A vitória de Cristo sobre a morte

 

O Fundador comenta…

Monsenhor JoãoMons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Tomados de adoração, uma vez mais acompanhamos ao longo da Semana da Paixão, o quanto a morte teve uma aparente vitória no Calvário.

Todos que por ali passavam podiam constatar a “derrota” de Quem tanto poder havia manifestado não só nas incontáveis curas por Ele operadas, como também em Seu caminhar sobre as águas ou nas duas vezes em que multiplicou os pães. Os mares e os ventos Lhe obedeciam, e até mesmo os demônios eram, por sua determinação, desalojados e expulsos. Aquele mesmo que tantos milagres prodigalizara havia sido crucificado entre dois ladrões…

Porém, a maneira pela qual fora removida a pedra do sepulcro e o desaparecimento dos guardas, eram de si, uma prova sensível do quanto havia sido derrotada a morte, conforme o próprio São Paulo comenta: “A morte foi tragada pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1 Cor 15, 55).

Os fatos subseqüentes tornaram ainda mais patente a triunfante Ressurreição de Cristo e a vitória, não só sobre Sua própria morte, como também sobre a nossa. Ele é a cabeça do Corpo Místico e, tendo ressuscitado, trará necessariamente a nossa respectiva ressurreição, pois esta nos é garantida pela presença dEle no Céu, apesar de estarmos, por ora, submetidos ao império da morte. De maneira paradoxal, aquele sepulcro violentamente aberto a partir de seu interior, deu à morte um significado oposto, passou ela a ser o símbolo da entrada na vida, pois Cristo quis “destruir pela sua morte aquele que tinha o império da morte, isto é, o demônio”, e assim libertar os que “estavam em escravidão toda a vida” (Hb 2, 14).

São Paulo tem sua alma transbordante de alegria em face da realidade da Ressurreição de Cristo e nela encontramos nosso triunfo sobre a morte, tal qual ele próprio nos diz: “E assim como todos morreram em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Cor 15, 22).

Posteriormente, não só o demônio e a morte, mas o próprio mundo foi derrotado: inúmeros pagãos passaram a se converter e muitos entregaram a própria vida para defender a cruz, animados pelas luzes da ressurreição do Salvador. Em função dela, passaram a ser acolhidos no Corpo Místico

todos os batizados que, revitalizados pela graça e sem deixarem de estar incluídos no mundo, tornaram perpétuo o triunfo de Cristo: “Tende confiança! Eu venci o mundo” (Jo 16, 33).

Trata-se, portanto, de uma vitória ininterrupta, mantendo seu rútilo fulgor tal qual no dia de Sua ressurreição, sem uma fímbria sequer de diminuição. Com a redenção, Cristo lacrou as portas do seio de Abraão depois de ter libertado, de seu interior, as almas que ali aguardavam a entrada no gozo da glória eterna.

Essas são algumas considerações que nos facilitam compreender o porquê de ser a Páscoa da Ressurreição a festa das festas, a solenidade das solenidades, pois o mistério nela presente é de suma importância para a história da Cristandade, tal como afirma São Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Cor 15, 14).

Podemos afirmar também ser a Ressurreição a festa de nossa esperança, pelo fato de nela encontrarmos não só o extraordinário triunfo de Cristo, como também o nosso próprio, pois se Ele ressurgiu dos mortos, o mesmo se passará

conosco. E é em vista desse futuro triunfo nosso que desde já nos é feito o convite para abandonarmos os apegos a este mundo, sem olhar para trás, fixando nossa atenção nos absolutos celestes, conforme nos aconselha o Apóstolo: “Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo, em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com Ele na glória” (Cl 3, 1-4).

Aí está mais uma maravilha a aumentar a nossa esperança de que alcançaremos a verdadeira e eterna felicidade, garantida pelo próprio Cristo Ressurrecto.

(Extraído do Boletim-informativo “Maria Rainha dos Corações”, nº 40)

 

Meditação para o Primeiro Sábado

Jesus é condenado à morte

 

Cristo crucificadoEle próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário”.

(Jo 19, 17)

 

 

 “Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado”. (Is 53, 4)

  

Introdução

 

Durante esta Quaresma e, de modo especial, nos dias cheios dos imponderáveis sérios e graves da Semana Santa, acheguemo-nos aos pés da Cruz de onde pende o Salvador abandonado por quase todos – sobretudo neste século em que tantos e tantos homens só procuram o prazer e o bem-estar pessoal – e coloquemos nas mãos da Mãe Dolorosa, cuja alma foi transpassada pelo gládio da dor, toda a nossa entrega e disposição de padecer por Cristo e por Sua Igreja.

 

Oração inicial

 

 Ó Virgem Dolorosa, nós sabemos que juntamente com Vosso divino Filho sofrestes as dores da Paixão. Vós sofrestes como Mãe, quase que na própria carne – porque mais dói a dor da alma do que a do próprio corpo. No caminho do Calvário, Vós encontrastes Jesus quando carregava a cruz às costas. Ó Mãe Santíssima nós Vós pedimos graças super abundantes, graças eficazes, graças até místicas para bem realizar esta meditação e que ela de fato possa, de alguma forma, reparar o Vosso Sapiencial e Imaculado Coração por tantos crimes, tantos horrores e pecados que ocasionaram a Paixão de Vosso divino Filho. Hoje, ao considerardes esses crimes, blasfêmias, pecados, que vos recordeis das dores de Jesus e das vossas dores, em união com Ele.

Que essas dores penetrem em nossos corações e que cheios de arrependimento por nossas faltas, cheios de mágoa e ao mesmo tempo cheios de desejo de emenda para este mundo tão pecador. Alcançai-nos nesta meditação, a compreensão do quanto o pecado atrai sobre nós o castigo, e o quanto o pecado sem arrependimento, atrai a cólera de Deus.

Doce Coração de Maria, aceitai esta humilde meditação como emenda para nós e reparação ao Vosso Sapiencial e Imaculado Coração.

 

Assim seja!

1 – Jesus abraça a cruz: o símbolo da vergonha!

 

cruz com os coraçõesEm verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado”. (Is 53, 4)

 

Jamais um romano poderia ser condenado à morte de crucifixão, por ser símbolo máximo de desonra, reservada aos piores criminosos. O sinal da vergonha por excelência foi abraçado por Jesus, “Ele próprio carregava a sua cruz…” (Jo. 19, 17).

Bem se poderia ver naquela cruz a imagem de nossos pecados. “Quem pode, entretanto, ver as próprias faltas?” (Sl 18, 13). Quem entenderá o pecado ? Este é o pior de todos os males, o ato de maior oposição a Deus. Naquela cruz estavam todos os meus pecados …

Neste passo da Paixão, Jesus toma sobre Seus adoráveis ombros meus pecados Entretanto, o Divino Redentor é Rei tão grandioso que transformará a cruz em objeto de elevada nobreza e distinção. Ela será colocada no alto das torres das igrejas, nas coroas dos reis e será objeto do amor apaixonado dos santos.

Como Jesus recebeu a cruz?

A cruz está diante de Nosso Senhor que contempla aquele instrumento de dor; como Ele a acolheu ? Aceitou, já que não havia remédio; apenas aprovando o sofrimento?

Não. No caminho da Paixão, Jesus nos deu um luminoso e admirável exemplo.

Conta uma piedosa revelação que, quando recebeu das mãos dos carrascos a Cruz, Nosso Senhor se ajoelha sem auxílio de ninguém, com as forças quase desaparecidas, contudo, Ele está ali com disposição, com ardor, abraça a cruz e a beija amorosamente; e, tomando-a sobre os ombros, leva-a até o alto do Calvário.

Ora,’a teologia nos ensina que, para resgatar o gênero humano, teria bastado Nosso Senhor Jesus Cristo oferecer a Deus Pai um simples gesto, ou até mesmo um piscar de olhos, por serem de valor infinito todos os Seus atos. Portanto, uma única gota de sangue derramado durante a Circuncisão seria suficiente para realizar a obra da Redenção.

Entretanto, decretou o Padre Eterno que Ele deveria sofrer a Paixão e Morte de Cruz. O Filho, que por Sua natureza divina não era capaz de sofrer, quis assumir nossa carne em estado padecente, e não em corpo glorioso, como correspondia à Sua alma, que se encontrava na visão beatífica desde toda eternidade’. (Rev.Arautos do Evangelho nº 87, Ir. Clara Isabel Morazzani Arráiz, EP; mar.2009, p. 22)

 

Ponto de reflexão

 

Que devo eu oferecer a Jesus neste momento em que O vejo beijar a cruz ?

Ó Jesus meu! Ao ver-Vos ajoelhado para abraçar a cruz, lanço-me a Vossos pés contrito e humilhado. Quantas e inúmeras vezes Vos ofendi?

Eu me transformei no horror do universo inteiro, em todas as ocasiões que pequei contra Vós.

Perdão, Senhor, perdão! Consumi todas as minhas culpas na Vossa infinita misericórdia e transformai-as em mais uma coroa de Vossa glória.

 

 

2 – Jesus cai debaixo da cruz.

 

Cristo carregando a cruzMas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades.

O castigo que nos salva pesou sobre ele, e fomos curados graças às suas chagas”

(Is 53, 5).

Meditação  

 

Terríveis são os nossos crimes, eles fazem cair ao solo um Deus feito homem.

Não era longo o caminho até o Calvário, mas Jesus ainda cairá mais duas vezes mais. O esgotamento produzido pela flagelação, sucedida da coroação de espinhos, a noite sem dormir… O peso de nossas ofensas O faz perder as forças.

Bem poderia negar-Se a continuar Sua Via Sacra. Bastaria todo o ocorrido até aqui para justificar a incapacidade de prosseguir. Mas, Ele deseja ensinar-nos a nunca desanimar.

Nesse passo, Ele demonstra estar disposto a nos reeguer de nossas quedas, por piores que sejam.

 

Oração

 

 Ó Jesus, castigado por meus crimes e esmagado por minhas infidelidades, quanto Vos adoro e Vos agradeço por quererdes reerguer-me de minhas quedas. Elevai-me desta situação em que me encontro, produzi em mim uma verdadeira conversão, para que eu retorne ao caminho da salvação e nunca desanime. Que eu deteste tudo aquilo que me separa de Vós, morra para o pecado e jamais desonfie do Vosso socorro.

 

 

3- Jesus cai pela segunda vez!

 

…o Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós. Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador”. (Is 53, 6-7)

Meditação

 

 Nada acontece a Jesus sem um profundo significado. Tudo n’Ele é simbólico e tem sua razão de ser. Essa segunda queda acentua ainda mais a noção de quanto pesam, sobre seus sagrados ombros, os nossos pecados.

Suas forças vão enfraquecendo a cada passo e, apesar do auxílio do Cireneu, a cruz vai se tornando esmagador. Quem, ao cair pela segunda vez naquelas circunstâncias, não se deixararia permanecer no solo?

Teria chegado a oportunidade para desistir. Porém, como eram suaves aquelas quedas no caminho em comparação com os sofrimentos que ainda viriam.

Ademais, quis Jesus mostrar-nos qual deve ser a extensão de nossa confiança, mesmo quando recaímos em nossas faltas. O Salvador está sempre disposto a nos perdoar e para isto é fundamental nunca desanimar. Tendo Ele assumido nossas culpas, jamais deixará de nos reerguer. Duvidar da misericórdia infinita de Deus, tão desejoso de nos perdoar e salvar, é uma ofensa ainda pior do que o próprio pecado, segundo ensina Santo Agostinho.

 

Oração

 

 Uma segunda queda, ó Jesus! Vejo bem o quanto Vos pesam os meus crimes. As pedras do caminho são menos duras que meu coração. Se elas fossem dotadas de inteligência e vontade, começariam a soluçar de compaixão!  

 

 

4- Jesus cai pela terceira vez!

 

Também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para que sigais os Seus passos.

Carregou os nossos pecados em Seu corpo para que, mortos os nossos pecados, vivamos para a justiça” (I Pe 2, 21, 24).

 

Meditação

 

Aí está, diante de nossos olhos e sob o peso da cruz, banhada já pelo preciosíssimo e adorável Sangue do Redentor, caído ao chão pela terceira vez.

Uma vez mais a imagem de nossa miséria. Assim somos nós. Os nossos melhores atos de virtude vêm sempre embebidos das faltas que tanto atormentam a delicada e sensível consciência dos santos. “Afinal, não pecarei mais”, foi o último gemido lançado por São Luís Grignion de Montfort, antes de expirar.

 

Reflexão

 

Quantas e quantas vezes não fomos relaxados no cumprimento de nossos deveres, na prática da virtude, no evitar as ocasiões que nos levam ao pecado… Como estamos longe da perfeição, deixando Jesus ser quase esmagado sob o peso da Cruz, sem me preocupar em ajudá-Lo!

Por outro lado, Jesus nos repete: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida!” (Jo 14, 6). Ele nos dá o divino exemplo: não devemos nos apoiar nas inconsistentes promessas humanas; só no sobrenatural está nosso amparo e proteção. Nem o ressentimento pode ser a nossa lei. Se nos abandonam ou nos perseguem, e caimos sob o madeiro das decepções, jamais o desânimo nos abaterá, desde que nós sigamos o exemplo do nosso Divino Mestre: retomar a cruz e chegar ao fim.

Sempre há mais para dar, mesmo quando o fôlego parece já não existir. Essa é também uma das lições contidas nesta Estação.

 

 

5 – Jesus é pregado na cruz

 

instrumentos da paixão “Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali O crucificaram, como também os ladrões, um à direita e outro à esquerda. Pilatos redigiu uma inscrição e a fixou por cima da cruz. Nela estava escrito: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus” (Lc 23, 33; Jo 19, 19).

 

Meditação

 

Por fim chega Jesus ao Calvário, lugar onde segundo uma piedosa e antiga tradição, Adão havia sido sepultado. Ali abundara o pecado, ali transbordaria a graça.

Crucificado! Aquela mesma cruz que tanto Lhe pesara sobre os ombros seria Seu instrumento de morte.

Os braços abertos para atrair a Si a humanidade inteira, sem distinção de pessoas de qualquer espécie, conforme afirma São João Crisóstomo. Já em estado pré-agônico, enormes cravos perfuram Suas sagradas mãos e divinos pés, levando-O a contorcer-Se sob a ação da dor.

Ao pé da cruz, enquanto os soldados repartiam entre si do Divino Crucificado, Ele entregava mais Sua preciosa herança – Maria Santíssima – ao discípulo amado, num último e supremo gesto de amor filial. Também ali estavam as Santas Mulheres, dignas de admiração por sua corajosa determinação de permanecer junto à cruz, os olhos postos no Salvador, impávidas diante do ódio dos fariseus que pusera em fuga os Apóstolos.

Nossa Senhora das Dores. – Mas, exemplo sem igual nos dá a Mãe de Deus, como lembra Teófilo: “Imitai, ó mães piedosas, esta que tão heróico exemplo deu de amor maternal a seu amantíssimo Filho único; porque nem vós tereis mais carinhosos filhos, nem esperava a Virgem o consolo de poder ter outro”.

 

Oração Final

 

 Eu vos dou graças, Ó Jesus meu! Reconstituo, nesta meditação reparadora, o drama da loucura de amor de um Deus por suas criaturas. Se fosse eu o único a haver pecado, Vosso procedimento não teria sido outro. Por isso, afirmo com toda certeza: Vós fostes crucificado por mim. Nada faltou para Vos fazer sofrer até o extremo da dor.

Que Vossa crucifixão arranque de minha alma os caprichos e os vícios que me desviam de Vós. Quantos apegos, quantas paixões, quantos delírios… Concedei-me as mesmas graças derramadas sobre o bom ladrão e possa eu, assim, um dia estar convosco no Paraíso.

 

Ave Maria, Rainha dos Mártires, cuja alma foi transpassada pelo gládio da dor.

 

 

Referência: Via Sacra, Mons. João S.Clá Dias, Takano Editora Gráfica Ltda., 1ª edição, março de 2001.  

O fundador comenta

Aproxima-se o tempo da Quaresma. São 40 dias de preparação para a Semana Santa, onde celebraremos a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Sendo esse um tempo de penitência, no qual a Igreja exorta os fiéis a refletir sobre sua vida íntima e ver quais são os pontos em que deve melhorar, e portanto, pedir a Deus o auxílio para uma mudança de vida, publicamos nos dias que antecedem a Quaresma de 2010, um comentário de nosso fundador, Monsenhor João Clá Dias, EP, sobre a parábola do Filho Pródigo, para ajudar os nossos leitores a entrarem nesse tempo litúrgico considerando esse extraordinário sacramento que Nosso Senhor Jesus Cristo nos deixou: a confissão.

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Monsenhor JoãoO Filho Pródigo e a confissão

 

De maneira singela, mas com beleza literária insuperável, a Parábola do Filho Pródigo (Lc 15, 1-3; 11-32) nos conta a história de um pai e dois filhos, um dos quais fará o papel de equilibrado, sensato, honesto e fiel, e o outro de apaixonado, dissoluto e esbanjador ou pródigo.

O pai é apresentado como possuidor de um coração sábio, afetuoso e até maternal, a ponto de não manifestar a menor estranheza com o pedido do filho, e, portanto, de não tentar dissuadir seu caçula de exigir a herança a que tinha direito. O Evangelho de Lucas nos narra a história:

“Passados poucos dias, juntando tudo o que era seu, o filho mais novo partiu para uma terra distante e lá dissipou os seus bens vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, houve naquele país uma grande fome, e ele, começou a sofrer necessidade. Foi pôr-se a serviço de um habitante daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. Desejava encher o seu ventre das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Tendo caído em si, disse: Quantos diaristas há em casa de meu pai que têm pão  em abundância e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu pai.”

A fome, a dor e a provoção, acompanhadas da graça de Deus, bem podem nos conduzir a um raciocínio equilibrado, e produzir em nós uma real conversão e emenda de vida. Volta então o filho à casa paterna e as reações do pai acolhendo de volta seu filho que estava perdido, não poderiam ser mais comovedoras em matéria de bondade e de ternura. Certamente há muito ansiava revê-lo e por ele rezava.

O recém-chegado apresentava-se como um maltrapilho, nada limpo, em condição totalmente imprópria para ser abraçado. Entretanto o pai lançou-se ao pescoço do filho e o cobriu de beijos. O filho, além  de ter-se esquecido de seu pai, havia esbanjado seus bens. É a imagem do efeito do pecado na alma de um batizado: o despoja dos méritos e da virtude e o mancha com a lama da ofensa a Deus. Mas o filho confessa suas faltas e pede o perdão ao pai.

Ao acusar suas misérias no confessionário e receber a absolvição, o homem, tal como o filho arrependido, é revestido dos mais preciosos tecidos de reconciliação, as sandálias do mérito lhe são devolvidas e o anel de filho de Deus recolocado em seu dedo.

O pai com alegria faz uma festa para recebê-lo: “Haverá maior alegria no céu por um pecador que fizer penitência que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15, 7)

(Extraído do Boletim Informativo do Apostolado do Oratório, “Maria Rainha dos Corações”, n° 24)

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Meditação do Primeiro Sábado do mês

 Transcrevemos, a seguir, a meditação de fevereiro para a devoção reparadora dos Primeiros Sábados do mês, de autoria de Monsenhor João Clá Dias, EP. Fundador dos Arautos do Evangelho

 Apresentação do Menino Jesus no Templo

 

 Menino Jesus no Templo

“Hoje a Virgem Maria apresentou

o Menino Jesus no santo templo.

Simeao, impelido pelo Espírito,

recebeu o Menino nos seus braços

e deu graças, bendizendo ao Senhor”. (Vesp.II, ant.)

 

 

 

Oração Inicial

Oh! Virgem Santíssima, entre as inúmeras graças que tivestes, pudestes também apresentar o vosso divino Filho no Templo. Vós que colocastes vosso divino Filho nas mãos do sacerdote Simeão, vós que deste modo, entregastes o vosso Filho a Deus, porque a Ele pertencia. Vós que sabíeis perfeitamente que o vosso Filho seria martirizado, seria vítima expiatória, iria ser consumado em holocausto por amor de Deus e salvação dos homens; vós fizestes esta entrega com inteira abertura de alma, com inteira generosidade; vós sois para nós o exemplo perfeito de uma entrega total.

Nesta meditação, queremos reparar ao vosso Sapiencial e Imaculado Coração por tantas ofensas que diariamente tem recebido e por isso, pedimos as graças super excelentes, as graças eficazes, as graças superabundantes, as graças que transformem nossas almas, e que com essas graças, possamos realizar esta meditação de forma mais perfeita possível, e assim, à altura do vosso Imaculado Coração, repararmos todas as ofensas que ele tão freqüentemente tem recebido. Assisti- nos, ó Mãe, passo a passo, minuto a minuto, segundo a segundo nesta meditação. Assim seja.

Ave Maria, cheia de graça …

  Cantico

 

 I – Apresentação do Messias Prometido.

 

“Depois que se completaram os dias da purificação

 segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém,

para o apresentar ao Senhor”. (Lc. 2, 22)

 

Deus é puro espírito; nós aprendemos no catecismo que ele está em toda a parte e, de fato, não há um só recanto do Universo onde Deus não esteja presente.

Puro espírito, onipotente, onipresente, oniciente. Mas Deus está mais presente em umas partes do que em outras, é evidente! Mas onde Deus está mais presente? Onde Ele atua. Por ser puro espírito, Deus está mais presente onde Ele age. Agindo aqui, agindo lá ou acolá, Ele mais está onde mais age.

Mas, Deus que está em toda a parte, gosta de ter um lugar onde Ele é mais facilmente encontrável; claro, que nós andando por todos os cantos, estamos andando dentro de Deus, pois, como diz São Paulo por citação em sua epístola, Deus está dentro de nós, nós em Deus nos movemos, em Deus nós agimos. O homem estando no Paraíso, estava diariamente em convívio intenso com Deus. No Paraíso, Deus se manifestava todas as tardes à Adão, Ele passeava todos os dias com Adão no Paraíso.

O homem entretanto pecou, e tendo pecado, foi posto fora do Paraíso. Saindo do Paraíso, passou a levar uma vida nômade, deslocando-se de um lado para o outro, sem moradia fixa. Os locais onde os homens habitavam eram as tocas, as grutas; ele não tinha ainda construído nenhum edifício para morar, só mais tarde é que o homem vai criar as tendas. É andando de um lado para outro, que em certo momento, quando o povo judeu saiu da escravidão do Egito, que Deus deu a eles a possibilidade de terem uma tenda sagrada, onde ficava a Arca da Aliança. Era precisamente nessa tenda, que eles encontrariam mais facilmente Deus.

Só muito mais tarde – porque foram 450 anos de escravidão no Egito – no reinado de Davi, já estabelecido o reino de Israel, que o rei quis construir um templo para Deus em substituição à tenda sagrada, onde Deus seria mais facilmente encontrável. Contudo, não alcançou realizar seu sonho, quem o realizou foi seu filho Salomão.

Salomão construiu um templo que foi tão grandioso, tão bem aceito por Deus naquele tampo, que no dia em que foi inaugurado, desceu do céu uma nuvem – talvez em dia de céu muito claro – nuvem que era o símbolo do Espírito Santo e que envolveu todo o templo, para dar a ideia de que Deus tinha penetrado em sua Casa. Deus tinha tomado conta de templo.

Cânticos, alegrias, o Espírito Santo se manifestando neste e naqueles, verdadeira euforia. O que havia de melhor na época: o melhor ouro, a melhor madeira, a melhor prata, o templo estava ornado com o que havia de mais extraordinário.

Mas o povo não foi fiel e acabou sendo dominado pelos babilônios que destroem completamente o templo, destroem até a própria cidade de Jerusalém. Mais tarde, o templo é reconstruído por Zorobabel e quando foi inaugurado, o povo ao invés de alegrar-se, chorou, porque via que o templo já não tinha mais o esplendor daquele que tinha sido construído por Salomão, o novo templo era muito inferior ao antigo. Além do mais, não desceu uma nuvem do céu para envolvê-lo.

Enquanto o povo chorava, Ageu, profeta da época, fez uma profecia: este templo teria uma glória e um esplendor muito maiores do que a prórpia glória do tempo de Salomão.

Quem poderia imaginar a cena na qual a profecia de Ageu se cumpriria?

O Templo na glória de sua inauguração, ou na esperança da hora de sua reconstrução, jamais acolheu alguém mais importante, o próprio Criador Menino, nos braços de sua Mãe, para ser oferecido ao Pai! (1)  

 O dia mais glorioso no Templo

 

De fato, está aí para nós preparada a cena: o Menino Jesus nos braços de Nossa Senhora sendo introduzido no templo.

Imaginemos Nossa Senhora com o Menino Jesus chegando ao pátio das mulheres; ela ia apresentar seu filho no templo depois de quarenta dias, segundo rezava a Lei.

Imaginemos a maravilha desta cena: os passos de Nossa Senhora ecoando pelo templo, ela com o véu sobre a cabeça, roupagens daquele tempo, uma túnica lindíssima; jovenzinha, com um bebe – Jesus – o Deus vivo, Filho de Deus, sendo carregado nos braços, um bebe maravilhoso. Maria vai se aproximando das outras mulheres que estão por alí para cumprirem o preceito da Lei. Nossa Senhora junta-se a elas e todas encantadas com aquele bebe que acaba de chegar. Apesar de todas terem o seu bebe nos braços, viram-se para o Menino Jesus e dizem: que menino encantador! Que bebe extraordinário! Mas Nossa Senhora que era a humildade em pessoa – tanta humildade existia nela – interessava-se pelo filho de cada uma, e fazia um elogio a este, um elogio a aquele, isso dentro daquele convívio oriental borbulhante como costuma ser. As mães se congratulam pelos filhos, mas sobretudo faziam uma roda em torno de Nossa Senhora.

 

Divisor

 

II – Os primogênitos pertenciam à Deus.

 

A Lei de Moisés prescrevia duas situações, dois preceitos que era necessário observar: a primeira era a purificação da mulher – segundo a Lei, quando a mulher dava a luz, devia aguardar quarenta dias, se fosse menino, e oitenta dias se fosse menina; depois disso deveria se apresentar no templo e oferecer um holocausto por sua mancha legal.

Por outro lado, estando os judeus no Egito como escravos, a décima praga predita por Moisés afim de ameaçar o Faraó, constituiu, caso Faraó não permitisse a saída do povo judeu rumo a terra prometida, em que todos os primogênitos do povo egípcio, incluindo os primogênitos dos animais, seriam mortos pelo Anjo do Senhor. Pois bem, a manhã do dia seguinte foi de enterros, de prantos e lamentações terríveis, todas as famílias egípcias tiveram seu primogênito, quer fosse animal quer fosse filho, mortos.

Com isso, houve um clamor do povo: ponha esta gente fora daqui; chega de tanta maldição. Aí, então, o Faraó permitiu que eles saíssem.

Foi depois desta última praga, que Moisés estabeleceu, por mandato de Deus, que todo primogênito judeu fosse entregue a Deus, pois Ele os tinha poupado da morte, não permitindo que fossem mortos junto com os primogênitos egípcios; então, por esta condescendência, os primogênitos judeus pertenciam a Deus.

Maria Santíssima está nesta contingência: está com seu filho primogênito, podíamos dizer Unigênito, porque está com seu único filho, primeiro e único; e pela Lei ela deveria entregar este filho ao templo, para que o sacerdote o pusesse nas mãos de Deus. Maria vai então com sofreguidão, porque ela sabia que este ato tinha um sentido muito alto; ela apesar de ser virginalíssima, apesar de puríssima, apesar de ser a Mãe da própria Pureza, Nosso Senhor Jesus Cristo, porque Ele é a pureza em substancia, ela quis cumprir a Lei, não só pela razão social, para depois não estar colocada fora da sociedade, mas ela quis cumprir a Lei por amor a pureza e a humildade; ela sendo a Mãe da Pureza e sendo a virgem pura, tinha verdadeiro encanto pela virtude da pureza. É por isso que Maria se apresenta como mãe daqueles que são puros e humildes, mãe daqueles que amam a pureza e a humildade e estes são dons que Maria quer trazer ao mundo de hoje, tão perdido, tão afastado destas virtudes excelsas, desta virtude angélica – diz-se virtude angélica, porque os Anjos não tem corpo – por isso que ela quer ser a Rainha dos Corações; esta foi uma das notas mais marcantes das aparições de Nossa Senhora em Fátima.  

Apresentação Imaginemos Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços entrando no templo.

O Menino Jesus, vítima que será entregue ao sacerdote e que depois será pago um resgate por Ele; foi o único que sendo entregue ao sacerdote e tendo pago o resgate, não será aceito por Deus. Deus quis a entrega de sua própria vida, de todo o seu sangue, quis d’Ele um holocausto inteiro.

A partir do momento em que a alma de Nosso Senhor Jesus Cristo foi criada, infundida no início de gestação no claustro materno de Maria Santíssima, Ele recebeu nessa hora uma alma inteiramente consciente, com toda a inteligência, com toda a vontade, com toda a sensibilidade, com toda a graça criada, com todos os dons, com todas as virtudes – Jesus é a própria virtude que foi colocada em sua alma. Sendo assim, Ele viu perfeitamente a própria missão que tinha enquanto homem; Jesus teve uma consciência clara de que devia fazer a redenção do gênero humano; a missão Dele era a de ser vítima de holocausto; a missão d’Ele era de reparar o pecado cometido por Adão e Eva, e nesta hora em que foi concebido, aceitou de se entregar a Deus como vítima expiatória. Mas esta entrega foi particular e agora nesta meditação, o que fazemos é levá-Lo nos braços, junto com Nossa Senhora, para ser posto nos braços do sacerdote e o sacerdote O entregará a Deus para ser vítima de holocausto. Ele inteiramente consciênte e na plenitude do uso da sua razão, quis oficialmente entrega-se como vítima.

 

Saudação: Ó Virgem puríssima, quero de hoje em diante, obedecer a toda a lei de Deus, a todos os meus deveres. Dai-me, Senhora, a liberdade de coração para desapegar-me das ocasiões ou relacionamentos sociais que me afastam de vós!

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Oração final

 Oh Virgem Santíssima, que entregastes o vosso divino Filho com tanto desprendimento e com tanto amor a Deus para que Ele pudesse operar a Redenção do gênero humano; ainda que esta entrega consistisse em que uma espada de dor transpassasse o vosso Sapiencial e Imaculado Coração, ainda que vós sofrêsseis todos os tormentos e dores da Paixão, como de fato sofrestes, a ponto de serdes chamada Nossa Senhora das Dores; essas sete dores que transpassaram o vosso Coração, ó Virgem Santíssima, sofrestes com tanta generosidade, a ponto de entregar o maior tesouro que uma mãe pudesse possuir na face da terra; dai-me a graça de que eu também no final desta meditação seja tocado no mais fundo de minha alma, pronto para entregar tudo em vossas mãos; ser justo como Simeão e nunca pecar, ser puro como vós, amando a pureza como vós a amais; estou inteiramente disposto a sofrer tudo o que seja necessário para maior glória de Deus e santificação de minha alma.

 Assim seja!

 

 Divisor

 

Obra citadas:

. (1) Rev.Arautos do Evangelho, nº 2, Mons. João S. Clá Dias, 2002 – págs. 12-16.

Meditação Mons.João Clá Dias – 3 fevereiro de 2007

O fundador comenta

A partir de hoje, estaremos colocando no blog do Apostolado do Oratório, comentários de Monsenhor João Clá Dias sobre os evangelhos, extraídos do boletim-informativo “Maria Rainha dos Corações”.

A leitura do Evangelho do domingo passado (II° domingo do tempo comum) referia-se às Bodas de Caná. Transcrevemos a seguir, um trecho de um comentário de Monsenhor João Clá Dias sobre este Evangelho.

 

As Bodas de Caná e o papel de MariaMonsenhor João

Caná era uma cidade maior do que Nazaré. A História nada registra sobre o motivo por que Jesus e Maria foram convidados para o casamento.

As Bodas de Caná simbolizavam o lar católico como dever ser, e indica a conduta a seguir face aos problemas e dificuldades da vida. Ali está prefigurada a família cristâ assistida por Cristo, através da intercessão de Maria. A partir desse episódio, todos os cônjuges, até o fim do mundo, devem firmar-se na certeza de que Jesus solucionará qualquer drama ou aflição, se invocarem a onipotente mediação de Maria.

E foi numa festa de casamento que, a pedido de sua Mãe, Jesus quis realizar seu primeiro milagre: a transformação da água em vinho (Jo 2,1-11).

Jesus operou esse milagre para inculcar-nos a convicção de que, apesar de não haver chegado a Sua hora, por uma palavra dos lábios da Mãe, Ele nos atenderá. Eis que em Caná abriu-se uma nova era na espiritualidade do gênero humano, com a inauguração de um especial regime da graça: a intercessão de Maria.

Imaculado Coração de MariaEm Caná, Maria nos ensina algo muito importante: apesar da negação de Jesus, Ela ordena aos criados fazerem tudo quanto Este lhes dissesse. Não havia Ele dito que não chegara ainda sua hora? Fica, portanto, em quem lê o Evangelho, a impressão de Maria não ter feito caso dessa resposta negativa…

Acontece que há algumas determinações de Deus que são condicionadas aos nossos desejos e reações. Ou seja, elas se cumprirão ou não, dependendo da nossa colaboração. Se Maria não tivesse recomendado aos serventes que agissem de acordo com as orientações de Jesus, os nubentes e seus convidados não teriam tomado o melhor dos vinhos da História, nem os Apóstolos assistido a tão grandioso milagre. Em Caná, aprendemos de Maria o quanto Deus quer a nossa colaboração em sua obra.

Devido a esse sublime papel de medianeira e de onipotência suplicante da Santíssima Virgem, que se inicia publicamente nas Bodas de Caná, talvez pudéssemos dividir a História da espiritualidade em duas grandes eras: antes de Maria e depois de Maria.

(Extraído do boletim-informativo “Maria Rainha dos Corações” n° 25)

Nosso e-mail: contato@oratorio.blog.arautos.org

 

Oração dos Oratórios

Nossa SenhoraMaria Santíssima, dia virá em que a eternidade me separará do tempo. Nesse momento, baterei à vossa porta.

 Lembrai-vos, Virgem Santíssima, que quando vós batestes à minha porta , através do Oratório do Imaculado Coração de Maria, eu não só a abri, mas escancarei-a para que vós estivésseis em minha casa.

 Dai-me a graça de, nesse momento, encontrar não só as portas da eternidade abertas, mas também os vossos braços, para me receberem no convívio com vosso Divino Filho.

 

 

Monsenhor JoãoEssa oração foi composta por Monsenhor João Clá Dias, fundador dos Arautos do Evangelho.

O Apostolado do Oratório, promovido pelos Arautos do Evangelho, foi criado  por Monsenhor João Clá Dias.

Convidamos todos os leitores a conhecerem mais sobre a vida de  nosso fundador, visitando: http://www.joaocladias.org.br/curriculum.asp

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