Congressos Eucarísticos… paroquiais?

Entre as manifestações de culto ao Santíssimo Sacramento se destaca a realização dos Congressos Eucarísticos

Pe. Rafael Ramón Ibarguren Schindler*, EP

IV Congresso Eucarístico Nacional, realizado no ano de 1942 em São Paulo, no Vale do Anhangabaú, com a presença de 500 mil pessoas. A população da cidade nesta época era de 1.400.000 pessoas

O que são propriamente os congressos eucarísticos? São eventos eclesiais cujo propósito é aumentar a compreensão e a participação dos fiéis no mistério eucarístico, seja no âmbito da Santa Missa, seja em outras expressões que tendem a irradiar os efeitos da Presença Real na vida pessoal e social.

Sendo a Eucaristia a fonte e a pedra angular de toda a vida cristã, nada é mais claro e recomendável do que a organização e participação nesses congressos. Existem internacionais, nacionais, diocesanos e paroquiais.

Dependendo das necessidades, recursos e circunstâncias, eles podem durar um tempo razoavelmente estipulado; Será um ou mais dias, nunca mais de uma semana. Seu desenvolvimento pode variar, mas sempre consiste em momentos de adoração, espaços de instrução através de apresentações, geralmente há também tempo para confissões, e é de praxe que haja uma procissão eucarística e uma missa solene de encerramento.

Após o término de um Congresso, se trata de colher os frutos, afervorando as pessoas para se comprometerem mais com o Senhor, seja como adoradores, seja como membros da pastoral paroquial.

Os Congressos Eucarísticos Internacionais são realizados na Igreja desde 1881; o primeiro foi em Lille, na França, e o próximo será realizado em 2020, em Budapeste, na Hungria. Eles já estiveram nos cinco continentes. Um Congresso Eucarístico Internacional é convocado pelo Papa e presidido por um delegado ad hoc. Há no Vaticano um organismo que cuida dessas celebrações, o Comitê Pontifício para os Congressos Eucarísticos Internacionais que foi erigido pelo Papa Leão XIII. Seu atual presidente é Monsenhor Piero Marini.

Naturalmente, os Congressos Internacionais pedem uma preparação cuidadosa e despesas consideráveis, pois acolhem milhares de fiéis de todo o mundo. Em menor grau, tempo e recuros são investidos nos nacionais e nos diocesanos. Os congressos eucarísticos paroquiais (que chamamos de CEP) são muito mais acessíveis do ponto de vista organizacional e custam quase nada.

Aqui chegamos ao nosso ponto. Este artigo pretende motivar os párocos e leigos comprometidos com as suas paróquias, incentivá-los a organizar um CEP. Quem escreve estas linhas participou recentemente de um na paróquia de San Lorenzo na cidade de Ñemby, Diocese de San Lorenzo, no Paraguai. Durou apenas um dia, mas foi muito proveitoso, com a participação de crianças, jovens e adultos. Encorajado pelos resultados obtidos nessa oportunidade, dou aqui algumas sugestões para a realização deste evento.

Os Arautos realizam o evento “Tarde de Louvor com Maria”. Porque não um evento “Tarde de Louvor Eucarístico”? Na foto, palestra durante uma Tarde com Maria em Caeté/MG

Para isso, vamos ao prático, estabelecer um programa. Então, uma proposta como sugestão … certamente nada de extraordinário e muito fácil de executar. Imagine um CEP com cinco dias, de quarta a domingo. Poderia ser assim:

  • Pela manhã: visita a escolas, lojas e estabelecimentos comerciais  e, sobretudo, aos lares, para convidar as famílias a participarem do congresso. Pode ser incluído também em algum dia, visitas a asilos, hospitais e creches.
  • Pela tarde: na paróquia, com palestras e reuniões, com temas por exemplo: “Eucaristia, celebração e adoração”, “Eucaristia e missão; discípulos e missionários “, “Eucaristia e Dia do Senhor, importância do domingo”, “Maria, Mulher Eucarística”.
    Depois, exposição do Santíssimo Sacramento, oração, rosário, por fim um tempo para conversa e convívio. Encerrando com a benção do Santíssimo Sacramento.
  • No domingo: Procissão Eucarística pelas ruas da paróquia, Santa Missa de encerramento, se possível presidida pelo Bispo. Durante estes dias, os fiéis serão convidados a se inscrever para adoração perpétua (se houver).

Essas são apenas sugestões. Sempre o pároco é quem decidirá como, quando e onde fazer. E para aqueles que o nome “congresso” parece formal demais, pode-se chamar essa iniciativa de “Dias Eucarísticos”… O nome é o de menos! O que importa é o conteúdo e o resultado esperado.

As várias formas de adoração do Santíssimo Sacramento são uma extensão e, ao mesmo tempo, uma preparação para o sacrifício da Missa e da Comunhão. É claro que não poderemos participar adequadamente da Missa, nem receberemos a comunhão com seus frutos, se não conhecermos a Eucaristia tanto quanto estiver ao nosso alcance; daí a oportunidade de um CEP.

“Maria escolheu a melhor parte” (Lc 10, 42) Jesus disse ao ver o serviço dedicado de Marta. Vamos aplicar esta lição. Bem antes do compromisso social, muito menos o econômico ou o político, que muitas vezes é causa de mal-entendidos e dissensões, está a conversão pessoal que parte da Eucaristia e leva a ela.

Porque não conversar com o nosso pároco sobre a possibilidade de realizar tais conferências? Os padres contam com os fiéis para empreender iniciativas. Vamos ajudar nossos pastores. Do tabernáculo silencioso – e tantas vezes abandonado – o Senhor, que tanto deseja relacionar-se com seus irmãos, abençoará o projeto.

São Paulo, fevereiro de 2019.

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*Conselheiro de Honra da Federação Mundial das Obras Eucarísticas e da Igreja.

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