Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
No início do século XX, quando apenas começava a se delinear, timidamente, o esboço de um mundo que nasceria da vitória dos Aliados na Primeira Guerra Mundial, verificou-se um dos fatos mais notáveis da História Contemporânea: aparece a Mãe de Deus e traz à
humanidade uma Mensagem.
E esta Mensagem sobreveio num momento crucial. A impiedade e a impureza se alastravam por todo o orbe, a tal ponto que, para sacudir os homens, eclodira uma verdadeira hecatombe que fora a própria Grande Guerra, como a Virgem Santíssima afirmou aos pastorinhos. Todavia, a conflagração terminaria algum tempo depois de suas aparições, dando aos pecadores oportunidade de emenda.
Portanto, o que Nossa Senhora advertia na Cova da Iria era a existência de uma prodigiosa crise na sociedade, a qual, no fundo, não era senão a consequência de uma crise religiosa, que desembocaria numa catástrofe mais moral do que política.
Ela seria um flagelo para a humanidade, se esta não desse ouvidos à voz da Rainha dos profetas. E, neste caso, àquele mal se sucederiam outros: guerras e perseguições à Igreja e ao Papa, martírios, várias nações seriam aniquiladas. Nossa Senhora indicava, assim,
a extensão de uma calamidade que se alastraria pela terra, ao cabo da qual, porém, o Imaculado Coração d’Ela triunfaria.
A crise moral continua a se acentuar
Apesar do aviso claríssimo de Nossa Senhora, a crise moral, de 1917 para cá, não fez mais que acentuar-se. As modas, as leis e os costumes cada vez mais abertamente estão defendendo o crime, o pecado, a aversão à Lei de Deus, frutos de uma cultura laica e materialista.
Está sendo instaurada uma completa inversão de valores, uma ordem de coisas que propicia o vício e dificulta a prática da virtude. E o motivo central desta profunda crise é, sem dúvida, o abandono da Religião. A humanidade já não vive mais em função de seu Criador, mas de si mesma. Esqueceu-se de que seu fim nesta terra é amar a Deus e conquistar a salvação
das almas. Diante de quadro tão dramático, como esperar que não venha sobre o mundo uma intervenção regeneradora?
Como poderia Deus ignorar a imensa crise na qual o mundo está submerso, pela maldade dos homens? Uma mudança da sociedade rumo à verdadeira conversão vai se tornando mais improvável. E à medida que caminhamos para o paroxismo da degradação moral, mais provável também é a efetivação dos castigos profetizados por Nossa Senhora. Isso
posto, resta-nos voltar o nosso olhar para uma luz que brilha no horizonte dos acontecimentos atuais, e que nos convida a confiar na promessa feita por Ela há cem anos: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.1
O triunfo do Imaculado Coração de Maria será propriamente o Reino de Maria, ou seja, o ápice da História, quando o preciosíssimo Sangue de Cristo, derramado para nossa redenção, produzirá seus melhores frutos.
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1 IRMÃ LÚCIA. Memórias I. Quarta Memória, c.II, n.5. 13.ed. Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 2007,