Bento XVI: Fé não deve limitar-se ao «sentimento» mas «entrar no concreto da existência» e orientá-la «de modo prático»

Sua Santidade o Papa Bento XVI

Cidade do Vaticano, 09 jan 2013 (Ecclesia) – O Papa frisou hoje no Vaticano que a fé “não deve ser limitada à esfera do sentimento, das emoções, mas deve entrar no concreto da existência” e orientá-la “de modo prático”.

O agir de Deus, que “não se limita às palavras” mas mergulha na história da humanidade “e assume sobre si o cansaço e o peso da vida humana”, constitui “um forte estímulo” para os cristãos se interrogarem “sobre o realismo” das suas convicções, afirmou Bento XVI aos peregrinos reunidos para a audiência geral de quarta-feira.

Ao prosseguir as catequeses semanais sobre o nascimento de Jesus, o Papa disse que no Natal “está-se por vezes mais atento aos aspetos exteriores, às ‘cores’ da festa, que ao coração da grande novidade cristã”, que Bento XVI qualificou de “absolutamente impensável, que só Deus podia realizar” e na qual se penetra “somente com a fé”.

Depois de lembrar a tradição da troca de presentes, gesto que “geralmente exprime afeto” e é “sinal de amor e de estima”, o Papa assinalou que a “doação” está no centro da liturgia da natividade de Jesus e recorda “o originário dom do Natal”: “Deus, fazendo-se carne, quis fazer-se dom para os homens, deu-se a si próprio por nós”.

“Também no nosso dar não é importante que um presente seja mais ou menos caro; quem não arrisca a dar um pouco de si próprio, dá sempre muito pouco”, vincou Bento XVI, acrescentando que por vezes se procura “substituir o coração e o empenho da doação de si com o dinheiro, com coisas materiais”.

Deus, por seu lado, “não deu qualquer coisa mas deu-se a si próprio no seu filho unigénito”, o que constitui para os crentes “um modelo” de darem-se a si próprios, porque as relações pessoais, “especialmente as mais importantes, são guiadas pela gratuidade e pelo amor”.

A catequese pontifícia explicou o significado da palavra “Incarnação”, usada pelos cristãos especialmente no Natal para exprimir que Jesus, filho de Deus, se fez homem.

“Aqui a palavra ‘carne’ índica o homem na sua integralidade”, nomeadamente na sua “caducidade e temporalidade”, “pobreza e contingência”, referiu.

Para Bento XVI a “salvação” proporcionada por Jesus toca “o homem na sua realidade concreta e em qualquer situação em que se encontre”, dado que Deus “assumiu a condição humana para a sanar de tudo o que a separa dele”.

Os católicos, habituados a ouvir falar da incarnação de Deus, nem sempre atingem “a grandeza” do acontecimento que ela exprime, apontou.

Bento XVI dirigiu uma “uma cordial saudação a todos os peregrinos de língua”, a quem agradeceu a presença e desejou “a riqueza imensa e inesgotável que é Cristo, o Deus feito homem”.

“Revesti-vos de Cristo! E, com Ele, o vosso Ano Novo não poderá deixar de ser feliz. Sobre vós e vossas famílias, desça a minha Bênção”, concluiu.

Após a audiência, o Papa deixou uma mensagem aos seus mais de 2,4 milhões de seguidores, no Twitter: “Seguindo o exemplo de Jesus, aprendamos a fazer dom total de nós mesmos. Quem não consegue dar-se a si mesmo, dá sempre demasiado pouco”.

RJM/OC

A Epifania é a manifestação “da bondade de Deus e do seu amor pelos homens”, afirma o Santo Padre

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Cidade do Vaticano, 06 jan (RV) – A Epifania é a manifestação “da bondade de Deus e do seu amor pelos homens”: foi o que afirmou o Papa na missa por ele presidida esta manhã, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, na Solenidade da Epifania do Senhor.

Durante a celebração, o Pontífice fez a ordenação de quatro novos bispos: Dom Georg Gänswein, secretário particular de Bento XVI e prefeito da Casa Pontifícia; Dom Vincenzo Zani, secretário da Congregação para a Educação Católica; e os núncios apostólicos, Dom Fortunatus Nwachukwu e Dom Nicolas Thevenin.

Na homilia, o Papa convidou os bispos a imitarem os Magos, homens que partiram rumo ao desconhecido, “homens inquietos movidos pela busca de Deus e da salvação do mundo; homens à espera, que não se contentavam com seus rendimentos assegurados e com uma posição social provavelmente considerável, mas andavam à procura da realidade maior”.

“Talvez fossem homens eruditos – continuou o Santo Padre –, que tinham grande conhecimento dos astros e, provavelmente, dispunham também duma formação filosófica; mas não era apenas saber muitas coisas que queriam; queriam, sobretudo, saber o essencial, queriam saber como se consegue ser pessoa humana. E, por isso, queriam saber se Deus existe, onde está e como é; se Se preocupa conosco e como podemos encontrá-Lo.”

“Queriam não apenas saber; queriam conhecer a verdade acerca de nós mesmos, de Deus e do mundo. A sua peregrinação exterior era expressão deste estar interiormente a caminho, da peregrinação interior do seu coração. Eram homens que buscavam a Deus e, em última instância, caminhavam para Ele; eram indagadores de Deus.”

A este ponto de sua homilia, o Santo Padre perguntou-se “Como deve ser um homem a quem se impõem as mãos para a Ordenação episcopal na Igreja de Jesus Cristo?” Podemos dizer – afirmou:

“Deve ser, sobretudo, um homem cujo interesse se dirige para Deus, porque só então é que ele se interessa verdadeiramente também pelos homens. E, vice-versa, podemos dizer: um Bispo deve ser um homem que tem a peito os outros homens, que se deixa tocar pelas vicissitudes humanas. Deve ser um homem para os outros; mas só poderá sê-lo realmente, se for um homem conquistado por Deus: se, para ele, a inquietação por Deus se tornou uma inquietação pela sua criatura, o homem.”

Retomando a descrição dos Magos, Bento XVI ressaltou, neles, em particular, a coragem e a humildade da fé:

“Era preciso coragem a fim de acolher o sinal da estrela como uma ordem para partir, para sair rumo ao desconhecido, ao incerto, por caminhos onde havia inúmeros perigos à espreita. Podemos imaginar que a decisão destes homens tenha provocado sarcasmo: o sarcasmo dos ditos realistas que podiam apenas zombar das fantasias destes homens. Quem partia baseado em promessas tão incertas, arriscando tudo, só podia aparecer como ridículo. Mas, para estes homens tocados interiormente por Deus, era mais importante o caminho segundo as indicações divinas do que a opinião alheia. Para eles, a busca da verdade era mais importante que a zombaria do mundo, aparentemente inteligente.”

Nessa linha, Bento XVI traçou a missão do bispo em nosso tempo: “A humildade da fé, do crer juntamente com a fé da Igreja de todos os tempos, há-de encontrar-se, vezes sem conta, em conflito com a inteligência dominante daqueles que se atêm àquilo que aparentemente é seguro. Quem vive e anuncia a fé da Igreja encontra-se em desacordo também, em muitos aspectos, com as opiniões dominantes precisamente no nosso tempo”.

“O agnosticismo, hoje largamente imperante, tem os seus dogmas e é extremamente intolerante com tudo o que o põe em questão, ou põe em questão os seus critérios. Por isso, a coragem de contradizer as orientações dominantes é hoje particularmente premente para um Bispo.”

O Santo Padre prosseguiu traçando a missão do Bispo em nosso tempo afirmando que ele te de ser valoroso:

“E esta valentia ou fortaleza não consiste em ferir com violência, na agressividade, mas em deixar-se ferir e fazer frente aos critérios das opiniões dominantes. A coragem de permanecer firme na verdade é inevitavelmente exigida àqueles que o Senhor envia como cordeiros para o meio de lobos. «Aquele que teme o Senhor nada temerá», diz Ben Sirá (34, 14). O temor de Deus liberta do medo dos homens; faz-nos livres!”

A este ponto, Bento XVI recordou um episódio do início do cristianismo, narrado por São Lucas nos Atos dos Apóstolos, em que o sinédrio chamou os apóstolos e os flagelou. Proibindo-os de pregar o nome de Jesus, em seguida os libertou. Lucas afirma que eles foram embora cheios de alegria por terem sido julgados dignos de sofrer vexames por causa do Nome de Jesus.

Como os apóstolos – prosseguiu o Pontífice –, assim os bispos, seus sucessores, “devem esperar ser, repetidamente e de forma moderna, flagelados, se não cessam de anunciar alto e bom som a Boa-Nova de Jesus Cristo; hão-de então alegrar-se por terem sido considerados dignos de sofrer ultrajes por Ele. Naturalmente queremos, como os Apóstolos, convencer as pessoas e, neste sentido, obter a sua aprovação; naturalmente não provocamos, antes, pelo contrário, convidamos todos a entrarem na alegria da verdade que indica a estrada”.

“Contudo o critério ao qual nos submetemos não é a aprovação das opiniões dominantes; o critério é o próprio Senhor. Se defendemos a sua causa, conquistaremos incessantemente, pela graça de Deus, pessoas para o caminho do Evangelho; mas inevitavelmente também seremos flagelados por aqueles cujas vidas estão em contraste com o Evangelho, e então poderemos ficar agradecidos por sermos considerados dignos de participar na Paixão de Cristo.”

Os Magos – concluiu Bento XVI – seguiram a estrela e assim chegaram a Jesus, à grande Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem (cf. Jo 1, 9). Como peregrinos da fé, os Magos tornaram-se eles mesmos estrelas que brilham no céu da história e nos indicam a estrada.

Assim, também os bispos, se viverem com Cristo, ligados a Ele novamente no Sacramento, então se tornarão sábios; “astros que vão à frente dos homens e indicam-lhes o caminho certo da vida”. (RL)

Fonte: Rádio Vaticano

Conta do Papa no Twitter com mais de 500 mil seguidores

Foto: Agência Ecclesia
Foto: Agência Ecclesia

Cidade do Vaticano, 04 dez 2012 (Ecclesia) – A conta de Bento XVI na rede social twitter, apresentada esta segunda-feira, tem já mais de 500 mil seguidores nas oito línguas disponibilizadas, nas quais se inclui o português, com 14 mil pessoas.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirma que este número “não surpreende” por esta resposta dos utilizadores, falando num “enorme interesse” que já tinha sido revelado antes do lançamento da página.

“Esta iniciativa deu verdadeiramente um sinal da capacidade, por parte do Santo Padre e dos seus colaboradores, de responder às expectativas que estão no ar”, acrescentou o sacerdote italiano, em declarações à Rádio Vaticano.

Bento XVI vai lançar a primeira mensagem na rede Twitter a 12 de dezembro, através da conta @Pontifex.

As mensagens do Papa serão publicadas, com a sua autorização, em inglês, espanhol, italiano, português, alemão, polaco, árabe e francês.

Numa primeira fase, os ‘tweets’ serão lançados às quartas-feiras, dia da audiência pública semanal, mas com o passar do tempo serão “mais frequentes”, anunciou o Vaticano.

As primeiras mensagens de Bento XVI vão ser respostas a perguntas sobre a fé que podem ser colocadas, ao longo dos próximos dias, através do marcador (conhecido por “hashtag”) ‘#askpontifex’.

“É nossa missão valorizar estas possibilidades e indicar que, também neste mundo em desenvolvimento tão vertiginoso, é preciso apresentar elementos de encontro mais profundo, de comunicação de ideias, sentimentos”, precisa o padre Lombardi.

Para o porta-voz do Vaticano, “a presença do Papa no Twitter quer ser uma mensagem para todos”, um exemplo que convida a Igreja Católica a assumir “esta nova dimensão da comunicação”.

A denominação Twitter deriva da palavra inglesa com a mesma grafia, que em português pode ser traduzida por “gorjear” ou “piar”, razão pela qual o logótipo daquela rede social representa um pássaro.

OC – Agência Ecclesia

Guarda Suíça lança CD de música de Natal

Cidade do Vaticano (Sexta-feira, 23-11-2012, Gaudium Press) “Natal com a Guarda Papal suíça” : este é o título do CD que a Guarda Suíça Pontifícia apresentou na noite de 22 de novembro de 2012, no Vaticano. Combina harpa paraguaia com os instrumentos de sopro do menor exército do mundo.

Há 30 anos atrás a Guarda Suíça produziu seu último disco. Agora, já próximo do Natal, temos um CD com 18 faixas de músicas natalinas oferecido pela Guarda Papal, juntamente com a harpista Daniela Lorenz, que vive em Roma (Itália) e é de origem suíça.
Com os seis homens componentes da Banda do exército do Papa, a harpista mistura sons de seu instrumento de cordas com clarinete, trompa, trombone, saxofone, e até bateria.

O disco foi gravado nos estúdios da Rádio Vaticano quando Roma ainda estava coberta de neve, no último mês de fevereiro. Ele contém várias canções tradicionais alemãs, canções natalinas de origem francesa, além de anglo-saxãs, incluindo “Alle Jahre wieder”, “Les anges dans nos campagnes”, “Il est né le divin enfant”, “Entre le bœuf et l’âne gris”, “The little drummer boy”, ou o famoso” Adeste fideles. “

Entre os músicos, Julian Murmann, originário do cantão de Valais, afirma ter alcançado com este disco “uma grande experiência.” Para este jovem de 23 anos que já completou seu serviço junto ao Papa, este CD trás “boas lembranças” de seus anos na Guarda Suíça.

“Entre o tempo da harpista e as horas de serviço dos guardas , não foi sempre fácil fazer as gravações”, reconhece Urs Breitenmoser, porta-voz da guarda suíça para quem objetivo do CD era realizar um “projeto conjunto comum”.

Com uma tiragem inicial de 20 000 exemplares, o CD está à venda na Guarda Suíça, no Vaticano, e em lojas romanas da “Livraria Editora Vaticana.
O disco apresentado por ocasião da festa de Santa Cecília, padroeira dos músicos, está disponível também no mundo de língua alemã através do Grupo Weltbild e nas lojas Manor. (JSG)

Com informações da Agência I. Media

Angelus: Papa faz apelo à conversão e à sobriedade em tempo de Advento

Papa Bento XVI
Papa Bento XVI

Cidade do Vaticano, 4 dez – Escolher a sobriedade como estilo de vida , especialmente em preparação para a festa do Natal. Foi a sugestão do Papa antes da recitação do Angelus, juntamente com os milhares de pessoas congregadas neste domingo na Praça de S. Pedro. Bento XVI explicou que para os cristãos que se preparam para o Natal é importante que entremos em nós mesmos fazendo uma verificação sincera acerca da nossa vida. O Papa falou das duas figuras que desempenharam um papel proeminente na preparação da vinda histórica de Jesus: Nossa Senhora e João Batista. Este em particular é descrito como uma figura muito ascética; vestia-se com pelos de camelo, alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre que encontrava no deserto da Judeia. E Jesus, numa outra ocasião coloca-o em contraposição com aqueles que usam roupas delicadas e se encontram nos palácios dos reis.

Este estilo, convidou Bento XVI deveria levar todos os cristãos a escolher a sobriedade como estilo de vida, especialmente em preparação para o Natal.

A missão de João, explicou o Papa, é um apelo extraordinário á conversão; o seu batismo está ligado a um convite ardente a uma nova maneira de pensar e agir, ligado sobretudo ao anuncio do juízo de Deus. Por isso – salientou Bento XVI, enquanto nos preparamos para o Natal é importante que entremos em nós mesmos e façamos uma verificação sincera acera da nossa vida.

Durante o Advento, tempo precioso de preparação para o nascimento de Jesus, disse o Papa depois da recitação do Angelus, falando em francês, evitemos de dormir e preparemos com determinação o caminho do Senhor, fonte de paz e de alegria, de amor e de esperança que continuamente vem consolar o seu povo. No nosso mundo atravessado pela incerteza e pela violência há necessidade da mensagem de esperança de Jesus que nasce.

Bento XVI recordou que nos próximos dias em Genebra e noutras cidades vai celebrar-se o 50º aniversario da instituição da Organização mundial para as migrações, o 60º da Convenção sobre o estatuto dos refugiados e o 50º da Convenção sobre a redução dos casos de apolidia.

Depois de ter confiado ao Senhor todos aqueles que forçosamente se encontram exilados ou privados de nacionalidade, o Papa disse que encoraja a solidariedade em relação a eles, rezo – acrescentou – por todos aqueles que envidam esforços no sentido de proteger e assistir estes irmãos em situações de emergência, expondo-se também a graves fadigas e perigos.

Rádio Vaticano