A sublime beleza moral da Nova Lei


VII Domingo do Tempo Comum

Aos preceitos morais da Antiga Lei, Nosso Senhor vai acrescentar exigências muito mais profundas, elevadas e radicais

Mons. João S. Clá Dias, Fundador dos Arautos do Evangelho e do Apostolado do Oratório

 

 

No Evangelho deste 7º Domingo do Tempo Comum se encontra o cerne de todo o Sermão da Montanha, o qual nos indica a via segura para atingirmos a santidade. No que consiste ser santo? Em alcançar a ousada meta traçada pelo Divino Mestre: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”. Como veremos neste Evangelho, Nosso Senhor modificou completamente o sistema cruel e egoísta de encarar o relacionamento humano que reinava até então.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 38 “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ 39 Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! 40 Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! 41 Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! 42 Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado. 43 Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ 44 Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! 45 Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos Céus, porque Ele faz nascer o Sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre os justos e injustos. 46 Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47 E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 38-48).

No Cristianismo, a vingança pessoal fica banida

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 38 “Vós
ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’
39 Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado!
Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita,
oferece-lhe também a esquerda!”

Já tivemos ocasião de explicar como a lei de talião vigorava na Antiguidade. Podemos encontrá-la no Código de Hamurabi ― escrito por volta de 1750 a.C., na Babilônia ―, tendo sido, inclusive, incorporada ao Direito Romano. Vale recordar vir o termo talião do latim talis, significando tal ou igual. Ou seja, o revide deveria ser proporcionado à ofensa.

Em certo sentido, compreende-se que fossem estabelecidas normas como esta, por se tratar de povos rudes habituados ao uso da força, entre os quais não era fácil fazer prevalecer o direito e a justiça.

Na realidade, a lei de talião, ao promulgar a equivalência do castigo em relação ao crime cometido, moderou as vinganças desmesuradas tão frequentes na época.

Também a legislação mosaica a empregava, como lemos no Livro do Êxodo: “urge dar vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (21, 23-25). Se bem que, no início, a aplicação desta lei competisse apenas à legítima autoridade, mais tarde, com a decadência dos costumes, os particulares começaram a fazer justiça pelas próprias mãos e segundo seu critério, praticando atrozes represálias contra os adversários. É, pois, para premunir seus discípulos contra sentimentos de rancor que Nosso Senhor afirma: “se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda!”.

Ora, ouvindo estas palavras, uma pergunta aflora ao espírito: como entender tal preceito, uma vez que Ele mesmo agiu de outro modo ao ser esbofeteado por um soldado na casa de Anás? Em vez de oferecer a outra face, replicou: “Se falei mal, prova-o; mas se falei bem, por que Me bates?” (Jo 18, 23).

O Redentor veio implantar uma mentalidade nova. Ele quer que o egoísmo seja eliminado de nosso interior, a ponto de não reagirmos por amor-próprio quando alguém nos ofender ou esbofetear injustamente, mas considerarmos, antes de tudo, o ultraje feito a Deus pela violação dos seus Mandamentos.

Por este prisma, oferecer a outra face suporia induzir o agressor a cometer mais um pecado, em vez de conduzi-lo a cair em si. Ao interpelar seu algoz, na realidade Ele procurava o bem daquela pobre alma, dando-lhe oportunidade de reparar o seu erro. Embora o infeliz provavelmente não tivesse noção de ter esbofeteado o próprio Deus, nem por isso sua censurável brutalidade deixava de ser falta grave contra o bem e a justiça. Com sua resposta serena, Nosso Senhor tentava pôr a consciência do agressor em ordem.

Desapego dos bens materiais

40 “Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica,
dá-lhe também o manto!”

Naquele tempo era comum a posse de várias túnicas, mas só um ou dois mantos. Este último era reputado indispensável, o traje por excelência, mais valioso do que a própria túnica. Com efeito, vemos a preocupação de São Paulo em pedir a Timóteo, em uma de suas epístolas, a capa que havia deixado “em Trôade na casa de Carpo” (II Tim 4, 13). Segundo a Lei judaica, quem tomava o manto do próximo como penhor de empréstimo, não podia retê-lo até o dia seguinte e estava obrigado a devolvê-lo antes do pôr do Sol (cf. Ex 22, 26), porque faria muita falta ao proprietário. Assim, ao dizer que entreguemos “também o manto” a quem nos quiser tomar a túnica, Nosso Senhor nos recomenda o mais completo desapego dos bens terrenos e que nossas almas estejam livres de qualquer volúpia de posse.

Combate ao egoísmo

41 “Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com
ele!”

Às vezes, os soldados romanos ou outros funcionários do governo requisitavam a ajuda de alguém para lhes servir de guia ou para outro trabalho, como aconteceu a Simão de Cirene, “que voltava do campo, e impuseram-lhe a Cruz para que a carregasse atrás de Jesus” (Lc 23, 26). Naturalmente, quando um imprevisto semelhante ocorria, muitos se queixavam e até se recusavam a atender ao pedido. Para nos ensinar o valor da caridade, diz Nosso Senhor: “Caminha dois quilômetros com ele!”. Ou seja, desde que esteja a seu alcance, faça de bom grado até mais do que lhe for solicitado.

O valor da generosidade

42 “Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede
emprestado”.

No Antigo Testamento encontramos vários elogios a quem empresta: “jamais vi o justo abandonado, nem seus filhos a mendigar o pão. Todos os dias empresta misericordiosamente, e abençoada é a sua posteridade” (Sl 36, 25-26); “Feliz o homem que se compadece e empresta” (Sl 111, 5). Jesus, ao lembrar aos seus ouvintes esta verdade, demonstra que, de fato, não veio para abolir a Lei e os profetas, mas para lhes dar pleno cumprimento (cf. Mt 5, 17).

Então, como deve ser interpretado este versículo? É preciso que nós cedamos sempre e demos tudo o que nos pedirem? Se este princípio fosse transformado em lei, a sociedade tornar-se-ia um caos em razão de incontáveis abusos. Não pode ser esta, portanto, a intenção de Nosso Senhor. Deseja Ele que nos esqueçamos de nós mesmos, preocupando-nos com as privações alheias, e que estejamos limpos de qualquer interesse e pragmatismo. Pelo contrário, o egoísta, aquele que vive fechado em si, jamais toma a iniciativa de auxiliar o necessitado, e se alguém lhe implora um favor, logo procura esquivar-se.

O preceito do amor universal

43 “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o
teu inimigo!’”

Quando, posto à prova, o Divino Redentor perguntou ao doutor da Lei o que nela estava escrito (cf. Lc 10, 25-26), este logo respondeu de maneira acertada, citando os Livros do Deuteronômio e do Levítico: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças” (Dt 6, 5) e a “teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19, 18). Conheciam os judeus perfeitamente o preceito do amor universal, todavia consideravam como “próximos” apenas os seus compatriotas, enquanto os gentios e os pagãos eram tidos como inimigos, merecedores de desprezo e ódio.

Verdadeiro Legislador, Nosso Senhor Jesus Cristo vai retificar as interpretações falseadas da Lei de Moisés, que a alteravam e empobreciam, para dar nova plenitude aos Mandamentos e ensinamentos antigos. Como já tivemos ocasião de comentar, ao confrontar a expressão “Vós ouvistes…” com a afirmação “Eu vos digo…”, do versículo seguinte, Ele mostra quão vazia é, em contraposição ao Evangelho, a moral das exterioridades criada pelos fariseus. Falando em primeira pessoa, Ele realmente “ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas” (Mt 7, 29).

44 “Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por
aqueles que vos perseguem!”

Segundo a Nova Lei, os discípulos d’Aquele que é “manso e humilde de coração” (Mt 11, 29) não deverão amar menos os que os aborrecem, perseguem e caluniam do que os que os estimam, exaltam e abençoam. Se queremos ser filhos de Deus, precisamos ter uma completa isenção de ânimo em relação aos inimigos e rezar por eles. A glória de Deus exige que procuremos fazer o possível para a conversão de todos, imitando o sublime exemplo de Jesus no alto da Cruz. Qual foi sua primeira palavra, pronunciada em relação aos que O crucificavam? “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34).

Por certo, não se deve ser indolente e permitir aos adversários da Igreja agirem livremente contra Ela, implantando a iniquidade na Terra. Se é obrigação amar os inimigos, é mister também odiar o pecado! Cumpre, pois, pedir a intervenção divina para fazer cessar o mal e empregar todos os meios ― sempre conforme a Lei de Deus e a dos homens ― para que este não prevaleça no mundo.


A munificência infinita de Deus

45 “Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos Céus,
porque Ele faz nascer o Sol sobre os maus e os bons e faz cair a
chuva sobre os justos e injustos”.

Assim como o Pai que está nos Céus “faz cair a chuva sobre os justos e injustos”, também derrama as suas graças sobre todos, inclusive sobre os miseráveis e os malfeitores. Deus criou os Anjos e os homens com o intuito de terem parte em sua felicidade absoluta. Tão grande é seu amor por nós e seu desejo de salvar-nos, que enviou seu Filho Unigênito e eterno a fim de Se encarnar e suportar os tormentos da Paixão para redimir o gênero humano e lhe abrir as portas do Céu.

Sendo esta a vontade do Pai, cabe-nos trabalhar com ardor, não apenas pela salvação de todos os que lutam neste vale de lágrimas, mas ainda acelerar, com nossas preces e sacrifícios, a libertação das almas que padecem no Purgatório.


O amor é o sinal distintivo dos cristãos

46 “Porque se amais somente aqueles que vos amam, que
recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a
mesma coisa? 47 E se saudais somente os vossos irmãos, o que
fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa?”

Para podermos calcular a indignação dos fariseus por serem comparados aos pagãos e cobradores de impostos, considerados tão desprezíveis, basta recordar a oração de um deles no Templo: “Graças Te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali” (Lc 18, 11).

A insuperável didática do Divino Mestre nos leva a compreender facilmente através destas duas confrontações que amar os amigos e benfeitores nada tem de extraordinário. O mérito está em querer o bem até dos que nos atacam, roubam ou injuriam.

A esse respeito, esclarece Santo Agostinho: “Só a caridade distingue os filhos de Deus dos do demônio. Persignem-se todos com o sinal da Cruz de Cristo; respondam todos: Amém; cantem todos: Aleluia; batizem-se todos; frequentem a igreja, apinhem-se nas basílicas; não se distinguirão os filhos de Deus dos do demônio a não ser pela caridade. […] Tens tudo o que quiseres; se te falta só a caridade, de nada te aproveita tudo o que tiveres”.

Desta forma, ao notarmos a antipatia de alguém por nós, deveríamos pensar: “É por este que vou rezar, para que Nossa Senhora lhe obtenha a graça da salvação eterna. Na aparência, ele é meu inimigo; na realidade, faz um bem enorme à minha alma, pois me ajuda a perceber que, de fato, por causa dos meus defeitos, eu teria de me olhar e de me tratar como ele me olha e me trata. Assim, eu me conheço melhor”.

O heroísmo do perdão

Jesus nos convida a segui-Lo pelas vias heroicas da caridade, da paciência e do perdão máximo, rápido e total. Por este motivo não podemos guardar ressentimento contra ninguém, mas devemos esquecer a priori qualquer ofensa pessoal. Nós, cristãos, precisamos ser um verdadeiro mar de perdão, como ensina o Apóstolo: “Toda amargura, ira, indignação, gritaria e calúnia sejam desterradas do meio de vós, bem como toda malícia. Antes, sede uns com os outros bondosos e compassivos. Perdoai-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou, em Cristo” (Ef 4, 31-32).

Essa disposição interior que torna agradável o convívio entre os cristãos, chamava a atenção dos pagãos, nos primórdios da Igreja: “Vede como eles se amam e como estão dispostos a morrer um pelo outro”. Ora, passados dois mil anos de Cristandade, seria de se esperar que os ensinamentos do Divino Mestre houvessem penetrado nas instituições, nos costumes e no relacionamento humano, a ponto de ser a sociedade de hoje mais marcada pela caridade e benquerença do que foi outrora, como um vinho cujo sabor se requinta com o correr do tempo.

A meta mais ousada da História

48 “Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!”

Jesus formula, com uma clareza insofismável, a meta e o objetivo de nossa vida: imitar o Pai celeste, modelo absoluto de santidade, adequando a Ele nossa mentalidade, inclinações e desejos. Mas como seremos perfeitos como Deus é perfeito? Por que meio chegaremos até essa suprema perfeição, impossível para nossa débil natureza? Nosso Senhor teria, então, dado um conselho impraticável? Ou seria um exagero didático? Ele poderia ter dito: “Sede perfeitos como Moisés foi perfeito, como Abraão, como Isaac, como Jacó”… Por que reportar a tão elevado modelo? Ocorre que o Filho, a Segunda Pessoa da Trindade, o Verbo incriado, igual ao Pai, assumiu nossa natureza, e, sendo Homem, como Arquétipo da humanidade, reproduziu em Si a perfeição do Pai, instando-nos a fazer o mesmo.

Com o Batismo nos é infundida a graça santificante ― participação na vida divina ―, acompanhada das virtudes e dos dons, permitindo-nos realizar ao modo divino aquilo que, pelas meras forças humanas, seria totalmente inatingível. Portanto, não nos contentemos em cumprir só os Mandamentos. Muito mais que isso, devemos querer assemelhar-nos a Nosso Senhor, procurando ser perfeitos como Ele, para atender ao altíssimo convite feito no Sermão da Montanha.

Este é o sentido da jaculatória que encontramos na Ladainha do Sagrado Coração: “Jesus, manso e humilde de Coração, fazei nosso coração semelhante ao vosso!”.

Chamados ao verdadeiro heroísmo

A vida sobrenatural em nós é passível de crescimento, na medida em que rezemos, nos esforcemos na prática da virtude evitando as ocasiões de pecado e frequentemos os Sacramentos. Mais que em outras épocas históricas, vivemos cercados de perigos que ameaçam nossa perseverança. Para resistir a todas essas solicitações do demônio, do mundo e da carne, é indispensável alimentar um grande desejo de alcançar o heroísmo da perfeição.

No Céu nos está reservado um lugar que poderemos ocupar com mais ou menos brilho, dependendo da fidelidade com que busquemos ser “perfeitos como o nosso Pai celeste é perfeito”. A conhecida máxima de Paul Claudel, “a juventude não foi feita para o prazer, mas sim para o heroísmo”, na realidade está incompleta, pois o heroísmo em matéria de virtude não é uma obrigação exclusiva dos jovens, mas de todos os homens, sem exceção.

Edificantes exemplos

Estas disposições, nós as encontramos em abundância na vida dos Santos. Certa vez, São Francisco de Sales, já sendo Bispo de Genebra, se deparou com um nobre que o cumulou das maiores ofensas, às quais ele nada respondeu, guardando um silêncio cheio de doçura e serenidade. Após a saída do visitante, um sacerdote que presenciara a cena perguntou a São Francisco por que não reprimira o insolente com firmeza. “Meu padre” ― respondeu o Santo ― “fiz um pacto com a minha língua, pelo qual ela se calará enquanto meu coração estiver tomado e não replicará jamais a nenhuma palavra capaz de me provocar cólera”. Como era a sua pessoa que estava em jogo, ele jugulou o amor-próprio e conservou-se impassível. Dias depois, o culpado, comovido com a caridade do Bispo, veio em lágrimas pedir-lhe perdão.7 É assim que devemos ser!

Disso deu exemplo também o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ― aliás, grande admirador de São Francisco de Sales ―, com quem o Autor deste artigo conviveu durante quase quarenta anos. Ele se mantinha permanentemente no espírito do Evangelho, mesmo diante de sofrimentos causados por pessoas próximas. Devido à restrição de alguns de seus movimentos, em consequência de um acidente automobilístico, precisava ele de auxílio para alguns atos da vida cotidiana. Seu inteiro desapego levava-o a nem sequer escolher as roupas a serem usadas, deixando a outros tal tarefa. Por vezes a escolha inadequada o levava a usar um terno leve em um dia frio ou um terno de inverno em tempo de calor, o que ele aceitava, enfrentando os incômodos sem jamais deles se queixar.

Não era raro, quando alguém lhe pedia um encontro, que ele não determinasse o lugar da reunião, mas mandasse indagar à pessoa onde gostaria de ser atendida. Em certa ocasião, Dr. Plinio recebeu em sua residência, às seis horas da tarde, alguns visitantes chegados do exterior, e estes ficaram tão entretidos e encantados na conversa com o anfitrião que às onze horas da noite ainda não se haviam retirado. Em nenhum momento Dr. Plinio lhes dava a entender o avançado da hora, pois, se não estava comprometida a Causa Católica, ele, com grande mansidão e cordura, procurava se adaptar aos outros, fazendo-lhes a vontade.

Ao admirar tais fatos, não podemos nos esquecer de que o verdadeiro heroísmo da virtude é inseparável da entrega completa nas mãos de Deus, tendo consciência de que qualquer ato bom vem da graça, e não da natureza humana. Nós também somos chamados a seguir este caminho: ser perfeitos como o deseja o Pai celeste, cujo auxílio para tal não nos há de faltar! ♦


O Inédito sobre os Evangelhos. Vol. 02. Ano A.

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