Boletim Maria Rainha dos Corações julho/agosto 2018

Na passagem de Maria Santíssima deste mundo para a eternidade vislumbramos desde já o que nos acontecerá no Juízo Final, caso venhamos a morrer em estado de graça

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

A Santa Igreja Católica, ao comemorar a Solenidade da Assunção de Maria Santíssima, compõe a Liturgia com um objetivo definido, sintetizado na Oração do Dia:

“Deus eterno e todo-poderoso, que elevastes à glória do Céu em corpo e alma a Imaculada Virgem Maria, Mãe do vosso Filho, dai-nos viver atentos às coisas do alto, a fim de participarmos da sua glória”.1

Nossa condição humana, tão cheia de lutas e de dramas, e ao mesmo tempo de graças, tende a voltar-se para as realidades concretas que nos cercam – saúde, dinheiro, relações, etc. –, esquecendo-se das maravilhas sobrenaturais, quando na verdade sua contemplação é essencial para nos tornarmos partícipes da glória de Nossa Senhora. Sinal da importância de nos atermos em primeiro lugar aos bens do alto é que eles nos serão concedidos por todo o sempre, se nos salvarmos.

A exemplo de Maria

Na passagem de Maria Santíssima deste mundo para a eternidade vislumbramos desde já o que nos acontecerá no Juízo Final, caso venhamos a morrer em estado de graça. Todos nós partiremos desta vida. E quanto tempo mediará entre a morte e a ressurreição? Não importa, pois a ressurreição certifica a onipotência divina. Pela simples lembrança de que morreremos, seremos sepultados e esperaremos até sermos ressuscitados de forma gloriosa, a ponto de adquirirmos um corpo espiritualizado, já antegozamos esse momento de extraordinária beleza em que triunfaremos, como Nossa Senhora no dia da Assunção.

Júbilo na eternidade

Que gáudio incomparável experimentaram todas as almas bem-aventuradas quando Nossa Senhora ali entrou em corpo e alma!

Embora seu Divino Filho já estivesse ressurrecto na companhia dos eleitos, o fato de unir-Se a eles, sendo a mais bela, elevada e santa das puras criaturas, foi um surto de consolação para quantos aguardavam a ressurreição de seus corpos.

(acima: Dormição de Nossa Senhora (Catedral de Notre-Dame, Paris)

A coroação da Santíssima Virgem

Tendo Nossa Senhora completado sua missão, bem podemos imaginar como foi seu triunfo no Céu: as três Pessoas da Santíssima Trindade A receberam e A glorificaram. Coroada pelo Pai, que Lhe conferia o poder impetratório e depositava em suas mãos o governo da criação, Maria Santíssima passou a ser a administradora dos tesouros divinos;
um suspiro d’Ela é capaz de mover a vontade do Criador. O Filho, a Sabedoria Eterna e Encarnada, Lhe deu toda a sabedoria, e o Espírito Santo, enquanto seu Esposo, Lhe concedeu a faculdade de santificar as almas.

Um caminho de luz é aberto a todos

A Assunção de Maria nos abre grandes portas e um caminho florido e cheio de luz, no que diz respeito à salvação eterna. Diante do penhor de nossa ressurreição, que nos é dado pelo mistério da Assunção de Maria Santíssima, deveríamos nos considerar mutuamente uns aos outros segundo esse ideal, como se estivéssemos já ressurrectos, pois acima do abatimento e das provações desta vida brilha a esperança da glorificação para a qual rumamos.

Vivamos buscando os bens do alto, e que nosso pensamento acompanhe o trajeto seguido por Maria Virgem. Voltemo-nos para o trono d’Ela, e assim receberemos graças sobre graças para estarmos sempre postos nesta via que nos conduzirá à ressurreição feliz e eterna, quando recuperaremos os nossos corpos em estado glorioso.

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1) Solenidade da Assunção de Nossa Senhora. Oração do Dia. In: MISSAL ROMANO (edição brasileira da CNBB). 9.ed. São Paulo: Paulus, 2004, p.638.

 

Veja também neste boletim:

pág. 8

 

 

 

 

 

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