Aquele pouco que desejas oferecer, procura depositá-lo nas mãos de Maria, graciosíssimas e digníssimas de todo apreço, a fim de que seja oferecido ao Senhor sem sofrer d’Ele recusa.
São Bernardo de Claraval
Aquele pouco que desejas oferecer, procura depositá-lo nas mãos de Maria, graciosíssimas e digníssimas de todo apreço, a fim de que seja oferecido ao Senhor sem sofrer d’Ele recusa.
São Bernardo de Claraval
Maria Teresa Pinheiro Lisboa Miranda
Após uma forte chuva numa pequena cidade do interior, onde não havia arranha-céus para encobrir o horizonte, deparei-me com um lindo arco-íris. Maravilhada, lembrei-me da história de Noé e da surpreendente afirmação que ouvi em idos tempos numa aula de catecismo: o arco-íris surgido no céu após o dilúvio foi uma pré-figura de Nossa Senhora. Recordemos um pouco a história narrada pelo Gênesis, para melhor compreendermos tão belo simbolismo.
Naquele tempo, “o Senhor viu que a maldade dos homens era grande na Terra (…) Então Deus disse a Noé: Faze para ti uma arca de madeira resinosa (…) Eis que vou fazer cair o dilúvio sobre a Terra (…) Tudo que está sobre a Terra morrerá. Mas farei aliança contigo: entrarás na arca com teus filhos, tua mulher, e as mulheres dos teus filhos. De tudo o que vive, de cada espécie de animais farás entrar na arca dois, macho e fêmea, para que vivam contigo”.
“O dilúvio caiu sobre a Terra durante quarenta dias. (…) As águas inundaram tudo com violência, e cobriram toda a Terra, e a arca flutuava na superfície das águas. (…) As águas cobriram todos os altos montes. (…) Elas cobriram a Terra pelo espaço de cento e cinquenta dias.”Depois do dilúvio, disse também Deus a Noé: “Faço esta aliança convosco: nenhuma criatura será mais destruída pelas águas do dilúvio (…) Ponho o meu arco nas nuvens, para que ele seja o sinal da aliança entre mim e a Terra”.
Decorridos alguns milênios tendo o coração dos homens se voltado novamente para o mal e chegada a hora de misericórdia prevista pelos profetas Deus enviou o seu próprio Filho para tirar a humanidade do dilúvio de iniquidade que inundava a Terra, e convidar os homens para entrar na nova arca. Não em uma arca material, construída por mãos humanas, mas sim, na arca por excelência: a Santa Igreja edificada pelo próprio Filho de Deus feito Homem. E para nos proteger e manter uma estreita aliança conosco, nos enviou também um arco-íris. Mas… que arco-íris? Não um mero fenômeno natural mostrando sete cores, mas sim um arco-íris vivo: Maria, a Mãe de Deus, Aquela na qual os sete dons do Espírito Santo refulgem com inigualável magnificência.
Eis o que, no século XIV, Nossa Senhora, dirigindo-se a Santa Brígida, afirmou:
“Eu me estendo sobre o mundo em contínua oração, assim como sobre as nuvens está o arco-íris, que parece voltar-se para a Terra e tocá-la com suas extremidades. Este arco-íris, sou Eu mesma que, por minhas preces, abaixo-me e me debruço sobre os bons e os maus habitantes da Terra. Inclino-me sobre os bons para ajudá-los a permanecerem fiéis e devotos na observância dos preceitos da Igreja; e sobre os maus, para impedi-los de irem adiante na sua malícia e se tornarem piores”.
São Bernardino de Siena, ilustrando seu discurso sobre o Santo Nome de Maria, comenta: “Maria une e concilia a Igreja Triunfante à Igreja Militante. Seu nascimento anuncia que, doravante, existirá a paz entre o Céu e a Terra. Ela é o arco-íris dado pelo Senhor a Noé em sinal de aliança, e como penhor de que o gênero humano não será mais destruído. E por quê? Porque é Ela que trouxe à luz Aquele que é nossa paz”.
Quanta consolação, quanta esperança nos evocam essas palavras! Neste mundo, em que somos peregrinos, sofrimentos, tentações e perplexidades são inerentes à nossa vida. Contudo, em meio às dores e aflições, sempre vislumbramos a esperançosa figura de um incomparável arco-íris: Maria Santíssima! É Ela quem nos guia em nossa peregrinação rumo à Pátria Celestial, ajudando-nos em todas as nossas necessidades e envolvendo-nos com seu maternal, constante e infatigável amor.
“O arco-íris alegra a Terra e lhe proporciona uma chuva abundante e benfazeja. Do mesmo modo, Maria consola aos fracos, enchendo de júbilo os aflitos e inundando copiosamente os áridos corações dos pecadores, pela fecunda chuva de graça”, comenta o Pe. Jourdain em sua obra dedicada às grandezas de Maria.
Confiantes e extremamente gratos por tão insondável proteção, procuremos amá-La, honrá-La, invocá-La e servi-La a cada momento de nossas vidas, propagando sempre uma devoção piedosa e sincera a Ela, que é o único e verdadeiro Arco-Íris que nos une ao seu Divino Filho, o instrumento de aliança entre Deus e os homens.