria simbolizar a piedade, este símbolo era o Rosário.

De maneira que nós devemos olhar para esta festa do Rosário cheios de esperança, e pedir a Nossa Senhora, que ajudou aos cristãos vencerem a Batalha de Lepanto, que nos conceda a graça da vinda do Reino d’Ela, que será também o Reino do Rosário.

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Como enfrentar as desilusões?

Comentário ao Evangelho do XXVII Domingo do Tempo Comum

Ao longo da existência nos deparamos com situações imprevistas que podem levar ao desânimo. Só na fé robusta encontraremos força para enfrentá-las

Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP, Fundador dos Arautos do Evangelho e do Apostolado do Oratório

O ser humano quer relacionar-se com os demais

Imaginemos um homem punido com o isolamento, preso na masmorra de uma longínqua torre, convencido de estar inteiramente afastado de tudo e de todos. Nessa triste situação, sem a mínima possibilidade de comunicação com qualquer pessoa, vê passarem-se os dias…

Certa tarde de calor, porém, deita-se no chão e ouve, de repente, um rumor de vassoura em plena atividade. Surpreendido, aproxima-se da parede, coloca ali o ouvido e, percebendo pelos ruídos tratar-se da presença de alguém do lado oposto, dá algumas pancadas no muro. A resposta chega de imediato. É outro pobre preso que sofre de igual problema: isolado, deseja entrar em contato com alguém a quem possa transmitir suas aflições e que o entenda naquela infeliz situação. Depois de muitas batidas descobrem que, falando junto ao ralo da cela, conseguem se fazer ouvir um ao outro e, a partir daí, começa um verdadeiro relacionamento entre ambos os cativos, causando-lhes imensa consolação. Pois, o isolamento absoluto que era o maior tormento daquele cativeiro, por ferir o instinto de sociabilidade, de alguma forma, tinha-se rompido com o estabelecimento desse rudimentar modo de comunicação.

Essa singela história nos ilustra a necessidade intrínseca ao homem de entrar em contato com seus semelhantes.

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Maria Santíssima: Rainha a dois títulos


Nossa Senhora é Rainha porque é Mãe de Deus. Ninguém teve, nem pode ter, com a Santíssima Trindade uma união mais estreita do que Ela

Plínio Corrêa de Oliveira

A Santíssima Virgem é, por excelência, a Filha do Padre Eterno, a Mãe do Verbo Encarnado e a Esposa do Espírito Santo, que gerou n’Ela Nosso Senhor Jesus Cristo.

Além disso, Ela é Rainha porque a Providência colocou o governo de todas as criaturas nas mãos d’Ela. Quer dizer, sendo a Medianeira de todas as graças, as orações que sobem a Deus devem passar por Ela. Se o Céu inteiro pedisse algum favor sem Ela, não obteria. Maria Santíssima pedindo sozinha obtém.

Isto é ser Rainha, na maior força do termo. ♦


(Extraído de conferência de 31/5/1969)

A coroação de Nossa Senhora no Céu

Nossa Senhora sabia o dia da sua Assunção e que, imediatamente após sua ressurreição, seria elevada pelos Anjos ao Céu. Ela estava na plenitude de sua santidade, sua alma santíssima, que durante toda sua existência terrena não deixou um instante de progredir de um modo perfeitíssimo em matéria de vida espiritual, tinha chegado àquele clímax em que Maria possuía a perfeição perfeita, a beleza belíssima, a virtude virtuosíssima, portanto ao apogeu dos apogeus, e o seu amor de Deus nunca fora maior do que naquele momento.

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