Santos Anjos da Guarda

Quem neste mundo não gostaria de ter alguém de inteira confiança ao seu lado, pronto para atendê-lo a qualquer hora do dia ou da noite, seja em que situação estiver?

Ir. Jurandir Bastos, EP

Quem não desejaria ter a todo instante junto a si alguém capaz de defendê-lo nos perigos e, ao mesmo tempo, disposto a animá-lo, fortalecê-lo e estimulá-lo nas horas de provação? Pois bem, em sua infinita bondade e misericórdia para com o gênero humano, Deus destinou para cada homem um Anjo da Guarda, que constantemente lhe vela e cuida.

Sim, ele é nosso companheiro nesta vida e na eternidade. Entretanto, é um amigo discreto que, apesar de quase nunca se revelar como tal, admoesta, ensina, ajuda e inspira de muitas maneiras: ora por uma aguilhoada na consciência, ora por um conselho, ora pela sensibilidade a algum fenômeno natural. Basta uma condição: sermos sensíveis às suas moções.

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Santa Teresinha do Menino Jesus!

Na tarde de 30 de setembro de 1897, uma cena inesquecível desdobrava-se na enfermaria do Carmelo de Lisieux. Cercada de toda a comunidade ajoelhada em torno de seu leito de dores, Santa Teresinha do Menino Jesus, fitando os olhos no crucifixo, pronunciava suas últimas palavras nesta terra de exílio

– Oh! eu O amo… Meu Deus… eu… Vos amo!

Subitamente, seus amortecidos olhos de agonizante recuperam vida e fixam-se num ponto abaixo da imagem de Nossa Senhora. Seu rosto retoma a aparência juvenil de quando ela gozava de plena saúde. Parecendo estar em êxtase, ela fecha os olhos e expira. Um misterioso sorriso aflora-lhe aos lábios e aumenta a formosura de sua fisionomia.

“Eu não morro, eu entro na Vida”, havia ela escrito poucos meses antes.

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O pobre e o rico

Comentário ao Evangelho do XXVI Domingo do Tempo Comum

Estamos, uma vez mais, diante de uma cena evangélica sobre a condenação eterna. O inferno se apresenta nesta parábola com algumas características ainda não conhecidas até então, e em dramático contraste com o prêmio celeste

Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP, Fundador dos Arautos do Evangelho e do Apostolado do Oratório

A parábola do Evangelho deste domingo se desdobra em três atos sucessivos. No primeiro, assistimos ao paroxismo de situações opostas, entre o pobre Lázaro e o rico, ainda nesta Terra. A seguir, ambos morrem, e são conduzidos a destinos bem diferentes. Lázaro vai para o Céu e o rico para o inferno. Este, em meio aos tormentos do fogo, se dirige a Abraão, rogando um lenitivo. Por último, implora pelos próprios parentes, a fim de evitar que caiam na mesma desgraça.

Tendo em vista a profundidade dos múltiplos significados das palavras e ações do Divino Mestre, procuremos apreciar com amor todas as importantíssimas lições contidas no Evangelho deste domingo.

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“Humildade é a verdade”

Reconhecendo nossa pequenez, concluímos que não somos capazes de fazer nada sem o auxílio de Deus, mas se confiamos n’Ele conseguiremos fazer até mais do que esperávamos

Não é coisa rara encontrar pessoas com visualização muito engrandecida a respeito de sua própria imagem.

Já Santa Teresa dizia: “A humildade é a verdade, o Senhor ama tanto os humildes porque eles amam a verdade; a pura verdade é que nada somos, somos ignorantes, cegos e incapazes de praticar qualquer bem.”[1]

Assim, devemos ter constantemente diante dos olhos o que realmente somos: vermos as qualidades – e sobretudo os defeitos, que quase sempre são mais numerosos –; e quando fizermos uma grande obra, sabermos reconhecer que as forças para tal nos vêm de Deus.

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A prudência da carne e a prudência santa

Comentário ao Evangelho do XXV Domingo do Tempo Comum

O administrador infiel usa de prudência para garantir sua própria subsistência. Essa mesma sagacidade e diligência deveriam ter os filhos da luz para alcançar a santidade

Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP, Fundador dos Arautos do Evangelho e do Apostolado do Oratório

O homem ante a pobreza

Havia um certo país onde, segundo narra São João Damasceno, os cidadãos anualmente elegiam um novo rei a fim de evitarem os riscos de uma possível tirania. Conhecedores da sede de mando existente em todo homem, não permitiam a estabilidade perene do monarca: no final do ano, ele era destronado e deportado para uma ilha deserta na qual, depois de algum tempo, falecia por falta de recursos e de alimentos. Foi esse o destino de vários reis até que um, durante o exíguo reinado de 360 dias, transportou para a tal ilha tudo quanto pôde em matéria de subsistência para o resto de sua vida.

Soube ele contornar o mais temido dos males, ou seja, a pobreza. E, em parte, compreende-se esse temor em função de alguns instintos de nossa natureza, como, por exemplo, o de conservação e o de sociabilidade. A perspectiva da carência do essencial para nossa vida nos deixa aturdidos. A miséria extrema, sem uma intervenção de Deus, destrói no homem as últimas energias, aferra sua atenção à matéria e o incapacita de elevar as vistas para as considerações espirituais. Tal era, de acordo com a narração de São João Damasceno, a situação dos reis exilados após expirar seu mandato, lutando pela vida numa ilha sem recursos.

Deixemos de lado os casos agudos como o mencionado acima e focalizemos a pobreza comum, aquela consistente em obter estritamente o necessário e, assim mesmo, mediante um árduo esforço. Nessas circunstâncias, embora conhecendo o grande apreço que Deus manifesta pela pobreza, assim como todos os privilégios a ela inerentes — as Escrituras encontram-se pervadidas de menções a esse respeito — as apreensões da criatura humana face às contingências da pobreza, conduzem-na a optar pelas vias da falsa ou verdadeira prudência.

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Milagre com hora marcada: o que acontece com o sangue de São Januário?

Três vezes ao ano, opera-se um milagre com o sangue desse Santo
à vista de quem quiser presenciá-lo.

Todo santo tem uma missão grandiosa. Tão grandiosa que não podemos julgar que termina na terra. Pelo contrário, do Céu, ele terá meios muito mais eficazes para cumprir aquela obra que começara em vida.

Acontece que, em alguns casos, parece haver uma tal desproporção entre o alcance que sua ação teve na terra e o que ela depois ganhou desde o Céu, que se torna “mais fácil conhecer a missão que lhes cabe exercer desde o Céu do que a que cumpriram na terra”.[1]

Por certo, São Januário, ou San Genaro, como o chamam os italianos, foi um destes. Pouco se sabe a respeito de sua vida, mas sua atuação post-mortem atrai as atenções do mundo inteiro.

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