Boletim Informativo novembro/dezembro 2017

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

A Santa Igreja reserva o domingo posterior ao Natal para cultuar e festejar a Sagrada Família, convidando-nos a refletir sobre o valor e o verdadeiro sentido da instituição familiar. Ela é a célula-mãe, o fundamento da sociedade, e se hoje assistimos a uma tremenda crise moral na humanidade, isso se deve em certa medida à desagregação da família. Abalada esta, o resto da sociedade não se sustenta.

Lemos no Gênesis que, depois de criar o homem e a mulher, Deus abençoou-os e lhes disse: “Frutificai e multiplicai-vos” (1, 28). Era a primeira família, formada por mãos divinas. Esta união é tão adequada à natureza humana que no Antigo Testamento não se compreendia o celibato, salvo no caso de vocações muito especiais como, por exemplo, a de Santo Elias. Não ter filhos, morrer sem descendência era considerado um sinal de castigo e de maldição.

A finalidade da família

Com Nosso Senhor Jesus Cristo, a família adquire caráter sobrenatural pela elevação da união matrimonial, contrato natural, à categoria de Sacramento, simbolizado na misteriosa e indissolúvel união entre Cristo e sua Igreja. Isto contraria a ideia errada, em voga na atualidade, de que a família não tem um objetivo religioso, mas apenas social ou afetivo.

Bem outro é, todavia, o conceito expresso por Nosso Senhor: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6, 33). Quando no seio da família se procura o Reino de Deus, ou seja, a santidade, tendo como modelo supremo Jesus, Maria e José, todo o resto – dinheiro, comida, lar, etc. – vai ser concedido por acréscimo. É mister trabalhar para ganhar o pão com o suor do rosto (cf. Gn 3, 19), mas não é essa a finalidade principal da família. Ela existe para educar os filhos na sabedoria e encaminhá-los para o Céu, pois estamos nesta Terra de passagem, preparando-os, portanto, para enfrentar as tribulações deste vale de lágrimas com vistas à eternidade.

Como deve ser a vida familiar santa

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São Paulo, em sua Epístola aos Colossenses (3, 12-21), nos mostra como deve ser uma vida familiar regada pelo amor mútuo: “Vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando–vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor nos perdoou, assim perdoai também. Mas, sobretudo, amai–vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição” (Col 3, 12-14). Dentro do convívio familiar deve existir um amor intenso, nem sentimental nem romântico, decorrente do amor a Deus e visando antes de tudo a santificação do outro cônjuge e de toda a família.

É impossível – ao contrário da ideia divulgada por certos filmes ou novelas –  viver sem dificuldades. “Militia est vita hominis super terram – A vida do homem sobre a Terra é uma luta” (Jó 7, 1). Eis a verdadeira chave da felicidade familiar: o respeito recíproco entre os esposos. Nunca discutirem ou se desentenderem, sempre dispostos a perdoar as fraquezas mútuas, a suportar as diferenças temperamentais, adaptando-se às preferências do outro. Eloquente exemplo da abnegação que deve imperar em cada lar encontramos no Evangelho escolhido pela Igreja para a festa da Sagrada Família.

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Veja também: A origem do Presépio

Meditação do Primeiro Sábado de Novembro 2017

I Mistério Gozoso
Anunciação e Encarnação do Verbo – O início de nossa Redenção

Introdução

Ao receber a notícia de que seria a Mãe de Deus, Maria Santíssima disse o seu “sim” salvador e no mesmo instante, por força do Espírito Santo, o Verbo Eterno se fez carne no seu seio imaculado. Começou ali a obra de nossa misericordiosa Redenção.

Composição de Lugar

Para nossa composição de lugar, imaginemos o interior da humilde casa de Nazaré, onde Maria Santíssima se encontra em profunda oração.

De repente, o recinto todo se ilumina e A vemos em diálogo com o Mensageiro de Deus que Lhe anuncia a Encarnação do Verbo.

Oração Preparatória

Ó Virgem Santíssima, alcançai-nos de vosso Divino Filho as graças necessárias para bem meditarmos no jubiloso Mistério da Encarnação d’Ele em vosso seio imaculado. E que possamos, assim, preparar nossos corações para celebrarmos em breve alegre e santamente, uma vez mais, o Nascimento de Cristo entre nós. Amém.

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Meditação do Primeiro Sábado de outubro 2017

V Mistério Glorioso
Coroação de Nossa Senhora no Céu

 Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Apocalipse (12,1)

Introdução

Em nossa Meditação para a Devoção do Primeiro Sábado de outubro,  contemplaremos  o 5º Mistério Glorioso: A coroação de Nossa Senhora no Céu.

Ao meditarmos na exaltação de Maria Santíssima como Soberana de todo o universo criado, tenhamos especialmente presente que neste mês de outubro celebramos com grande alegria os 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil.

A Mãe de Deus demonstrou sua particular predileção pelo povo brasileiro ao aparecer nas águas do Rio Paraíba e tornar-se, assim, a maternal protetora de nossa nação.

Composição de lugar

Para nossa composição de lugar, imaginemos a Santíssima Virgem na glória eterna, rodeada dos Anjos e Santos do Céu, sentada num trono magnificamente ornado de pedras preciosas, tendo ao seu lado Nosso Senhor Jesus Cristo, seu divino Filho, que cinge a fronte de sua Mãe com uma resplandecente coroa. Ao mesmo tempo, a multidão de anjos e santos entoam hinos de louvor à Rainha do Universo.

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Veja também: Como fazer a devoção do Primeiro Sábado

Meditação do Primeiro Sábado de setembro 2017

IV Mistério Doloroso – Nosso Senhor Carrega a Cruz até o Calvário
Salve ó Cruz, esperança e vitória nossa!

Simoni Martini, Museu do Louvre, Paris

Introdução

No cumprimento de nossa devoção do Primeiro Sábado, tendo em vista a Festa da Exaltação da Santa Cruz celebrada neste mês de setembro, meditaremos o 4º Mistério Doloroso: Nosso Senhor carrega sua Cruz até o Calvário. Antes de Cristo, a Cruz era um instrumento de morte, de sofrimento e derrota.

Porém, quando o Redentor a abraçou e nela foi supliciado e morto, a Cruz passou a ser sinal do infinito Amor de Deus por nós e um símbolo de triunfo e de glória para os cristãos.

Ao se sacrificar pela humanidade no madeiro, Jesus destruiu a morte e nos deu a vida eterna.

Amor que ultrapassa qualquer entendimento

A Cruz, afirma o papa emérito Bento XVI, está plantada na terra e pareceria mergulhar as suas raízes na malícia do homem, mas projeta-se para o alto, como um indicador que aponta para o céu, para a bondade de Deus. Por intermédio da Cruz de Cristo, é derrotado o maligno, é vencida a morte, é-nos transmitida a vida, restituída a esperança e comunicada a luz.

 “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, do mesmo modo é preciso que o Filho do Homem seja levantado. Assim, todo aquele que nele acreditar, terá a vida eterna”, disse Jesus. Portanto, o que vemos quando dirigimos o nosso olhar para a Cruz, onde Jesus está pregado? Contemplamos o sinal do amor sem limites de Deus pela humanidade.

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Meditação do Primeiro Sábado de Agosto 2017

 Assunção de Nossa Senhora
Penhor da nossa ressurreição

Introdução

 Ao celebrar a entrada de Maria no Céu em corpo e alma, a Igreja reconhece n’Ela a “mulher vestida de sol” (Ap. 12, 1), a Rainha que resplandece junto do trono de Deus e ali intercede pelos homens. Antes de partir deste mundo, Jesus nos prometeu: “Voltarei e levar-vos-ei comigo para que, onde Eu estiver, vós estejais também” (Jo 14, 3).

Ora, Maria é o penhor e o cumprimento dessa promessa de Cristo, e a sua Assunção torna-se para nós um sinal certo de esperança e de consolação.

I – PLENA DE GRAÇA E DE CARIDADE RUMO AO CÉU

Em 1950 o Papa Pio XII definiu a Assunção de Maria como dogma, ou seja, como verdade de Fé que deve ser aceita e acreditada por todo católico. A Santíssima Virgem, pois, no fim de sua vida foi acolhida por Deus no Céu “com corpo e alma” e coroada plena e definitivamente com a glória que o Senhor preparou para os seus Santos.

Assim como Ela foi a primeira a servir Cristo na Fé, é a primeira a participar na plenitude da glória d’Ele no Céu.

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Boletim Informativo Julho/Agosto 2017

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

No início do século XX, quando apenas começava a se delinear, timidamente, o esboço de um mundo que nasceria da vitória dos Aliados na Primeira Guerra Mundial, verificou-se um dos fatos mais notáveis da História Contemporânea: aparece a Mãe de Deus e traz à
humanidade uma Mensagem.

E esta Mensagem sobreveio num momento crucial. A impiedade e a impureza se alastravam por todo o orbe, a tal ponto que, para sacudir os homens, eclodira uma verdadeira hecatombe que fora a própria Grande Guerra, como a Virgem Santíssima afirmou aos pastorinhos. Todavia, a conflagração terminaria algum tempo depois de suas aparições, dando aos pecadores oportunidade de emenda.

Portanto, o que Nossa Senhora advertia na Cova da Iria era a existência de uma prodigiosa crise na sociedade, a qual, no fundo, não era senão a consequência de uma crise religiosa, que desembocaria numa catástrofe mais moral do que política.

Ela seria um flagelo para a humanidade, se esta não desse ouvidos à voz da Rainha dos profetas. E, neste caso, àquele mal se sucederiam outros: guerras e perseguições à Igreja e ao Papa, martírios, várias nações seriam aniquiladas. Nossa Senhora indicava, assim,
a extensão de uma calamidade que se alastraria pela terra, ao cabo da qual, porém, o Imaculado Coração d’Ela  triunfaria.

A crise moral continua a se acentuar

Apesar do aviso claríssimo de Nossa Senhora, a crise moral, de 1917 para cá, não fez mais que acentuar-se. As modas, as leis e os costumes cada vez mais abertamente estão defendendo o crime, o pecado, a aversão à Lei de Deus, frutos de uma cultura laica e materialista.

Está sendo instaurada uma completa inversão de valores, uma ordem de coisas que propicia o vício e dificulta a prática da virtude. E o motivo central desta profunda crise é, sem dúvida, o abandono da Religião. A humanidade já não vive mais em função de seu Criador, mas de si  mesma. Esqueceu-se de que seu fim nesta terra é amar a Deus e conquistar a salvação
das almas. Diante de quadro tão dramático, como esperar que não venha sobre o mundo uma intervenção regeneradora?

Como poderia Deus ignorar a imensa crise na qual o mundo está submerso, pela maldade dos homens? Uma mudança da sociedade rumo à verdadeira conversão vai se tornando mais improvável. E à medida que caminhamos para o paroxismo da degradação moral, mais provável também é a efetivação dos castigos profetizados por Nossa Senhora. Isso
posto, resta-nos voltar o nosso olhar para uma luz que brilha no horizonte dos acontecimentos atuais, e que nos convida a confiar na promessa feita por Ela há cem anos: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.1

O triunfo do Imaculado Coração de Maria será propriamente o Reino de Maria, ou seja, o ápice da História, quando o preciosíssimo Sangue de Cristo, derramado para nossa redenção, produzirá seus melhores frutos.

Clique na foto ao lado e baixe o conteúdo completo do boletim no. 89 de julho/agosto de 2017.

 

 

 

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1 IRMÃ LÚCIA. Memórias I. Quarta Memória, c.II, n.5. 13.ed. Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 2007,