Dando sequência à série “Retiro em Campos do Jordão”, hoje descreveremos como foi o programa do dia na Vila Dom Bosco.
Entre os diversos instintos que possui o gênero humano, um deles é o instinto de sociabilidade. O homem foi feito para viver em sociedade, e como tal, a comunicação é um fruto desse instinto, por onde, falar, gesticular, escrever, enfim, entrar em contato com um outro é natural no gênero humano, e por tanto, não conversar, não entrar em contato com outra pessoa a não ser por algum caso de extrema necessidade, constitui para nós uma grande mortificação.
Entretanto, em um retiro, por mais que se recomende aos retirantes que guardem silêncio e recolhimento, isso não constitui de nenhuma maneira uma grande mortificação (colocamos grande pois, para muitas pessoas, ela ainda constitui uma pequena mortificação) pois, abrimos mão do contato com os demais para poder escutar melhor a voz de Jesus que sussura no fundo de nossas almas. O retiro constitui, portanto, um convívio de cada retirante com o próprio Deus.
Durante esses dias, muitas conversas se darão entre o Pai e o filho. Ele pedirá algo de nós: arrependimento e nossas misérias… E assim, como o pai que alegrou-se imensamnte ao receber o filho pródigo; Ele nos cobrirá com o melhor vestido, e colocará um anel no nosso dedo, ou seja, a graça e a união com Ele.
Com o fim de ajudar os retirantes a aproveitar todos os momentos do retiro, os Arautos do Evangelho organizaram um programa, uma vida comunitária, tal como é organizada em suas Casas.
O despertar não era ao som do despertador, mas sim, ao toque do sino!
O sino acompanhou os retirantes durante todo o tempo; dez toques anunciava aos retirantes o começo do dia. Uma retirante nos dizia, alguns dias depois já em sua casa, que desejava comprar um sino para colocar na sua residência pois, sentia falta daqueles toques tão abençoados! Outros, comentavam que acordavam e ficavam escutando os toques do sino, e somente depois, levantavam-se para começar o dia, tal era o agrado que ele proporcionava aos ouvidos.
E assim, ao longo do dia, os retirantes escutavam dois toques, anunciando que faltavam cinco minutos para iniciar o próximo programa; fosse uma Santa Missa, uma reunião, uma refeição, etc.
Logo após o término dos cinco minutos prévios, três outros toques anunciava o início do programa, sempre precedido por uma oração. Desta maneira, o sino esteve presente em todas as atividades do dia.
A Santa Missa
O dia começava com a celebração da Santa Missa. Esse mistério tão sublime, onde o sacerdote consagra o pão e o vinho, e sob as espécies eucarísticas, Jesus se dá a nós no momento da comunhão.
A Liturgia da Palavra, segundo comentaram vários retirantes, parecia haver sido preparada especialmente para o retiro. Versou ela sobre os episódio onde o Rei Davi pecou contra Deus, e onde ele reconheceu seu pecado e levou uma vida de inteira penitência, enquanto o Evangelho, exortava todos à confiança, através do episódio em que Nosso Senhor Jesus Cristo dorme na barca, enquanto a tempestade assusta aos apóstolos.
A Santa Missa foi celebrada no início do dia, e precedida por uma adoração eucarística que extendeu-se durante todo o dia até a Santa Missa, celebrada no final da tarde. Portanto, todos tiveram a graça de assistir duas Missas todos os dias.
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Adoração ao Santíssimo Sacramento
Durante os dias do retiro, o Santíssimo Sacramento ficava exposto à adoração dos retirantes.
Alí estava Jesus Eucarístico para receber aos retirantes e iluminá-los como o “Sol da Justiça”.
No final da tarde, antes da Santa Missa, o sacerdote dava a todos a benção com o Santíssimo.
Refeições
Outro ponto importante para que o retiro seja bem aproveitado pelos retirantes – dizia São Inácio de Loiola, fundador da Compania de Jesus e mestre dos retiros espirituais – é proporcionar boa alimentação e bom descanço, de maneira que o corpo não incomode ao retirante.
Por isso, a alimentação foi uma das preocupações dos Arautos do Evangelho, a qual, foi amplamente solucionada pela casa de retiros, proporcionando a todos uma bom e adequada alimentação.
Outra preocupação, era criar um ambiente solene durantes as refeições, pois, enquanto o “irmão corpo” era atendido, o espírito também deveria ser atendido.
Assim como em todo o retiro, as refeições também foram em silêncio. Os retirantes não conversavam mas, escutavam atentamente a leitura que era feita durante as mesmas. O tema escolhido para as leituras fôra a “Virtude da Confiança”.
Os jantares eram com um toque todo especial, o refeitório era iluminado por luzes indiretas, e as mesas, por luzes de velas, tendo ao fundo, uma suave música com cânticos polifônicos.
Oração do Santo Rosário
Antes do almoço, os retirantes se reuniam, ao toque do sino, na capela, para rezarem juntos um dos mistérios do Santo Rosário, geralmente, o mistério doloroso.
E pela noite, após o jantar, era o momento do rosário solene.
Precedidos por uma cruz e, com uma velinha em uma das mãos, e o rosário na outra, era feito um cortejo pelo pátio da propriedade, rezando os mistérios gloriosos, em direção à capela, onde terminavam o dia com a Oração da Noite, feito pelo sacerdote que pregava o retiro, diante do Sacrário.
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Com esse post, o leitor já terá uma idéia de como foi o programa do retiro.
No próximo post, comentaremos as reuniões do retiro. Foram ao todo 10 reuniões muito abençoadas.
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