Já dizia o eminente jesuíta Pe. J. Michel, em seu livro: “Tratado do Desânimo nas Vias da Piedade”, que um dos grandes equívocos cometidos na vida espiritual estava em não tratar o desânimo como uma tentação, mas como uma espécie de estado de espírito. Por Pe. Mário Beccar Varela, EP
Com efeito, a tentação de desanimar existe e necessita ser combatida com todas as armas espirituais, como a penitência e a oração. No que diz respeito a esta última forma de combate, transcrevemos abaixo uma eficaz oração de São Leão Magno contra o desalento. Recomendamos a nossos leitores, amigos e membros do Apostolado do Oratório a recitação desta bela oração.
A piedade católica, movida pelo Espírito Santo, modelou ao longo dos séculos variadas formas de devoção àquilo que representa, de maneira tocante, a Redenção do gênero humano: a Santa Cruz de Jesus Cristo
Pe. Alessandro Schurig, EP
Proponho vê-la por dois prismas distintos:
Crucificado
No quadro pintado por Velásquez, deparamo-nos com Nosso Senhor cravado em uma cruz lisa, sem adornos, posta sobre um fundo negro, simbolizando a profunda e lúgubre humilhação na qual esteve posto o Redentor. Ele mesmo está com a cabeça visivelmente caída, e parte dos cabelos sobre o lado direito da face, indicando o quanto Ele está exangue, sem auxílio ou proteção alguma, entregue somente às mãos de Deus.
A cena nos sugere o abandono: apenas dois ladrões crucificados a seu lado, sua Mãe e um único discípulo, presenciam sua aviltante morte. Em suma, ao ver essa figura nos vem à mente quanto tudo esteve esmagado, calcado e silenciado perante sua morte.
Mas, será que na cruz aquele que proclamou: “Eu venci o mundo!” (Jo 16, 33) está um irrevogável derrotado?
Glorificado
Analisemos, em seguida, uma cruz processional levada nas Eucaristias mais solenes da igreja Nossa Senhora do Rosário, dos Arautos do Evangelho, e feita de acordo com as indicações de Mons. João Clá Dias.
Nela, vemos Nosso Senhor morto e crucificado, como alguém que, como vimos acima, passou por terríveis humilhações. Porém, as nossas vistas não se detêm, e fixamos o olhar nas vivas e elegantes cores vermelha, branca e dourada que compõem esta cruz… Parecem nos convidar a contemplar Aquele que está nela cravado, mas por isso mesmo cumpriu o que Ele próprio profetizara:
“quando for elevado da terra atrairei a mim todo ser” ( Jo 12, 32).
Sem dúvida, está despojado de suas vestes e coroado de espinhos, mas é “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19, 16), o que bem nos recorda os áureos esplendores que circundam esta cruz.
Foi deste seu oferecimento que floresceu tudo o que existiu e existirá de bom, de belo e verdadeiro na História da humanidade. Foi no momento da crucifixão que o Salvador frustrou os planos de Satanás, comprou para todo o gênero humano a Redenção e, com graças super abundantíssimas, abriu ao homem as portas do Céu.
Tudo isto que Ele concedeu como herança para a humanidade, como fruto de seu Preciosíssimo Sangue, valem imensamente mais do que qualquer pedra preciosa. Mas, as que figuram em Jesus, representando suas chagas, não simbolizarão esta maravilha, que Ele aceitou por nós e para nossa Salvação?
Rememorando o que a liturgia da Igreja reza na missa da Exaltação da Santa Cruz, “O que vencera na árvore do paraíso, na árvore da cruz foi vencido”, não parece que esta cruz quer nos fazer recordar esta gloriosa vitória de Cristo?
Por ter Ele escolhido utilizar da cruz como instrumento para a redenção, tornou-se ela, de símbolo de ignomínia que era em símbolo de tudo o que há de mais elevado, de mais sagrado: nas catedrais, nas coroas, nas obras mais importantes concebidas pelo homem, aí está a cruz resplandecendo como o estandarte de triunfo do homem-Deus, que atingiu os mais altos píncaros de vitória contra o demônio, o mundo e a carne com sua ignominiosa morte no madeiro. E isto bem pode simbolizar os adornos desta cruz. (Cfr. Oliveira, Plinio Corrêa de. Revista Dr. Plinio, nº 138, setenbro de 2009, p. 4)
Ao vê-la, temos vontade de rezar à semelhança das palavras de Dr. Plinio:
“Na vossa cruz, humilhado, começastes a reinar sobre a terra. Na cruz começou a vossa glória, e não na ressurreição. Vossa nudez é um manto real. Vossa coroa de espinhos é um diadema sem preço. Vossas chagas são vossa púrpura. Oh! Cristo-Rei, como é verdadeiro considerar-Vos na cruz como um rei”*
____________________ * (Via Sacra. Legionário Nº 558, 18 de abril de 1943 ).
Visitando trinta lares durante um mês, o Oratório do Imaculado Coração de Maria, divulgado pelos Arautos do Evangelho, tem deixado um rastro de luz e bênção junto a todas as famílias que abrem suas portas à Mãe de Deus
Pe. Aumir Scomparin, EP
“Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, Eu com ele e ele comigo” (Ap 3, 20)
Bem podemos aplicar estas palavras do Apocalipse à graça divina, que está sempre batendo à porta de nossa alma, chamando-nos para participarmos do banquete sobrenatural.
E quem melhor do que Aquela que é a Medianeira de todas as graças para ser a Anfitriã desse festim, intercedendo, guiando e conduzindo nossos passos neste vale de lágrimas, rumo ao convívio eterno com seu Filho, no Céu?
É o que Ela tem feito junto às famílias que A recebem em suas casas, por meio do Oratório do Imaculado Coração de Maria, que peregrina pelos lares ajudando, consolando e endireitando a vida dos que abrem suas portas para o banquete da oração junto à Mãe de Deus, deixando atrás de Si um rastro de luz, de bênção e de paz.1
Maria Santíssima, que jamais Se deixa ganhar em generosidade, não só retribui o ato de piedade e apostolado da família coordenadora com graças insignes, premiando a quem dá com liberalidade, como beneficia a todos os que se colocam sob sua proteção materna.
É o que se constata nos testemunhos reproduzidos a seguir, vindos de diversos países, alguns tão distantes como o Congo, o Canadá, a Itália ou a Polônia.
Uma graça especial recebida em Varsóvia
De Varsóvia nos chega o relato de Maria Stachurska, coordenadora desde 2009 de um dos grupos do Oratório na capital da Polônia.
“Somos uma comunidade um tanto particular”, explica ela. “Em primeiro lugar, porque fazemos parte de duas paróquias da diocese, distantes entre si cerca de vinte quilômetros. As primeiras quinze famílias recebem o Oratório na Paróquia de São Salvador e as outras na Paróquia de São Floriano.
“Entre nós há pessoas de todas as idades e estados: famílias numerosas e pessoas solteiras, casais novos e casais de muitos anos, com filhos e netos. Contamos também com um sacerdote, que recebe a Virgem todo dia 30 do mês. A variedade e a distância fazem com que sejamos realmente como São José em Belém, porque, movendo-nos em peregrinação entre as duas paróquias, alcançamos um número sempre maior de fiéis e cada vez encontramos pessoas novas que vêm ao encontro de Maria e de seu Filho”.
Em tão singular grupo tem-se recebido graças prodigiosas, como a narrada a seguir:
“Desde o início do Apostolado do Oratório, nasceram em nossa comunidade oito crianças e vários de nossos anciãos se tornaram avós. Um casal de esposos, contudo, recebeu uma graça especial. Depois do nascimento de seu primogênito, estes jovens não podiam ter outros filhos. Recebendo o Oratório em sua casa, ficaram firmemente convencidos de que a presença da Mãe de Deus os ajudaria. O resultado não se fez esperar. A esposa logo já estava esperando o segundo filho e alguns anos depois nasceram duas gêmeas. Hoje são quatro irmãos: João, Francisco, Úrsula Maria e Helena Maria”.
“Perguntar-lhe-ão os justos: – Senhor, quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar? Responderá o Rei: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (São Mateus 25, 40).
O Apostolado do Oratório dos Arautos do Evangelho promoveu também este ano uma visita de seus Coordenadores e participantes do Curso de Teologia a dois grandes hospitais na cidade de São Paulo.
O primeiro Hospital, visitado no dia 15 de dezembro, foi no bairro da Mooca: Hospital Infantil Cândido Fontoura.
No próprio dia de Natal, foi a vez do Hospital Municipal do Tatuapé. Quatro Sacerdotes Arautos acompanharam a visita, abençoando e ministrando o Sacramento da Unção dos Enfermos aos necessitados.
Ao som de cânticos Natalinos, a bela imagem do Menino Jesus foi levada a mais de 350 leitos. Além de palavras de consolo, afeto e estímulo, foram distribuídos presentes e lembranças religiosas. Os dedicados funcionários e enfermeiras (cerca de duzentos) que faziam plantão neste dia, também foram beneficiados com a bênção dos Sacerdotes e objetos de piedade.
Uma criança de seis anos, ao ver o Menino Jesus ouvir o canto “Noite Feliz” e receber uma medalha de Nossa Senhora, exclamou: “Este foi o Natal mais feliz de minha vida!”.
Castel Gandolfo, Itália, 22 ago (Ecclesia) – O Papa vincou hoje a relevância da piedade dos fiéis a Maria, no dia em que a Igreja Católica assinala a memória da Virgem evocada com o título de Rainha do céu e da terra.
“A devoção à Senhora é um elemento importante da vida espiritual”, afirmou Bento XVI ao receber os fiéis no pátio do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, residência pontifícia de férias, próxima de Roma.
Maria inspira-se na realeza de Cristo, feita de “humildade, serviço e amor”, pelo que a Virgem “é rainha no serviço a Deus e à humanidade”, vincou o Papa, que entrou no recinto segurando uma bengala, logo retirada por um assistente.
“Na serenidade ou na escuridão da existência dirigimo-nos a Maria confiando-nos à sua contínua intercessão, para que o filho [Jesus] nos possa obter todas as graças e misericórdia necessárias para a nossa peregrinação ao longo das estradas do mundo”, disse.
A Virgem “é a rainha do céu próxima de Deus, mas é também a mãe próxima de cada um de nós, que nos ama e escuta a nossa voz”, acrescentou.
Quando instituiu a memória, no fim do Ano Mariano que a Igreja celebrou em 1954, o Papa Pio XII frisou que “Maria é Rainha mais do que outra criatura pela elevação da sua alma e pela excelência dos dons divinos recebidos”, lembrou Bento XVI.
Após a reforma litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), a memória foi fixada oito dias depois da solenidade da Assunção da Virgem, a 15 de agosto, “para sublinhar a estreita ligação entre a realeza de Maria e a sua glorificação em alma e corpo junto do seu Filho”, explicou.
“Possa a Virgem Maria velar por cada um de vós”, disse Bento XVI em português, na mensagem aos peregrinos lusófonos, a quem pediu que a oração à mãe de Cristo seja feita com “confiança”.
A “Virgem Santa Maria, Rainha” é titular da catedral de Bragança e padroeira principal da cidade sob a invocação de Nossa Senhora das Graças.
A memória é também assinalada no Carmelo de Nossa Senhora Rainha do Mundo, em Faro, como “solenidade”, a mais importante classificação litúrgica que a Igreja Católica confere ao calendário.
Na última parte da intervenção Bento XVI saudou as Irmãs Caldeias Filhas de Maria Imaculada, “empenhadas num generoso e precioso serviço às populações do Iraque”, e convidou os fiéis a “dedicar tempo à formação cristã”.