Cristo é sinal de contradição, para se revelarem os segredos dos corações

Mons. João Clá Dias Fundador dos Arautos do Evangelho

“Eis que este Menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel e a ser um sinal de contradição” (Lc. 2, 34).

“A Apresentação”, afresco de Giotto na Capela degli Scrovegni, Pádua (ltália)

No primeiro livro de suas homilias (hom. 15, De purificatione Beatae Mariae: PL 94, 79-83), São Beda, o Venerável, assim se expressa: “Com júbilo ouvem-se essas palavras, que exprimem haver sido destinado o Senhor a conseguir a ressurreição universal, conforme o que Ele mesmo disse: ‘Eu sou a ressurreição e a vida; o que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá’ (Jo 11, 25).

“Mas quão terríveis soam aquelas outras palavras: Eis que este Menino está destinado a ser uma causa de queda! “Verdadeiramente infeliz aquele que, depois de haver visto sua luz, fica, sem embargo, cego pela névoa dos vícios… porque, segundo o Apóstolo (2 Pd. 2, 21), ‘melhor fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, depois de tê-lo conhecido, tornarem atrás, abandonando a lei que lhes foi ensinada’.

“Contradizem-No os judeus e gentios, e, o que é mais grave, os cristãos que, professando interior mente o Salvador, desmentem-No com suas ações.” “…a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações” (Lc 2, 35).

Continua São Beda: “Antes da Encarnação, estavam ocultos muitos pensamentos, mas uma vez nascido na terra o Rei dos céus, o mundo se alegrou, enquanto Herodes ‘se perturbava e com ele toda Jerusalém’.

“Quando Jesus pregava e prodigalizava seus milagres, enchiam-se as turbas de temor e glorificavam o Deus de Israel; mas os fariseus e escribas acolhiam com raivosas palavras quantos ditos procediam dos lábios do Senhor e quantas obras realizava. Quando Deus padecia na cruz, riam com alegria nécia os ímpios, e choravam com amargura os piedosos; mas, quando ressuscitou dentre os mortos e subiu aos céus, mudou-se em tristeza a alegria dos maus, e se converteu em gozo a pena dos amigos…” (S. Beda: ut supra).

Ainda hoje e até o Juízo Final, os cristãos, outros Cristos, são “sinais de contradição” e, em função deles, revelar-se-ão os pensamentos escondidos nos corações de muitos.

Maria, corredentora, e o amor às nossas cruzes

A Virgem de Macarena, Sevilha,Espanha / Foto: Arautos do Evangelho

“E uma espada transpassará tua alma” (Lc 2, 35) . Maria é corredentora do gênero humano. Essa profecia de Simeão, Ela já a conhecia. Mais ainda, estaria gravada em seu espírito até a ressurreição de Jesus. Ela é a Rainha dos Mártires e, desde a Anunciação, sofreria com Cristo, por Cristo e em Cristo.

Nós somos convidados neste trecho do Evangelho a dar um caráter de holocausto às dores que nos forem permitidas pela Providência. Tenhamos amor às cruzes que nos cabem, unindo-nos a Jesus e a Maria nessa grandiosa cena da apresentação.

Trecho do artigo: A apresentação do Menino Jesus e a Purificação de Maria Virgem – Revista Arautos do Evangelho, nº 2 – fevereiro de 2002.

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Conta do Papa no Twitter com mais de 500 mil seguidores

Foto: Agência Ecclesia
Foto: Agência Ecclesia

Cidade do Vaticano, 04 dez 2012 (Ecclesia) – A conta de Bento XVI na rede social twitter, apresentada esta segunda-feira, tem já mais de 500 mil seguidores nas oito línguas disponibilizadas, nas quais se inclui o português, com 14 mil pessoas.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirma que este número “não surpreende” por esta resposta dos utilizadores, falando num “enorme interesse” que já tinha sido revelado antes do lançamento da página.

“Esta iniciativa deu verdadeiramente um sinal da capacidade, por parte do Santo Padre e dos seus colaboradores, de responder às expectativas que estão no ar”, acrescentou o sacerdote italiano, em declarações à Rádio Vaticano.

Bento XVI vai lançar a primeira mensagem na rede Twitter a 12 de dezembro, através da conta @Pontifex.

As mensagens do Papa serão publicadas, com a sua autorização, em inglês, espanhol, italiano, português, alemão, polaco, árabe e francês.

Numa primeira fase, os ‘tweets’ serão lançados às quartas-feiras, dia da audiência pública semanal, mas com o passar do tempo serão “mais frequentes”, anunciou o Vaticano.

As primeiras mensagens de Bento XVI vão ser respostas a perguntas sobre a fé que podem ser colocadas, ao longo dos próximos dias, através do marcador (conhecido por “hashtag”) ‘#askpontifex’.

“É nossa missão valorizar estas possibilidades e indicar que, também neste mundo em desenvolvimento tão vertiginoso, é preciso apresentar elementos de encontro mais profundo, de comunicação de ideias, sentimentos”, precisa o padre Lombardi.

Para o porta-voz do Vaticano, “a presença do Papa no Twitter quer ser uma mensagem para todos”, um exemplo que convida a Igreja Católica a assumir “esta nova dimensão da comunicação”.

A denominação Twitter deriva da palavra inglesa com a mesma grafia, que em português pode ser traduzida por “gorjear” ou “piar”, razão pela qual o logótipo daquela rede social representa um pássaro.

OC – Agência Ecclesia

“Pai, glorifica o teu nome!”

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Mons. João S. Clá Dias
Mons. João S. Clá. Dias

Jesus, na sua infinita sabedoria, quis, para o bem de seus discípulos que ao chegar a sua hora, houvesse um sinal. Isto se de deu quando diante do pedido de um grupo de gregos: “queremos ver Jesus”, transmitido por Filipe e André, Nosso Senhor exclamou: “É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado. Em verdade, em verdade  vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto” (Jo 12, 24).

A aproximação desses gentios – conforme comenta Santo Agostinho – era esse sinal, pois dava a entender que povos de todas as nações haveriam de crer n’Ele depois de sua Paixão e Ressurreição. Indício, portanto, do caráter universal de sua pregação e missão, e da aproximação da hora em que seria glorificado.

Assim como o grão de trigo, Ele precisa morrer, e por morte de cruz. Diante desse supremo sacrifício, transparece a debilidade da natureza humana assumida pelo Verbo de Deus. Seus argumentos mais parecem destinados a solidificar sua decisão, entretanto já tomada: “Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quer servir, siga-me; e, onde eu estiver, estará ali também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará”. (Jo 12, 25-26).

Quem se entrega à prática dos vícios e do pecado, ama sua vida neste mundo, esclarece São João Crisóstomo. Se resistir às paixões, e praticar a virtude, terá a verdadeira vida, que é a vida eterna.

Getsêmani

“Presentemente, a minha alma está perturbada. Mas que direi?… Pai, salva-me desta hora… Mas, para padecer nesta hora é que Eu vim a ela. Pai, glorifica o teu nome!” (Jo 12, 27-28).

O monólogo de Nosso Senhor prossegue, mais pessoal, mais sublime, mais aflito. Suas palavras são entrecortadas por silêncios meditativos, indicados pelo evangelista com reticências. O Redentor estremece à vista da cruz e – comenta São João Crisóstomo – sua turbação nos mostra quão inteiramente Ele, sendo embora a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, havia assumido a natureza humana.

Mistério inefável e inatingível por nossa inteligência, o paradoxo de sentimentos simultâneos e opostos numa mesma pessoa: enquanto a natureza divina estava permanentemente pleníssima de gáudio, a humana O levaria a suar sangue no Getsêmani. Entretanto, possuindo um nobre Coração, em instantes reagiu às angústias, retomando a suprema paz.

A voz do Pai se faz ouvir

“Pai, glorifica o teu nome”. Com sua morte, Jesus queria sobretudo a glória do Pai, e este ouviu sua oração: “Nisto veio do céu uma voz: Já O glorifiquei e tornarei a glorificá-Lo. Ora, a multidão que ali estava, ao ouvir isso, dizia ter havido um trovão. Outros replicavam: Um anjo falou-lhe. Jesus disse: Essa voz não veio por mim, mas sim por vossa causa” (Jo 12, 28-30).

Esta foi uma das três ocasiões em que o Pai se manifestou publicamente, segundo narra o Evangelho (as outras duas foram no batismo do Senhor e na sua transfiguração), sempre no sentido de glorificar o Filho.
Aqui Ele se dirige a todos os homens, anunciando o triunfo do Verbo Encarnado, e dando a Jesus ensejo a contemplar, com a luz da ciência divina, os frutos de sua Paixão: “Agora é o juízo deste mundo; agora
será lançado fora o príncipe deste mundo. E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim. Dizia, porém, isto, significando de que morte havia de morrer” (Jo 12, 31-33).

Este trecho do Evangelho nos traz duas belas e importantes lições: para a glória de Deus, não só devemos aceitar o sacrifício de nossa própria vida, como também apartarmo-nos da vanglória, para somente buscarmos a verdadeira gloria.

“Christianus alter Christus” (o cristão é um outro Cristo). Temos a obrigação de ser outros Cristos no que tange ao fim último para o qual fomos criados e redimidos: “ad majorem Dei gloriam”, para a maior glória de Deus, conforme o lema escolhido por Santo Inácio de Loyola para a sua Companhia de Jesus.