Vaticano: João Paulo II e João XXIII, novos santos

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Foto: Gaudium Press

Cidade do Vaticano, 27 abr 2014 (Ecclesia) – Francisco canonizou este domingo os Papas João Paulo II e João XXIII, última etapa no reconhecimento como santo na Igreja Católica, gesto sublinhado por palmas da multidão presente no Vaticano.

Durante a Missa que decorre na Praça de São Pedro, o atual Papa proclamou a fórmula de canonização, inscrevendo os antigos pontífices no “Álbum dos Santos” e estabelecendo que “em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados entre os Santos”.

A proclamação foi acompanhada por uma salva de palmas dos participantes na celebração, entre os quais se destacam os peregrinos polacos.

Bento XVI, Papa emérito, concelebra pela primeira vez com o seu sucessor e a sua chegada também foi assinalada com um aplauso.

Pouco depois do início da Missa, o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato, pediu em três momentos sucessivos que os beatos sejam inscritos no “álbum dos Santos”.

O rito prosseguiu com a colocação das relíquias junto ao altar, com as respectivas relíquias – uma ampola com sangue de João Paulo II, a mesma da beatificação em 2011, e um fragmento da pele de João XXIII, recolhido aquando da exumação, em 2000.

As relíquias de São João Paulo II foram transportadas pela costa-riquenha Floribeth Mora Díaz, curada de uma aneurisma cerebral pela intercessão do Papa polaco após a sua beatificação, e seus familiares.

Em relação às relíquias de São João XXIII, a procissão contou com familiares e o autarca de Sotto il Monte (Bérgamo), Eugenio Bolognini, terra natal do Papa italiano, para além do presidente da Fundação Giovanni XXIII, padre Ezio Bolis.

Depois da proclamação dos novos santos, o cardeal Amato agradeceu a Francisco, novamente em latim, e abraçou o Papa, terminando assim este rito de canonização.

O nome dos novos santos será pronunciado pela primeira vez durante a oração eucarística, a mais importante da Missa.

A biografia oficial de João Paulo II, preparada pelo Vaticano para a canonização, destaca o “grave atentado” sofrido pelo Papa polaco a 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro, sublinhando que o novo santo “perdoou ao autor do atentado”.

“Nenhum outro Papa se encontrou com tantas pessoas como João Paulo II”, refere o documento, aludindo, entre outros, aos mais de 17 de milhões de peregrinos que participaram nas audiências públicas semanais, e “os milhões de fiéis contactados durante as visitas pastorais em Itália e no mundo” e na celebração das Jornadas Mundiais da Juventude, que criou.

Quanto a João XXIII, destaca-se a coragem e a bondade do Papa que liderou a Igreja Católica entre 1958 e 1963, convocando o Concílio Vaticano II.

“Transparecia dele, iniciador de uma renovação da Igreja, a paz de quem confia sempre no Senhor”, acrescenta a nota biográfica. OC

Agência Ecclesia

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Vaticano: Papa Francisco vai receber anel do pescador e pálio esta terça-feira

Foto: Agência Ecclesia
Foto: Agência Ecclesia

Cidade do Vaticano, 18 mar 2013 – O Papa Francisco vai receber esta terça-feira o anel do pescador e o pálio, insígnias de autoridade, antes da missa de inauguração do seu pontificado, na Praça de São Pedro, que vai reunir dezenas de milhares de pessoas.

A cerimónia tem início marcado para as 09h30 locais (menos uma em Lisboa) e será concelebrada pelos cardeais e patriarcas orientais presentes em Roma, bem como os superiores gerais dos franciscanos e dos jesuítas.

O primeiro momento da celebração decorre sobre o túmulo de São Pedro, onde Francisco vai rezar em silêncio, com dez patriarcas das Igrejas Orientais católicas, saindo em procissão acompanhados por dois diáconos com o anel e o pálio ali colocados na noite de hoje.

A procissão até ao exterior vai decorrer ao som das ‘Laudes Regiae’ (louvor ao rei, em honra a Cristo), na qual se invocam vários santos, em particular os que foram Papas.

O anel do pescador (anulus piscatoris) faz parte das insígnias oficiais do Papa, enquanto sucessor do Apóstolo Pedro, pescador da Galileia, localidade israelita onde nasceu o discípulo de Jesus.

O decano (presidente) do Colégio Cardinalício, D. Angelo Sodano, colocará o anel na mão esquerda do novo Papa antes da missa, segundo o novo ritual aprovado por Bento XVI antes de renunciar ao pontificado.

O anel do pescador escolhido por Francisco é obra do italiano Enrico Manfrini, tem uma representação de São Pedro com as chaves e é feito em prata dourada, não em ouro.

A primeira referência documental a esta insígnia aparece no ano de 1256, numa carta de Clemente IV a um sobrinho, na qual declara que os Papas costumavam selar as suas cartas privadas com “o selo do pescador”.

Aquando da morte ou renúncia de um Papa, o anel é inutilizado, num gesto que hoje tem o significado de sublinhar que no período da Sé Vacante ninguém pode assumir prerrogativas próprias do bispo de Roma.

Durante a cerimónia, o Papa receberá ainda o pálio petrino (estola branca de lã com cruzes vermelhas que representam as chagas de Cristo), igual ao de Bento XVI, uma insígnia litúrgica de “honra e jurisdição” usada pelos  bispos de Roma desde o século IV, que lhe vai ser imposta pelo cardeal protodiácono, D. Jean-Louis Tauran.

Uma representação de seis membros do Colégio Cardinalício vai simbolicamente prestar a sua “obediência” a Francisco; o gesto será repetido por representantes do resto da Igreja Católica na tomada de posse da catedral de Roma, a basílica de São João de Latrão, em data a definir.

A missa de início do “ministério petrino” decorre na Praça de São Pedro, onde estava o circo do imperador romano Nero, responsável pelo martírio do apóstolo, por volta do ano 64.

A celebração em latim vai contar a proclamação do evangelho em grego e orações em russo, árabe e chinês, entre outras línguas; 500 padres distribuirão a comunhão.

A Santa Sé anunciou que a missa não terá a presença de Bento XVI, Papa emérito, mas conta com delegações de outras Igrejas cristãs e religiões, além de chefes de Estado como o presidente português, Aníbal Cavaco Silva.

Entre os líderes religiosos conta-se o Patriarca ecuménico (Igreja Ortodoxa) de Constantinopla, Bartolomeu, o que acontece pela primeira vez desde o cisma que separou católicos e ortodoxos em 1054.

Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, foi eleito como novo Papa, na quarta-feira, e escolheu o nome de Francisco.

Octávio Carmo, enviado da Agência Ecclesia ao Vaticano

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Conclave: Fumaça branca no Vaticano, «habemus Papam»

Centro Televisivo do Vaticano
Centro Televisivo do Vaticano

Cidade do Vaticano, 13 mar (Ecclesia) – Os 115 cardeais reunidos em Conclave no Vaticano acabam de eleger um novo Papa, como indica a fumaça branca que está a sair da chaminé colocada sobre a Capela Sistina desde as 19h06 locais.

O sucessor de Bento XVI, que renunciou ao pontificado, foi eleito no quinto escrutínio da reunião eleitoral iniciada esta terça-feira, pelas 16h30 (hora de Roma, menos uma em Lisboa).

Os sinos da Basílica de São Pedro acompanha a ‘fumata’, ao som das palmas das pessoas que enchem a Praça de São Pedro.

Este Conclave teve aproximadamente a mesma duração do de 2005, que no dia 19 de abril elegeu Bento XVI ao fim de dois dias e quatro escrutínios.

Dentro de 45 minutos, previsivelmente, será anunciado aos fiéis de todo o mundo o nome do novo Papa.

A bênção ‘urbi et orbi’ (à cidade [de Roma] e ao mundo), desde a varanda central da Basílica de São Pedro, é o primeiro ato público previsto para o novo Papa, após a sua eleição.

O eleito pelos cardeais no Conclave que se iniciou hoje vai surgir perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro.

O anúncio oficial, em latim, vai ser feito pelo cardeal protodiácono, D. Jean-Louis Tauran: ‘Annuntio vobis gaudium magnum; habemus Papam: Emminentissimum ac Reverendissimum Dominum, Dominum …, Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem…, qui sibi nomen imposuit … (Anuncio-vos uma grande alegria, temos Papa: o eminentíssimo e reverendíssimo senhor …, cardeal da Santa Igreja Romana…, que escolheu o nome ….)”.

Pouco depois, o próprio Papa, com as vestes pontifícias, aparecerá ao balcão da Basílica do Vaticano, para uma saudação e a bênção.

O Conclave de 2013 tem uma novidade relativamente aos seus atos finais: após a eleição, há um momento de oração e o novo Papa vai rezar em privado, na Capela Paulina, antes de saudar os fiéis.

A eleição implica uma maioria de dois terços dos votos: o candidato eleito é questionado pelo cardeal que preside ao ato eleitoral (D. Giovanni Battista Re, primeiro na ordem de precedência), em latim, para saber se aceita esta decisão (Acceptasne eletionem de te canonice factam in Summum Pontificem?) e qual o nome que vai escolher (Quo nomine vis vocari?).

O mestre das cerimónias litúrgicas é chamado, desempenhando funções de notário, e redige um documento de aceitação perante dois cerimoniários (assistentes) que entram e servem de testemunhas.

Este documento entrará em vigor imediatamente depois da sua publicação no jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, por determinação de Bento XVI.

Após a aceitação, o novo Papa vai até à chamada ‘sala das lágrimas’ (a sacristia da Capela Sistina), para vestir a batina branca (preparadas em três tamanhos) e as vestes próprias, regressando para ocupar o lugar de presidência.

Nesta altura é lida uma passagem do Evangelho ligada à figura do Papa, com uma breve oração, e os cardeais prestam homenagem e apresentam a sua obediência ao novo pontífice.

OC – Agência Ecclesia