Dr. Plínio pronunciou uma série de conferencias em 1957 sobre o livro de Santo Afonso Maria de Ligório “A Oração, o grande meio da salvação”. Neste 01 de agosto, dia deste grande santo, publicamos neste post alguns trechos de uma delas, dada a grande importância que o tema representa para a vida espiritual de todo católico
Para obter que Nosso Senhor nos abra a porta, basta ser importuno. Isso está dito textualmente e comentado por um Doutor da Igreja do porte de Santo Afonso de Ligório. Devemos considerar, de uma vez por todas que, na oração, não são nossas misérias que entram em linha de conta.
A oração não é um cheque bancário contra Deus
A oração tampouco é um cheque que eu saco do fundo dos meus créditos e compro de Deus um favor. … preciso desfazer tal ideia, pois é um obstáculo para o desenvolvimento da nossa vida espiritual.
01 de agosto – Dia de Santo Afonso Maria de Ligorio
Ao tratar da oração1, Santo Afonso de Ligório não o faz à maneira de um teólogo que ensinará a respeito dela tudo quanto é possível. Ele escreve como diretor de consciências, mostrando o precioso proveito a se tirar da oração na vida espiritual
Plínio Corrêa de Oliveira
Acompanhando seu ensinamento, vemo-lo constantemente em face de uma determinada situação espiritual, não enunciada, mas que devemos conhecer com toda a clareza. É o que poderíamos chamar o encalhe.
Já dizia o eminente jesuíta Pe. J. Michel, em seu livro: “Tratado do Desânimo nas Vias da Piedade”, que um dos grandes equívocos cometidos na vida espiritual estava em não tratar o desânimo como uma tentação, mas como uma espécie de estado de espírito. Por Pe. Mário Beccar Varela, EP
Com efeito, a tentação de desanimar existe e necessita ser combatida com todas as armas espirituais, como a penitência e a oração. No que diz respeito a esta última forma de combate, transcrevemos abaixo uma eficaz oração de São Leão Magno contra o desalento. Recomendamos a nossos leitores, amigos e membros do Apostolado do Oratório a recitação desta bela oração.
“Estar disponível com alegria e dedicação, para ir a qualquer lugar onde, a convite dos bispos e dos párocos, possam colaborar no labor pastoral. Uma de suas especialidades é bater de porta em porta, levando a bela imagem do Imaculado Coração de Maria, transmitir palavras de alento e de fé e convidar a todos para a celebração da Missa na paróquia.” Assim define sua tarefa a Cavalaria de Maria dos Arautos do Evangelho. Em seu blog, encontramos inumeráveis posts que relatam o trabalho incansável deste missionários permanentes.
Porém é especialmente gratificante constatar os frutos de uma Missão Mariana numa cidade ou região meses depois. É o caso da paróquia São Miguel, em Riacho Fundo, no Distrito Federal.
Segundo nos relata o Sr. Mozart Ramiro, da Cavalaria de Maria, os novos coordenadores do Apostolado do Oratório no local elaboraram um uniforme apropriado para os eventos. Da mesma forma fizeram um estandarte. Reúnem-se mensalmente para análise de seu trabalho evangelizador e, ao final da reunião, lavram ata com o registro do que foi tratado. Em determinadas ocasiões, a reunião é honrosamente presidida pelo pároco, que lhes dá especial incentivo para a continuidade da missão. Para guardar dignamente os Oratórios, elaboraram um móvel no mesmo formato. E constituíram, inclusive, um grupo musical.
Muitas coordenadoras, com apoio e incentivo do pároco, usam a capa laranja em todas as Missas. Elas tem feito verdadeiros progressos na vida espiritual, querendo sempre dar um passo a mais.
Abaixo algumas fotos ilustrativas de suas atividades:
“Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como o homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e a casa caiu, e sua ruína foi completa!” (Mt. 7, 24-27).
Assim como o edifício fundado na rocha simboliza o homem prudente que pratica boas obras, a casa edificada sobre areia representa a fragilidade daquele cujas ações são estéreis, por não estarem orientadas para a Eternidade.
Ora, há pessoas que constroem sua vida espiritual, não sobre a rocha, mas sobre outros mate riais. São aquelas que fazem racionalizações para poderem pecar, isto é, recorrem a falsos argumentos com os quais revestem suas más ações de uma aparência de bem, porque é impossível à criatura humana praticar o mal pelo mal.21
Acabam elas por arquitetar doutrinas que abrem campo para a plena satisfação das suas más inclinações. Um exemplo infelizmente muito frequente: racionalizam de modo a concluir que seria uma contradição o Decálogo proibir ao homem dar livre curso aos instintos postos na natureza humana pelo próprio Deus; e com isso ocultam à própria consciência o desequilíbrio interior, consequência do pecado original. “Ignorar que o homem tem uma natureza lesada, inclinada ao mal, dá lugar a graves erros no campo da educação, da política, da ação social e dos costumes”, ensina o Catecismo.22
Aos que assim deturpam a verdadeira doutrina de Cristo, bem se poderiam aplicar as severas palavras dirigidas por Santo Irineu aos valentinianos: “Afastados da verdade, merecidamente chafurdam em todo erro e são lançados de um lado para o outro por ele, julgando de forma diferente os mesmos temas em ocasiões diversas, sem nunca chegar a estabelecer uma opinião estável, pois mais desejam ser sofistas de palavras que discípulos da verdade. Não estão eles fundados sobre uma rocha, mas sobre areia, que contém em si uma infinidade de pedras. Por isso imaginam muitos deuses, e sempre têm o pretexto de estarem em busca da verdade (porque são cegos), mas sem nunca conseguir achá-la”23
Ai daqueles que engendram racionalizações para praticar o mal! Sua casa, adverte Jesus, está construída sobre areia, e quando vierem as dificuldades e provações, a ruína será completa.
21) Cf. ROYO MARÍN, OP, Antonio. Teología Moral para Seglares. 5.ed. Madrid: BAC, 1979, v.I, p.191.
22) CIC 407.
23) SANTO IRINEU DE LYON. Adversus Hæreses, l.III c.24, 2 (PG: 7, 967).
Excerto do artigo: Bastará dizer “Senhor, Senhor!” para se salvar? Mons. João Clá Dias, EP., Revista Arautos do Evangelho nº 111- março de 2011.
Fidelidade à graça Se percorrermos os tratados de vida espiritual, veremos que o problema crucial para progredir no caminho da perfeição sobrenatural é a fidelidade às graças recebidas.
Afirma um grande teólogo de nossos dias, Pe. Antonio Royo Marín, O. P., em sua obra Teologia da Perfeição Cristã, que assim como nos seria impossível respirar sem o ar, sem a graça de Deus nos seria impraticável um único pequeno ato sobrenatural, por exemplo, um mero gesto de caridade para com o próximo. Desta forma, durante as 24 horas do dia, estamos recebendo graças de Deus que, como ao “moço rico” do Evangelho, convidam-nos a seguir Nosso Senhor! É preciso, isso sim, sermos fiéis a esse constante apelo divino.
Como consegui-lo?
Devemos inicialmente, ensina a Santa Igreja, desejar com docilidade recebermos as graças que podem nos transformar, cooperando com elas generosamente.
Deus, na economia normal de sua Providência, subordina as graças posteriores que Ele quer nos dar, ao bom uso que damos às anteriores. A simples infidelidade a uma graça pode cortar toda a sequência das que Deus nos daria sucessivamente, ocasionando uma perda de consequências imprevisíveis, como aconteceu com o “moço rico”.
Ainda segundo o Pe. Royo Marín, “no céu veremos como a imensa maioria das santidades frustradas — melhor dizendo, absolutamente todas elas — malograram por uma série de infidelidades à graça — talvez meramente veniais, mas plenamente voluntárias —, que paralisaram a ação do Espírito Santo, impedindo-O de levar a alma até o ápice da perfeição.”
Trecho do artigo “A Chave de Ouro” de Humberto Luís Goedert – Revista Arautos, nº7 – julho de 2002.