“Noite feliz, noite feliz. Ó senhor, Deus de amor. Pobrezinho nasceu em Belém. Eis na lapa, Jesus nosso bem. Dorme em paz, ó Jesus…”
Pe. Antônio Guerra, EP. Assistente Espiritual do Apostolado do Oratório
Assim começa o mais conhecido cântico de Natal da atualidade, composto originalmente em alemão e traduzido para incontáveis idiomas. É noite, noite fria, noite de inverno, noite silenciosa. Na cidade agora deserta, as poucas réstias de luz provêm do aconchegado interior das casas, filtradas por portas e janelas tão bem fechadas quanto possível à pobreza do lugar.
E pelas ruas vazias vagueia um casal cansado, à busca de hospedagem… Aparentemente, nada há de mais banal que esta cena. Contudo, a jovem grávida está acompanhada de Anjos belíssimos e invisíveis, enquanto os Céus se debruçam embevecidos sobre Ela: é a Rainha do universo, “vestida de sol” e “coroada de doze estrelas” (Ap 12, 1), carregando no seu seio puríssimo — por obra de um milagre, misterioso e altíssimo — o Sol salvador que, instantes depois, inundaria a Terra e a História com sua luz redentora.
Esta maravilha, entretanto, os olhos humanos não a alcançam, porquanto os materialistas daquele tempo recusaram hospedagem a esta luz: para ela “não havia lugar” (Lc 2, 7) porque seus corações não eram dignos dela.
Pelos olhos da fé, vemos nas ruas de Belém caminhar uma Virgem, suave e recolhida. N’Ela, esperando para nascer, o Criador e Redentor — que tudo sabe e tudo pode — tem em suas mãos nossa felicidade e nossa paz. Sua chegada traz para nós a alegria do Natal, como mero prenúncio do gáudio da salvação eterna e definitiva.
Ele nos convida constantemente a conquistar a glória celeste, antegozada ainda nesta Terra, pela alegria sincera da alma, por quem caminha seguindo seus sagrados passos. Alegria que entrava no mundo, no rastro de dois humildes viajantes que, rejeitados, cruzavam uma pequenina cidade, em fria e silenciosa noite de inverno.
Neste Natal somos convidados a receber o Menino Jesus em nossas casas, em nossas famílias e em nossos corações. Peçamos que Maria Santíssima prepare a nossa morada para receber dignamente o Divino Salvador.