Sábado Santo – O prêmio concedido aos que mais amam

Nosso Senhor não esquece os que ama

Então o Anjo disse às mulheres: “Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito! Vinde ver o lugar em que Ele estava. Ide depressa contar aos discípulos que Ele ressuscitou dos mortos, e que vai à vossa frente para a Galileia. Lá vós O vereis. É o que tenho a dizer-vos” (Mt 28, 5-7).

Apesar dessa manifestação grandiosa, não mais estamos no Antigo Testamento, quando a aparição de um Anjo era considerada prenúncio imediato de morte. O mensageiro celeste sabe tratar de maneira adequada cada criatura humana e diz às mulheres: “Não tenhais medo!”. Na verdade, depois de tudo o que acabara de suceder não faltavam motivos para recear, mas ele dá a entender que desígnios superiores pairavam sobre aqueles acontecimentos, portadores de esperança. Prepara-as assim para acolher o anúncio que contém a essência do Evangelho selecionado para esta solene cerimônia: “Ressuscitou, como havia dito!”.

Embora o estupendo milagre da Ressurreição tivesse sido predito por Nosso Senhor, suas palavras não encontraram suficiente eco na alma dos que O seguiram nos anos de vida pública, caindo no esquecimento perante as aparências contrárias presenciadas na Paixão. No entanto, já era hora de recordarem esta profecia: “Destruí vós este Templo e Eu o reerguerei em três dias” (Jo 2, 19). Com estas palavras Ele Se referiu ao seu próprio Corpo, que passaria pela Morte e Ressurreição. Lembremo- nos de que tanto seu sagrado Corpo quanto sua Alma, mesmo estando separados pela morte, permaneceram unidos hipostaticamente à divindade, por cujo poder ambos se reassumiram mutuamente no momento da Ressurreição. O Redentor cumprira a promessa, ressurgindo com todas as características que possuíra na vida mortal, acrescidas de glória.

Prelibando a fase de expansão da Igreja que dentro em breve se iniciaria, o Anjo transmite às mulheres uma incumbência: comunicar aos discípulos a notícia da Ressurreição, pois, abatidos pelo desânimo e decerto pesarosos por sua própria prevaricação, a Morte de Nosso Senhor lhes poderia dar a ideia de que Ele Se esquecera dos que estimava. Talvez pensassem que, uma vez tendo partido deste mundo, Jesus Se havia afastado para não mais conviver com os seus. Vemos que o Anjo desmente essas impressões falsas com o aviso de um novo encontro na Galileia, deixando claro o quanto o Mestre os ama apesar de todas as infidelidades.

Um misto de medo e alegria

As mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos (Mt 28, 8).

As mulheres, que sempre acompanhavam Nosso Senhor onde quer que Ele fosse, estavam habituadas a vê-Lo sair-Se bem em todas as circunstâncias. Foi o que se verificou, por exemplo, quando o paralítico descido pelo teto foi curado e seus pecados foram perdoados, deixando os adversários do Divino Mestre confundidos e furiosos (cf. Lc 5, 18-26; Mc 2, 3-12; Mt 9, 2-8); ou quando houve a multiplicação dos pães e, pelo instinto materno próprio à psicologia feminina, também sentiram pena da multidão faminta que seguia Nosso Senhor, contemplando maravilhadas a prodigiosa solução dada por Ele, na ocasião (cf. Mt 14, 15-21; Mc 6, 35-44; Lc 9, 12-17; Jo 6, 5-14). Episódios semelhantes ocorridos ao longo da pregação de Jesus robusteceram-nas numa fé sincera em relação a Ele, fruto da retidão de quem não tem arrière-pensée ou desconfianças próprias aos que fazem considerações materialistas, esquecendo-se da existência de fatores sobrenaturais que podem explicar os acontecimentos extraordinários.

Animadas por tão bom espírito, retiraram-se elas do sepulcro sôfregas por transmitir a mensagem recebida. Neste versículo, todavia, transparece algo muito humano: o misto de alegria e medo que as invadiu, apesar da advertência angélica. A alegria, como é natural, vinha do magnífico anúncio da Ressurreição de Nosso Senhor, e o temor tinha sua origem em possíveis represálias dos judeus naquela situação ainda muito instável. Para extirpar por completo esse receio, nada mais eficaz que um contato com o Mestre.

O encontro com Nosso Senhor

De repente, Jesus foi ao encontro delas, e disse: “Alegrai-vos!” As mulheres aproximaram-se, e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés (Mt 28, 9).

No intuito de animar as Santas Mulheres, o próprio Jesus tomou a iniciativa de ir ao encontro delas, mostrando que Ele vai à procura dos que realmente O amam. E eis que a sua primeira palavra é “Alegrai-vos!”, para, em seguida, permitir que Lhe abraçassem os pés.

O conjunto dos pormenores de outros relatos evangélicos desta passagem sugere a hipótese de que Maria Madalena não estivesse junto às mulheres nesse instante, mas sozinha, em busca de Nosso Senhor (cf. Mc 16, 9-11; Jo 20, 11-18). Tudo indica que o encontro que tiveram com Ele deu-se em momentos e lugares diversos: primeiro apareceu à pecadora arrependida, a quem ordenou “Não me retenhas!ˮ (Jo 20, 17), e depois às demais, enquanto corriam. É curioso notar a diferença em seu divino modo de agir, pois não deixou aquela que havia “demonstrado muito amor” (Lc 7, 47) externar toda a sua veneração, e aqui, pelo contrário, as Santas Mulheres seguram seus pés e Ele não lhes opõe resistência.

Como explicar este aparente paradoxo? Santa Maria Madalena tinha uma fé robusta e o Mestre não queria tirar-lhe o mérito. Caso ela chegasse a tocá-Lo — ou se demorasse muito ao fazê-lo, conforme sustentam alguns autores(1) —, confirmaria cabalmente que Ele havia ressuscitado e não era um espírito, mas o mesmo Homem-Deus cujos pés lavara com suas lágrimas e enxugara com os cabelos (cf. Lc 7, 37-38). Jesus estava como que a dizer-lhe: “Não Me toques, porque Eu te reservo um mérito maior: o de crer sem comprovar”.

Às outras, consentiu que dessem largas às suas manifestações de adoração. Elas já haviam visto um espírito e sua primeira impressão ao deparar-se com o Salvador seria de que também se tratava de um ser imaterial, até porque possuíam uma fé menos vigorosa que a de Maria Madalena. Além disso, acompanharam-No continuamente antes da Paixão e, enquanto os homens costumam dar menos importância à ausência física, elas, como mulheres, eram mais sensíveis à separação e ao abandono. Precisavam, pois, verificar que Jesus estava vivo e não as desamparara.

Ao abraçar os pés do Senhor, devem ter visto e osculado as marcas dos cravos, além de sentir seu inconfundível perfume, agora intensificado em virtude da glorificação do Corpo. Ficaram comovidas por perceber que a Ressurreição era real e experimentaram, sem a menor dúvida, uma consolação extraordinária. Põe-se aqui um problema sobre qual será a maior graça: obter o mérito de crer sem constatar ou poder estreitar o Corpo glorioso do Mestre? Deixemos que os teólogos tratem dessa delicada questão, pois para ninguém será fácil a escolha, que depende do feitio de cada pessoa.

Arautos da Ressurreição nomeadas pelo Senhor

Então Jesus disse a elas: “Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles Me verão” (Mt 28, 10).

Depois do imenso favor de permitir que tocassem em seu Corpo ressurrecto, Nosso Senhor recomenda “Não tenhais medo”, para certificar mais uma vez de que Ele não era um fantasma e infundir-lhes coragem ante a perspectiva de uma possível perseguição movida pelos judeus. E deixa um recado destinado aos discípulos: que partissem rumo à Galileia para um encontro, pois Ele não havia desaparecido. Assim, o Salvador as constitui arautos para propagar a Boa-nova da Ressurreição, que os próprios Apóstolos ainda não conheciam.

Que modo de proceder contundente para os padrões estabelecidos pela sociedade da época! Os Doze, que eram Bispos e foram os primeiros a comungar o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, são obrigados a receber a notícia através de mulheres! Eles fraquejaram, fugiram de medo e acabaram sendo postos à margem na hora da Ressurreição, pois Jesus quis dar um prêmio às que não haviam faltado à caridade. Não será que, se não nos convertermos a um amor tão intenso quanto Ele espera de cada um, seremos ultrapassados pelos que consideramos inferiores a nós? Sejamos verdadeiramente fervorosos, para que isto não nos aconteça!

Jesus ainda convive com eles ao longo de quarenta dias para então subir aos Céus, mas compensa sua ausência enviando o Espírito Santo e prolonga sua presença no Sacramento da Eucaristia, confirmação da promessa feita por Ele antes de partir: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20).

NOTA:

1) Cf. FERNÁNDEZ TRUYOLS, SJ, Andrés. Vida de Nuestro Señor Jesucristo. 2.ed. Madrid: BAC, 1954, p.710-711; TUYA, OP, Manuel de. Biblia Comentada. Evangelios. Madrid: BAC, v.V, 1964, p.602; GOMÁ Y TOMÁS, Isidro. El Evangelio explicado. Pasión y Muerte. Resurrección y vida gloriosa de Jesús. Barcelona: Rafael Casulleras, 1930, v.IV, p.446; LAGRANGE, OP, Marie-Joseph. Évangile selon Saint Matthieu. 4.ed. Paris: J. Gabalda, 1927, p.541.

(Excerto do livro “O inédito sobre os Evangelhos” Vol VII, de Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP – Comentário ao Evangelho da Vigília Pascal.)

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Veja também: Sexta-feira Santa – Temos parte nos sofrimentos de Jesus

Via Sacra

Um dos mais belos modos de se fazer a meditação sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo consiste em rezar a Via-Sacra.

Oração Inicial

 Sem Mim nada podeis fazer (Jo 15, 5)

Ó meu Jesus, preparo­-me neste instante para acompanhar-­Vos em Vossa Via Sacra. Nela eu Vos encontrarei chagado, sem forças e ensanguentado. Forte expressão usa a Escritura ao referir­-se à Vossa Paixão: “Eu porém, sou um verme, não sou homem, o opróbrio de todos e a abjeção da plebe” (Sl 21, 7). Muito diferente está Vossa Divina figura d’Aquela que os Apóstolos contemplaram no Tabor, ou caminhando sobre as águas, ou curando os enfermos. Nessa divina tragédia verei estampada a feiura e a maldade de meus pecados. Aos Vossos pés deposito minhas misérias e peço-­Vos perdão pela enorme culpa que tenho em Vossos tormentos!

Recorro, para isso, à intercessão da Virgem Dolorosa. Que Ela me cubra com seu maternal manto, auxiliando­-me a unir­-me a Vós e também a abraçar a minha cruz.

Amém.

Reze agora clicando na foto e contemple os mistérios da Paixão do Senhor!

Veja também: Exame de consciência para uma boa confissão.

Novos oratórios no México

O Apostolado do Oratório não cessa de se expandir em diversas cidades do México

Ao término de uma missão realizada em Aguascalientes, Dom José María de la Torre,  Bispo Diocesano, fez a entrega de dez novos Oratórios do Imaculado Coração de Maria no domingo, 12 de fevereiro, numa Catedral lotada de fiéis. (fotos 1 e 2)

Nessa mesma cidade, a Imagem foi recebida na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, (fotos 3 e 4) onde houve também entrega de oratórios, e na de Nossa Senhora de Guadalupe. (foto 5)

Os missionários visitaram ainda a Reitoria do Perpétuo Socorro de Orizaba, Estado de Veracruz, o asilo São José de Calvillo, Aguascalientes , e participaram em Tuxpan, Arquidiocese de Morélia, na homenagem feita pela Paróquia de São Tiago Apóstolo ao novo Arcebispo, Dom Carlos Garfias Merlo. (foto 6)

Fonte: Revista Arautos do Evangelho, no. 184, abril.2017, pág. 31.

Veja também: Procissão em honra de Nossa Senhora do Rosário na Guatemala.

Boletim de março/abril 2017

O Boletim do Apostolado do Oratório referente aos meses de março e abril está disponível para ser baixado

Nesta edição destacamos:

Artigo do fundador, Monsenhor João Clá Dias, EP, sobre o simbolismo do Círio Pascal. (págs. 4 e 5)
Oração de Plínio Corrêa de Oliveira a Nosso Senhor (contra-capa)

Clique aqui e baixe o conteúdo completo completo do Boletim.

Meditação para o Primeiro Sábado Abril 2017

Crucifixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo  – A nossa grande esperança

Crucifixo da Igreja Nossa Senhora do Rosário de Fátima dos Arautos em Cotia/SP

Introdução

    Meditaremos neste mês o 5º Mistério Doloroso: Crucifixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. A fim de satisfazer por nós a justiça divina que fora ofendida pelo pecado do homem, e para inflamar-nos com seu infinito amor, Jesus quis sobrecarregar-se de todas as nossas culpas e, morrendo sobre uma cruz, obter-nos a graça e a bem-aventurança eterna.

Composição de lugar

Para nossa composição de lugar imaginemo-nos no alto do Calvário na Sexta-Feira Santa, acompanhando os trágicos acontecimentos da Paixão. Vemos Nosso Senhor pregado na Cruz, agonizante, prestes a exalar seu último suspiro depois de sofrer durante 3 horas naquela dolorosa situação. Vemos as pessoas em volta da cruz, umas sofrendo com Jesus e outras demonstrando sua recusa a Ele por meio de injúrias e escárnios.

Vemos Nossa Senhora, de pé, com os olhos fixos no Filho. De repente, o céu se escurece, uma forte ventania sopra, e sabemos que Jesus morreu por nós.

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