Jesus convive conosco

Pe Antonio Guerra
Pe. Antônio Guerra

Imaginemos alguém que tivesse presenciado, com enlevo, os milagres de Jesus – aqui a multiplicação dos pães e dos peixes, ali a cura de um paralítico, acolá o andar sobre as águas do mar da Galileia. E ainda mais, a ressurreição de mortos: a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim, e Lázaro, que já estava no sepulcro havia quatro dias…

E tivesse ouvido as palavras do Mestre com as quais Ele ensinava e atraía as multidões. Enfim, pensemos em alguém que tivesse convivido com Ele, testemunhando sua infinita bondade refletida no olhar e na voz.

Essa mesma pessoa, ao vê-lo elevar-se aos Céus, no dia da Ascensão, bem poderia sentir um aperto no coração e se perguntar: “Mas, então tudo vai acabar? Os homens nunca mais poderão conviver com Ele?”.

Se é normal que o coração sinta a ausência de um ente querido, o que dizer em relação ao próprio Deus? Assim, o firmamento, a natureza, o gênero humano, talvez até mesmo os Anjos repetiam a súplica dos discípulos de Emaús: “Ficai conosco!” (Lc 24, 29).

Também da parte de Jesus havia o desejo de nunca mais se separar daqueles com os quais condescendeu em contrair uma relação especial. O amor do Criador pelas criaturas é infinitamente maior do que o destas para Deus. Ele, portanto, desejava ficar conosco. Mas como se faria essa maravilha?

Nem todos os Anjos e todos os homens reunidos conseguiriam encontrar a solução apresentada. Só mesmo o Homem-Deus poderia excogitar a Sagrada Eucaristia. Só Ele poderia realizar para nós tal milagre, e com todo o amor, a ponto de também ter ansiado a hora em que pudesse torná-la realidade. “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer” (Lc 22, 15) — confidenciou-lhes
na Santa Ceia.

A festa de Corpus Christi vem comemorar esse incomparável dom feito a nós, o místico convívio com o próprio Jesus, cumulando de méritos nossa fé, ao contemplarem nossos olhos aquele pão e vinho consagrados, mas que na realidade, substancialmente, são o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de nosso Redentor. Ele penetra, em nosso interior, para nos aconselhar, confortar e santificar. Numa palavra: para conviver conosco.

Pe. Antônio Guerra, EP
Assistente Espiritual do Apostolado do Oratório

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