Como alcançar uma sociedade feliz?


A primeira instituição humana não foi governamental, nem econômica, nem mesmo laboral. Criado Adão, e formada Eva de seu costado, constituíram eles a primeira família humana, princípio e causa de todas as demais.

Monsenhor João S. Clá Dias, EP, Fundador dos Arautos do Evangelho


Desde a origem, como reafirmado posteriormente pelo Salvador (cf. Mc 10, 6-8), Deus criou o homem e a mulher, os quais, unindo-se segundo um desígnio eterno de sua sabedoria, “são uma só carne” (Gn 2, 24)

A solidez e estabilidade desta união — cuja sublimidade foi elevada a Sacramento pelo próprio Cristo como Fundador da Igreja — se encontram radicadas no fato de ser ela operada pelo próprio Deus, embora ministrada pelos esposos: a iniciativa é humana, mas o resultado é divino, porquanto o homem não tem poder para anulá-lo. Esta realidade foi sancionada pelo Redentor com uma ordem clara: “não separe o homem o que Deus uniu” (Mt 19, 6).

Foi este um dos elementos que opuseram-No aos fariseus: muito preocupados pelos aspectos humanos, e pouco interessados nos desígnios divinos, buscavam estes distorcer os princípios mosaicos para adequar a Religião às suas paixões. Jesus Cristo, contudo, não deu a menor margem às suas ânsias; obstinados e impenitentes, com esta e outras atitudes, os fariseus se empurraram voluntariamente para a margem da História…

Do casamento concebido segundo a visão cristã, surgiram as famílias que deram origem às sociedades inspiradas no Evangelho, destinadas a fazer florescer os frutos do Espírito: “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gal 5, 22-23). Com muita organicidade, o homem conhecia uma mulher e, motivados pela caridade, resolviam casar-se; enfrentavam dificuldades, mas perseveravam juntos. Passavam-se os anos, e ambos se davam muito bem! Assim perduraram as sociedades, durante vinte séculos…

Porém, surgiram o divórcio e formas cada vez mais esdrúxulas de “famílias”; e os problemas, em vez de diminuir, aumentaram… Assim, chegamos a uma situação na qual a família sofre duma crise global, até constituir-se hoje uma verdadeira encruzilhada na História. Com efeito, de modo quase cíclico, a dureza de coração que Jesus denunciara nos fariseus (cf. Mc 10, 5) torna uma e outra vez a manifestar-se: com pretextos mais ou menos semelhantes, pretendem sempre retorcer a verdade de modo a julgar-se no direito de exigir de Deus que justifique os efeitos das paixões desregradas. Onde encontrar novamente o remédio para este mal antigo?

Para um mesmo problema, vale a mesma solução. Ontem, como hoje e sempre, o homem nesta Terra nunca poderá evitar a dor. O segredo da felicidade, portanto, não se encontra em não sofrer, mas em como enfrentar o sofrimento. A felicidade da família bem constituída se firma na Rocha sobre a qual foi edificada (cf. Lc 6, 48); enquanto ambos os esposos se encontram abrasados no amor a Deus, não temem nem vacilam; mesmo quando sofrem, estão cheios de alegria espiritual. A chave da felicidade de determinada sociedade consiste, pois, em estar formada por famílias cujos cônjuges anseiam pela santidade. ♦

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