“Glória a Deus no mais alto dos Céus e na terra paz aos homens de boa vontade” (Lucas, 2, 14)
Plínio Corrêa de Oliveira
Quando todos os homens reconhecem a majestade, a onipotência, a santidade, enfim, o acúmulo de todas as perfeições que há em Deus, no mais alto dos Céus, e O glorificam por isso, então nascem no coração dos homens aquelas boas disposições de espírito pelas quais eles se tornam homens de boa vontade.
Plinio Corrêa de Oliveira Revista Dr. Plinio, n. 213, Dezembro de 2015, pg. 4
Imaginemos alguém que tivesse presenciado, com enlevo, os milagres de Jesus – aqui a multiplicação dos pães e dos peixes, ali a cura de um paralítico, acolá o andar sobre as águas do mar da Galileia. E ainda mais, a ressurreição de mortos: a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim, e Lázaro, que já estava no sepulcro havia quatro dias…
E tivesse ouvido as palavras do Mestre com as quais Ele ensinava e atraía as multidões. Enfim, pensemos em alguém que tivesse convivido com Ele, testemunhando sua infinita bondade refletida no olhar e na voz.
Essa mesma pessoa, ao vê-lo elevar-se aos Céus, no dia da Ascensão, bem poderia sentir um aperto no coração e se perguntar: “Mas, então tudo vai acabar? Os homens nunca mais poderão conviver com Ele?”.
Se é normal que o coração sinta a ausência de um ente querido, o que dizer em relação ao próprio Deus? Assim, o firmamento, a natureza, o gênero humano, talvez até mesmo os Anjos repetiam a súplica dos discípulos de Emaús: “Ficai conosco!” (Lc 24, 29).
Também da parte de Jesus havia o desejo de nunca mais se separar daqueles com os quais condescendeu em contrair uma relação especial. O amor do Criador pelas criaturas é infinitamente maior do que o destas para Deus. Ele, portanto, desejava ficar conosco. Mas como se faria essa maravilha?
Nem todos os Anjos e todos os homens reunidos conseguiriam encontrar a solução apresentada. Só mesmo o Homem-Deus poderia excogitar a Sagrada Eucaristia. Só Ele poderia realizar para nós tal milagre, e com todo o amor, a ponto de também ter ansiado a hora em que pudesse torná-la realidade. “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer” (Lc 22, 15) — confidenciou-lhes
na Santa Ceia.
A festa de Corpus Christi vem comemorar esse incomparável dom feito a nós, o místico convívio com o próprio Jesus, cumulando de méritos nossa fé, ao contemplarem nossos olhos aquele pão e vinho consagrados, mas que na realidade, substancialmente, são o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de nosso Redentor. Ele penetra, em nosso interior, para nos aconselhar, confortar e santificar. Numa palavra: para conviver conosco.
Pe. Antônio Guerra, EP
Assistente Espiritual do Apostolado do Oratório