Comentário ao Evangelho do XVI Domingo do Tempo Comum
Há neste Evangelho uma lição para as almas “Marta”, e também para as almas “Maria”. Às primeiras, ensina Jesus que uma só coisa é necessária: o amor; e às segundas, que não podem desprezar a parte menos elevada
Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP
Deus nos criou para a eternidade
Em razão de nossa natureza humana, somos mais tendentes a prestar atenção nas coisas materiais, acessíveis aos sentidos, do que nas espirituais.
Ora, Deus nos criou para a eternidade e, para alcançarmos a bem-aventurança eterna, não importam tanto os nossos atos externos quanto nossos méritos, virtudes e correspondência aos dons d’Ele recebidos. Trata-se, portanto, de vencer esse pendor instintivo para o que é inferior e procurar sempre aquilo que é transcendente.
Importa isso em desprezar tudo quanto é palpável e entregar-nos exclusivamente ao estudo e à oração? Devemos deixar de lado toda e qualquer atividade concreta, inclusive as mais nobres e necessárias, a fim de jamais perdermos o contato com o sobrenatural?
O Evangelho de hoje tem por cerne essa problemática. Nele, São Lucas apresenta em poucas linhas, com inspirada pena, as figuras de Marta e de Maria, símbolos da vida ativa e da contemplativa.
A Lei mandava amar o próximo como a si mesmo. Os judeus, porém, limitavam o conceito de próximo, de forma a restringir essa importante obrigação. Jesus vem dar o verdadeiro sentido à Lei
Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP
O principal objeto do pensamento, ontem e hoje
Falhou o motor do carro, acabou a energia elétrica, os bancos entraram em greve, foi lançado um novo tipo de software, afinal a ciência encontrou a substância preventiva contra o câncer”… e, se tempo e espaço houvesse, poderíamos encher páginas e páginas com os assuntos que no mundo atual absorvem exageradamente a atenção da humanidade. Deus deixou de ser a preocupação principal de quase todas as pessoas para dar lugar a um desenfreado egocentrismo. A agitação passou a ser a nota tônica do dia a dia em toda a face da Terra, o relacionamento humano e a própria estrutura da vida social já não mais facilitam a elevação do pensamento a Deus.
A esse respeito, a situação do gênero humano era bem diversa na época da Jesus; apesar da grande decadência na qual estava ele mergulhado, o empenho em conhecer ideias era mais notório. No povo judeu, em concreto, a apetência por explicitações doutrinárias, sobretudo quando estreitamente ligadas com a religião, era robusta e contagiante. Um exemplo característico deste estado de espírito ocorre com o legista que, no Evangelho de hoje, se levanta para fazer uma pergunta a Nosso Senhor. Por mais que seu intento não fosse inteiramente isento de segundas intenções, o questionamento exposto por ele deixa transparecer qual era o teor dos assuntos tratados nas conversas comuns daquele período histórico.
Os frutos da Ascensão nos beneficiam a cada instante, tal como a última bênção de Jesus aos Apóstolos, no Monte das Oliveiras, se prolonga através da História até cada um de nós
Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP
Suprema glorificação de Cristo
Às vezes, a perfuração produzida por uma agulha é mais danosa do que o golpe de um martelo, sobretudo quando ela atinge pontos vitais. Essa comparação talvez ainda ganhe em substância e expressividade se revertida para o campo da polêmica doutrinária, como se verificou na refutação de São Bernardo ao judeu que, no alto do Calvário, desafiou a Cristo em sua agonia: “Se és o Filho de Deus, desce da Cruz” (cf. Mt 27, 42; Mc 15, 32).
Segundo o Fundador de Claraval, é mal concebida essa proposta para comprovar a origem divina de Jesus, pois a realeza, e mais ainda a divindade de um ser, não se torna patente pelo ato de descer, mas muito ao contrário, pelo de subir. E foi exatamente o que sucedeu com Jesus, quarenta dias após sua triunfante Ressurreição. Por isso, debaixo de certo ângulo, a Ascensão do Senhor ao Céu constitui a festa de maior importância ao representar a glorificação suprema de Cristo Jesus. Ele próprio a havia pedido ao Pai: “Glorifica-Me junto de Ti mesmo, com aquela glória que tive em Ti, antes que houvesse mundo” (Jo 17, 5); “Pai, chegou a hora, glorifica o teu Filho, para que teu Filho glorifique a Ti” (Jo 17, 1).
Válidas para todas as épocas históricas, as normas dadas pelo Divino Mestre aos setenta e dois discípulos delineiam o perfil de um autêntico evangelizador e constituem precioso guia para conduzir os homens à verdadeira felicidade
Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP
Conquanto não seja possível saber com precisão a ordem cronológica dos fatos ocorridos na fase da vida de Nosso Senhor contemplada no Evangelho de hoje, muitos comentaristas concordam em reunir, como concernentes a uma única viagem, o relato de São João sobre a ida de Jesus a Jerusalém, para a Festa dos Tabernáculos (cf. Jo 7, 1-53), e o de São Lucas, ao registrar que o Salvador resolvera dirigir-Se à Cidade Santa porque o tempo da Paixão se aproximava (cf. Lc 9, 51).6
Segundo essa interpretação e e de acordo com a narração do terceiro Evangelista, foi durante essa viagem que Tiago e João perguntaram ao Mestre se poderiam fazer vir fogo do céu sobre os inospitaleiros samaritanos, sendo repreendidos com a belíssima afirmação acerca da missão do Redentor: “O Filho do Homem não veio para perder as vidas dos homens, mas para salvá-las” (Lc 9, 56). Em seguida, o Evangelista registra três diálogos entre Jesus e algumas pessoas com vocação para segui-Lo. Os conselhos dados por Nosso Senhor deixam evidenciada a seriedade do chamado para ser Apóstolo e a necessidade imposta pela vocação de romper os laços com o mundo (cf. Lc 9, 57-62).
Situando a escolha dos setenta e dois discípulos logo a seguir, São Lucas compõe um quadro bastante expressivo a respeito da impostação de espírito e da conduta que deve caracterizar os convocados a propagar o Reino de Deus. Provavelmente foi após o término das comemorações religiosas mencionadas por São João que Jesus, visando à evangelização da vasta região da Judeia, instituiu o novo método de ação apostólica considerado no trecho do Evangelho deste domingo.
I – Um dos mais belos relatos do Terceiro Evangelho
A Liturgia de hoje nos leva a considerar a beleza da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Nesta narração, ambos deixam entrever o quanto possuem um coração afetuoso, caritativo e generoso para com um desconhecido que os alcança pelo caminho. Eles não têm qualquer sombra de respeito humano em explicar ao “forasteiro” os principais aspectos da Vida, Paixão e Morte de Jesus, como o próprio desaparecimento de seu sagrado Corpo.
Consideremos o grande respeito que os três manifestam entre si nesse episódio, como também a elevação do tema por eles tratado. Tal convívio contrasta flagrantemente com a vulgaridade de quase a generalidade das conversas em nossos dias.
13 Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. 14 Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido.
A beleza, o estilo e a delicadeza da narração nos põem diante dos nossos olhos um dos mais belos relatos do terceiro Evangelho. De outro lado, é ela uma excelente prova da Ressurreição de Jesus. Quanto à cidadezinha de Emaús, há uma dezena de hipóteses sobre sua real localização, e não se têm elementos para saber qual é a verdadeira. Guardemos apenas que a distância ficava a 11 quilômetros de Jerusalém.
Provavelmente esses dois discípulos, como também outros, haviam se deslocado para Jerusalém a fim de cumprir os ritos pascais e, depois de visitarem os Apóstolos, retornavam as suas cidades de origem.
Alguns Padres da Igreja levantam a hipótese de ser o próprio São Lucas um deles, e assim se entenderia melhor o motivo pelo qual ele não quis mencionar o nome do segundo discípulo.
1 – Quando dois ou mais estiverem em meu nome…
15 Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus Se aproximou e começou a caminhar com eles.
O Divino Mestre havia prometido, em vida, que estaria presente quando dois ou mais estivessem reunidos em seu nome (cf. Mt 18, 20), verificamos aqui o cumprimento da sua promessa. A conversa entre ambos que tinha algo de oração pelo tema tratado e como era tratado, foi o fator que atraiu o Redentor a Se agregar a eles.
É interessante notar o agrado de Jesus junto aos dois, bem como o recíproco intuito apostólico de lado a lado. Um dos intentos do Divino Mestre era o de robustecer a fé de seus discípulos. Por isso, operando de maneira oculta, “Se aproximou e começou a caminhar com eles” (Leia mais aqui!).
Obs: Se estiver usando o Firefox, dependendo da versão, depois de clicar em (Leia mais aqui!), será preciso procurar o arquivo da meditação na pasta de downloads padrão.
Cidade do Vaticano, 29 jan 2013 (Ecclesia) – O Vaticano apresentou hoje o programa e a mensagem de Bento XVI para o 21.º Dia Mundial do Doente, que vai ser assinalado dia 11 de fevereiro, na Alemanha.
O presidente do Conselho Pontifício da Pastoral para os Agentes de Saúde, D. Zygmunt Zimowski, destacou o desafio do Papa para que os fiéis façam da iniciativa “um momento particular de reflexão” e de “renovada atenção” a todos aqueles que estão a sofrer.
“O Santo Padre convida as pessoas a deixarem-se interrogar pela figura do Bom Samaritano”, que desafia a uma atitude de “proximidade” e que representa “o amor profundo de Deus por todo o ser humano”, referiu o arcebispo polaco em conferência de imprensa, hoje, no Vaticano.
Na sua mensagem, inspirada na parábola bíblica do Bom Samaritano onde se afirma “Vai e faz tu também o mesmo” (Lc.10, 30-37), Bento XVI sublinha que o Ano da Fé, a decorrer na Igreja Católica até novembro, “constitui uma ocasião propícia para intensificar o serviço da caridade nas comunidades eclesiais”.
Tal como a figura descrita no evangelho de São Lucas, os cristãos devem “saber olhar com compaixão e amor aqueles que têm necessidade de ajuda e de cura”, salientou D. Zygmunt Zimowski.
O Dia Mundial do Doente, celebração instituída por João Paulo II em 1992, é assinalada anualmente pela Igreja Católica a 11 de fevereiro, na festa litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, data que marca as aparições a Bernardette Soubirous, em 1858.
O Papa vai conceder “indulgência plenária” a todos os fiéis que vão participar nas celebrações, entre 7 e 11 do próximo mês, no Santuário de Altoetting, Alemanha.
A decisão foi revelada segunda-feira através de um decreto assinado pelo cardeal Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Igreja Católica, e D. Krzysztof Józef Nykiel, regente do Tribunal da Penitenciária Apostólica.
A indulgência plenária irá abranger todos aqueles que, “com espirito de fé e alma misericordiosa”, a exemplo do Bom Samaritano, “se colocam ao serviço dos seus irmãos que estão a sofrer” e aqueles que “estando doentes, oferecem a sua dor como testemunho de fé”.
A indulgência é definida no Código de Direito Canónico (cf. cân. 992) e no Catecismo da Igreja Católica (n.º 1471) como “a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada”, que o fiel obtém em “determinadas condições pela ação da Igreja”.
O documento publicado pela sala de imprensa da Santa Sé realça que a indulgência irá abranger também “as almas dos fiéis defuntos” e será concedida “uma vez por dia”, mediante a participação nas cerimónias religiosas, na comunhão eucarística e na oração pelas intenções do Papa para o Dia Mundial do Doente.
No programa previsto para aquela iniciativa, na Baviera, destaque para a realização de um Congresso Internacional Científico intitulado “Fazer bem a quem sofre”, que terá lugar nos dias 7 e 8 de fevereiro na Universidade Católica de Eichstätt-Ingolstadt.
Para D. Jean-Marie Mupendawatu, secretário do Conselho Pontifício da Pastoral para os Agentes de Saúde, este congresso será dedicado ao debate e partilha de argumentos de caráter “teológico-ético” e contará com a participação de agentes e responsáveis do setor vindos de toda a Europa.