Meditação para o Primeiro Sábado de maio

 

A instituição da Eucaristia

  

Eucaristia“Eu sou o Pão vivo descido do Céu…
Quem comer deste Pão, viverá eternamente;
e o Pão que Eu darei é a Minha carne para a salvação do mundo”. (Jo 6, 51).

 

Introdução:

Em união com toda a Igreja no Brasil, escolhemos o tema deste quinto mistério luminoso do Santo Rosário: A Instituição da Eucaristia, porque nos dias 13 a 16 de maio 2010 realizar-se-á, o XVI Congresso Eucarístico, cujo tema é “Eucaristia, Pão da Unidade dos Discípulos e Missionários-Fica Conosco, Senhor”!

 

PREFÁCIO:

Ao comer o fruto proibido, nossos primeiros pais pecaram e entrou no mundo a morte.
Por meio de outro alimento, o “Pão descido do Céu”, foi-nos restituído a vida.
Na Eucaristia, o próprio Deus Se oferece ao homem como comida, dando-lhe infinitamente mais do que havia perdido!

 

I – Jesus é incompreendido…

Como era possível a alguém contestar as claras afirmações de Jesus a respeito de Sua divindade e desprezar os Seus divinos atributos? Como duvidar de Nosso Senhor ante provas tão evidentes: cura de todo tipo de doenças, libertação de possessões diabólicas, ressurreições e outros milagres assombrosos, entre os quais a mudança da água em vinho, ou a multiplicação de pães e peixes, ocorrida pouco depois de anunciar a Eucaristia?
O que levava seus contemporâneos a tal atitude?

 

1 – Quando no homem prepondera a matéria …

 A natureza humana é um composto de espírito e matéria – a alma e o corpo – na qual há uma hierarquia em que a parte espiritual deve governar a material, o que ocorre pela prática da virtude, com o auxílio da graça. Mas, quando o homem se deixa dominar pelas potências inferiores, as paixões desregradas exercem uma tirania sobre a parte mais nobre e elevada, e ele fica entregue ao vício. No primeiro caso predomina o espírito e dizemos estar diante do homem espiritual; no segundo, prepondera a matéria: é o homem carnal, materialista.

 

2 – Psicologia do homenm carnal:

Detenhamo-nos um pouco no segundo caso, procurando descrever alguns traços da psicologia do homem carnal, para melhor compreendermos a dureza de coração dos contemporâneos de Jesus.

O materialista está voltado principalmente para a fruição sensível da vida. Seus horizontes intelectuais pouco mais abarcam do que a realidade concreta. Dir-se-ia ter perdido a capacidade de ver os fatos em três dimensões, passando a observar tudo apenas num plano só, o dos seus pequenos interesses pessoais e imediatos, sem a profundidade do que é eterno. Por isso, não é capaz de captar as realidade mais elevadas, de ordem sobrenatural.

O materialista é um míope do espírito. Torna-se incapaz de elevar o olhar para os grandes horizontes da Fé que Deus lhe oferece misericordiosameente.

 

 3 – Visualização deformada dos contemporâneos de Jesus.

É essa impostação distorcida do espírito que levava os contemporâneos de Jesus a verem nEle apenas o filho do carpinteiro José, e nada mais. Eram incapazes de admirar e venerar Suas excelsas virtudes, nas quais não podia deixar de transparecer Sua divindade, por terem o espírito endurecido pela consideração apenas da realidade concreta, imediata e visível. Não podiam admitir que Aquele que tinham visto crescer e vivia entre eles pudesse ser Deus e homem: “Como, pois, diz Ele: Desci do Céu?” (Jo 6, 42).

 Divisor

 

 

II – O Principal obstáculo para crer na Eucaristia.

Era dessa visualização materialista que nascia a impossibilidade de aceitar o maior dom de Deus à humanidade: a Eucaristia !!

Com efeito, as realidades visíveis são imagens das realidades invisíveis e sobrenaturais, como ensina São Paulo: “Desde a criação do mundo, as perfeições de Deus, o Seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por Suas obras” (Rm 1, 20). Mas, para ter essa visão do universo é necessário ser homem espiritual.

Ora, carnal e voltado para a realidade concreta, não poderia a grande parte do povo judeu compreender quando falava de um “Pão descido do Céu”, que lhes traria a vida eterna. Para eles, a finalidade única do alimento era sustentar a vida material do homem. Seu intelecto dificilmente poderia se alçar a essa verdade transcendente: ao criar o homem com a necessidade de nutrir-se, Deus tinha em vista a instituição da Eucaristia, para poder sustentar, por meio do “Pão descido do Céu”, sua vida sobrenatural.

 

III – O pecado original foi cometido pelo abuso de um alimento; e a salvação eterna nos vem através de outro: a Eucaristia !

 A alimentação, além da finalidade imediata de manter a vida do homem, tem também um importante papel social: o de unir as pessoas. Por exemplo, é em torno da mesa que a família se reúne diariamente e põe em comum, não só os alimentos, mas também os sentimentos, os ideais, o modo de ser e até os problemas caseiros. É à mesa que se desenvolve a conversa e os pais têm uma das melhores ocasiões de ir formando o espírito dos filhos.

 

1- O alimento favorece a união dos que o partilham.

O fato de se sentarem todos juntos para fazer a refeição estabelece um especial traço de união entre os membros de uma família, de um grupo de amigos ou de uma comunidade religiosa, que vai além das simples iguarias para valores mais altos. O alimento possui algo que favorece a união daqueles que o partilham. Os vínculos familiares, sociais ou religiosos se fortalecem e a verdadeira amizade se consolida.

É também em torno da mesa que se realizam as comemorações dos pequenos ou grandes fatos da vida.

 

2 – A morte entrou pelo mau uso do alimento …

Mesmo no Paraíso Terrestre, onde o homem tinha os instintos perfeitamente ordenados, é de se supor que, se não tivesse havido pecado e a vida se desenvolvesse normalmente, também seria em torno da mesa que transcorreriam os melhores momentos do convívio social e familiar.

E como o maior dom de Deus à humanidade seria dado sob a forma de alimento, foi através de um elemento nutriente que o Criador quis pôr à prova nossos primeiros pais, para depois conceder-lhes tão alta dádiva: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente” (Gn 2, 16-17).

É esta a forma caracteristica do agir de Deus. Pede uma pequena renúncia para depois dar, em recompensa, uma infinitude.

 

3 – A Eucaristia a resposta de Deus ao pecado Original.

Quando Adão comeu o fruto proibido, entrou a morte no mundo; por meio do “Pão descido do Céu”, nos foi restituida a Vida: “Quem comer deste pão viverá eternamente” (Jo 6, 51).

O primeiro pecado foi cometido pelo abuso de um alimento, e a salvação eterna nos vem através de outro. A Eucaristia se apresenta como uma resposta, da parte de Deus, ao pecado original, dando aos filhos de Adão infinitamente mais do que haviam perdido: é o próprio Deus que Se oferece em alimento ao homem.

Não há possibilidade de um dar-se maior do que a Eucaristia …

… “E o Pão que Eu darei é a minha carne para a salvação do mundo” (Jo 6, 51b).

 

Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos! Peço–Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam. (Oração ditada pelo Anjo da Paz, aos Três Pastorinhos de Fátima).

 Cfr. Revista Arautos do Evangelho, nº 92, agosto 2009, pp.11-12 – Mons.João S.Clá Dias

 

 IV – A instituição da Eucaristia na Ultima Ceia

 “Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo Tomai e comei, isto é o meu corpo”. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: “Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado popr muitos homens em remissão dos pecados. Digo-vos: doravante não beberei mais desse fruto da vinha até o dia em que o beberei de novo convosco no Reino de meu Pai”. (Mt.26, 26-29)

 

Que mais poderia nos ter dado Jesus ? Fez-se comida e bebida para podermos participar eternamente da sua própria vida. Desceu do mais alto dos Céus assumindo a substância do pão e do vinho para elevar-nos ao convívio de Deus.

O sacerdote católico recebeu a grande glória de poder emprestar sua laringe e suas mãos ao Divino Mestre, para que, sobre o altar, se opere um dos maiores milagres -e o mais frequente deles- da História da humanidade: a transubstanciação. Quer dizer, a substância pão e a substância vinho cedem lugar à substância Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

De fato, pela nossa inteligência, jamais chegaríamos a penetrar nesse mistério tão sagrado. Nem sequer os demônios, que, embora decaídos, são de natureza angélica, e portanto superior à nossa, conseguem discernir nas aparências do pão e do vinho o Homem-Deus. Só mesmo a Fé nos faz penetrar nesse mistério sagrado.(3)

Ao comungarmos, nós nos assemelhamos a Maria, por momentos, possuindo o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus em nossas entranhas.

 

Aplicação: Nesta meditação somos convidados a progredir muitíssimo no amor ao culto eucarístico, na adoração ao Santíssimo Sacramento, no aprofundamento da piedade, na devoção a Jesus-Hóstia, etc. e tirar desse convivio um proveito enorme para a nossa vida, porque nada consola mais do que a Eucaristia. Por exemplo, peçamos a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento a graça de crescer ardorosamente na devoção eucarística, e de jamais perdermos a oportunidade de comungar com toda a fé, esperança e amor.

 

Coração Eucarístico de Jesus, fonte de toda consolação; tende piedade de nós!

 

Oração final: Ó Maria, Vós que sois a maior devota do Santíssimo Sacramento, ardente de amor a Deus em Vosso Imaculado Coração, nos convidando a sermos devotíssimos da Eucaristia, suplicamos que aceiteis esta meditação em desagravo ao Vosso Sapiencial e Imaculado Coração. Concedei-nos graças sobre graças na linha de compreendermos bem o tesouro que possuímos, o mais belo e o mais essencialmente elevado dos sacramentos e dai-nos um ardor extraordinário pela Eucaristia como Vós tivestes.

Minha Mãe, aqui estamos para que nos transformeis em ardorosos adoradores da Eucaristia!

Assim seja!

 

Coordenadores em Iaras/SP

Recentemente a comunidade dos Oratórios da Paróquia Santa Luzia, em Iaras, Estado de São Paulo, foi visitada pelos Arautos do Evangelho.

A dupla dos Arautos que percorre as várias comunidades do Oratório do Imaculado Coração de Maria, reuniu-se com o Pároco, Frei Antônio Eduardo Damasceno e os fiéis, para contar notícias da expansão do Apostolado do Oratório no Brasil e no mundo, como também, explicar e instaurar na Paróquia, a devoção dos Primeiros Sábados do Mês.

O encontro deu-se no própria igreja de Santa Luzia. O Frei Antônio celebrou a Santa Missa, que contou com a presença dos coordenadores, com seus Oratórios e capinhas laranjas do Apostolado do Oratório.

Na celebração, esteve presente a Imagem Peregrina do Imaculado Coração de Maria. Antes do término da Missa, Fre i Antônio fez a consagração das famílias ao Imaculado Coração de Maria.

Logo após a Missa, foi projetado um áudio-visual sobre as atividades do Apostolado do Oratório no ano de 2009.

Clique nas fotografias abaixo e confira como foi a peregrinação.

DSC05722DSC05726DSC05799DSC05806DSC_5955DSC_5965DSC_5987DSC_5990DSC_6018

Meditação para o Primeiro Sábado

Jesus é condenado à morte

 

Cristo crucificadoEle próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário”.

(Jo 19, 17)

 

 

 “Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado”. (Is 53, 4)

  

Introdução

 

Durante esta Quaresma e, de modo especial, nos dias cheios dos imponderáveis sérios e graves da Semana Santa, acheguemo-nos aos pés da Cruz de onde pende o Salvador abandonado por quase todos – sobretudo neste século em que tantos e tantos homens só procuram o prazer e o bem-estar pessoal – e coloquemos nas mãos da Mãe Dolorosa, cuja alma foi transpassada pelo gládio da dor, toda a nossa entrega e disposição de padecer por Cristo e por Sua Igreja.

 

Oração inicial

 

 Ó Virgem Dolorosa, nós sabemos que juntamente com Vosso divino Filho sofrestes as dores da Paixão. Vós sofrestes como Mãe, quase que na própria carne – porque mais dói a dor da alma do que a do próprio corpo. No caminho do Calvário, Vós encontrastes Jesus quando carregava a cruz às costas. Ó Mãe Santíssima nós Vós pedimos graças super abundantes, graças eficazes, graças até místicas para bem realizar esta meditação e que ela de fato possa, de alguma forma, reparar o Vosso Sapiencial e Imaculado Coração por tantos crimes, tantos horrores e pecados que ocasionaram a Paixão de Vosso divino Filho. Hoje, ao considerardes esses crimes, blasfêmias, pecados, que vos recordeis das dores de Jesus e das vossas dores, em união com Ele.

Que essas dores penetrem em nossos corações e que cheios de arrependimento por nossas faltas, cheios de mágoa e ao mesmo tempo cheios de desejo de emenda para este mundo tão pecador. Alcançai-nos nesta meditação, a compreensão do quanto o pecado atrai sobre nós o castigo, e o quanto o pecado sem arrependimento, atrai a cólera de Deus.

Doce Coração de Maria, aceitai esta humilde meditação como emenda para nós e reparação ao Vosso Sapiencial e Imaculado Coração.

 

Assim seja!

1 – Jesus abraça a cruz: o símbolo da vergonha!

 

cruz com os coraçõesEm verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado”. (Is 53, 4)

 

Jamais um romano poderia ser condenado à morte de crucifixão, por ser símbolo máximo de desonra, reservada aos piores criminosos. O sinal da vergonha por excelência foi abraçado por Jesus, “Ele próprio carregava a sua cruz…” (Jo. 19, 17).

Bem se poderia ver naquela cruz a imagem de nossos pecados. “Quem pode, entretanto, ver as próprias faltas?” (Sl 18, 13). Quem entenderá o pecado ? Este é o pior de todos os males, o ato de maior oposição a Deus. Naquela cruz estavam todos os meus pecados …

Neste passo da Paixão, Jesus toma sobre Seus adoráveis ombros meus pecados Entretanto, o Divino Redentor é Rei tão grandioso que transformará a cruz em objeto de elevada nobreza e distinção. Ela será colocada no alto das torres das igrejas, nas coroas dos reis e será objeto do amor apaixonado dos santos.

Como Jesus recebeu a cruz?

A cruz está diante de Nosso Senhor que contempla aquele instrumento de dor; como Ele a acolheu ? Aceitou, já que não havia remédio; apenas aprovando o sofrimento?

Não. No caminho da Paixão, Jesus nos deu um luminoso e admirável exemplo.

Conta uma piedosa revelação que, quando recebeu das mãos dos carrascos a Cruz, Nosso Senhor se ajoelha sem auxílio de ninguém, com as forças quase desaparecidas, contudo, Ele está ali com disposição, com ardor, abraça a cruz e a beija amorosamente; e, tomando-a sobre os ombros, leva-a até o alto do Calvário.

Ora,’a teologia nos ensina que, para resgatar o gênero humano, teria bastado Nosso Senhor Jesus Cristo oferecer a Deus Pai um simples gesto, ou até mesmo um piscar de olhos, por serem de valor infinito todos os Seus atos. Portanto, uma única gota de sangue derramado durante a Circuncisão seria suficiente para realizar a obra da Redenção.

Entretanto, decretou o Padre Eterno que Ele deveria sofrer a Paixão e Morte de Cruz. O Filho, que por Sua natureza divina não era capaz de sofrer, quis assumir nossa carne em estado padecente, e não em corpo glorioso, como correspondia à Sua alma, que se encontrava na visão beatífica desde toda eternidade’. (Rev.Arautos do Evangelho nº 87, Ir. Clara Isabel Morazzani Arráiz, EP; mar.2009, p. 22)

 

Ponto de reflexão

 

Que devo eu oferecer a Jesus neste momento em que O vejo beijar a cruz ?

Ó Jesus meu! Ao ver-Vos ajoelhado para abraçar a cruz, lanço-me a Vossos pés contrito e humilhado. Quantas e inúmeras vezes Vos ofendi?

Eu me transformei no horror do universo inteiro, em todas as ocasiões que pequei contra Vós.

Perdão, Senhor, perdão! Consumi todas as minhas culpas na Vossa infinita misericórdia e transformai-as em mais uma coroa de Vossa glória.

 

 

2 – Jesus cai debaixo da cruz.

 

Cristo carregando a cruzMas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades.

O castigo que nos salva pesou sobre ele, e fomos curados graças às suas chagas”

(Is 53, 5).

Meditação  

 

Terríveis são os nossos crimes, eles fazem cair ao solo um Deus feito homem.

Não era longo o caminho até o Calvário, mas Jesus ainda cairá mais duas vezes mais. O esgotamento produzido pela flagelação, sucedida da coroação de espinhos, a noite sem dormir… O peso de nossas ofensas O faz perder as forças.

Bem poderia negar-Se a continuar Sua Via Sacra. Bastaria todo o ocorrido até aqui para justificar a incapacidade de prosseguir. Mas, Ele deseja ensinar-nos a nunca desanimar.

Nesse passo, Ele demonstra estar disposto a nos reeguer de nossas quedas, por piores que sejam.

 

Oração

 

 Ó Jesus, castigado por meus crimes e esmagado por minhas infidelidades, quanto Vos adoro e Vos agradeço por quererdes reerguer-me de minhas quedas. Elevai-me desta situação em que me encontro, produzi em mim uma verdadeira conversão, para que eu retorne ao caminho da salvação e nunca desanime. Que eu deteste tudo aquilo que me separa de Vós, morra para o pecado e jamais desonfie do Vosso socorro.

 

 

3- Jesus cai pela segunda vez!

 

…o Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós. Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador”. (Is 53, 6-7)

Meditação

 

 Nada acontece a Jesus sem um profundo significado. Tudo n’Ele é simbólico e tem sua razão de ser. Essa segunda queda acentua ainda mais a noção de quanto pesam, sobre seus sagrados ombros, os nossos pecados.

Suas forças vão enfraquecendo a cada passo e, apesar do auxílio do Cireneu, a cruz vai se tornando esmagador. Quem, ao cair pela segunda vez naquelas circunstâncias, não se deixararia permanecer no solo?

Teria chegado a oportunidade para desistir. Porém, como eram suaves aquelas quedas no caminho em comparação com os sofrimentos que ainda viriam.

Ademais, quis Jesus mostrar-nos qual deve ser a extensão de nossa confiança, mesmo quando recaímos em nossas faltas. O Salvador está sempre disposto a nos perdoar e para isto é fundamental nunca desanimar. Tendo Ele assumido nossas culpas, jamais deixará de nos reerguer. Duvidar da misericórdia infinita de Deus, tão desejoso de nos perdoar e salvar, é uma ofensa ainda pior do que o próprio pecado, segundo ensina Santo Agostinho.

 

Oração

 

 Uma segunda queda, ó Jesus! Vejo bem o quanto Vos pesam os meus crimes. As pedras do caminho são menos duras que meu coração. Se elas fossem dotadas de inteligência e vontade, começariam a soluçar de compaixão!  

 

 

4- Jesus cai pela terceira vez!

 

Também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para que sigais os Seus passos.

Carregou os nossos pecados em Seu corpo para que, mortos os nossos pecados, vivamos para a justiça” (I Pe 2, 21, 24).

 

Meditação

 

Aí está, diante de nossos olhos e sob o peso da cruz, banhada já pelo preciosíssimo e adorável Sangue do Redentor, caído ao chão pela terceira vez.

Uma vez mais a imagem de nossa miséria. Assim somos nós. Os nossos melhores atos de virtude vêm sempre embebidos das faltas que tanto atormentam a delicada e sensível consciência dos santos. “Afinal, não pecarei mais”, foi o último gemido lançado por São Luís Grignion de Montfort, antes de expirar.

 

Reflexão

 

Quantas e quantas vezes não fomos relaxados no cumprimento de nossos deveres, na prática da virtude, no evitar as ocasiões que nos levam ao pecado… Como estamos longe da perfeição, deixando Jesus ser quase esmagado sob o peso da Cruz, sem me preocupar em ajudá-Lo!

Por outro lado, Jesus nos repete: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida!” (Jo 14, 6). Ele nos dá o divino exemplo: não devemos nos apoiar nas inconsistentes promessas humanas; só no sobrenatural está nosso amparo e proteção. Nem o ressentimento pode ser a nossa lei. Se nos abandonam ou nos perseguem, e caimos sob o madeiro das decepções, jamais o desânimo nos abaterá, desde que nós sigamos o exemplo do nosso Divino Mestre: retomar a cruz e chegar ao fim.

Sempre há mais para dar, mesmo quando o fôlego parece já não existir. Essa é também uma das lições contidas nesta Estação.

 

 

5 – Jesus é pregado na cruz

 

instrumentos da paixão “Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali O crucificaram, como também os ladrões, um à direita e outro à esquerda. Pilatos redigiu uma inscrição e a fixou por cima da cruz. Nela estava escrito: “Jesus de Nazaré, rei dos judeus” (Lc 23, 33; Jo 19, 19).

 

Meditação

 

Por fim chega Jesus ao Calvário, lugar onde segundo uma piedosa e antiga tradição, Adão havia sido sepultado. Ali abundara o pecado, ali transbordaria a graça.

Crucificado! Aquela mesma cruz que tanto Lhe pesara sobre os ombros seria Seu instrumento de morte.

Os braços abertos para atrair a Si a humanidade inteira, sem distinção de pessoas de qualquer espécie, conforme afirma São João Crisóstomo. Já em estado pré-agônico, enormes cravos perfuram Suas sagradas mãos e divinos pés, levando-O a contorcer-Se sob a ação da dor.

Ao pé da cruz, enquanto os soldados repartiam entre si do Divino Crucificado, Ele entregava mais Sua preciosa herança – Maria Santíssima – ao discípulo amado, num último e supremo gesto de amor filial. Também ali estavam as Santas Mulheres, dignas de admiração por sua corajosa determinação de permanecer junto à cruz, os olhos postos no Salvador, impávidas diante do ódio dos fariseus que pusera em fuga os Apóstolos.

Nossa Senhora das Dores. – Mas, exemplo sem igual nos dá a Mãe de Deus, como lembra Teófilo: “Imitai, ó mães piedosas, esta que tão heróico exemplo deu de amor maternal a seu amantíssimo Filho único; porque nem vós tereis mais carinhosos filhos, nem esperava a Virgem o consolo de poder ter outro”.

 

Oração Final

 

 Eu vos dou graças, Ó Jesus meu! Reconstituo, nesta meditação reparadora, o drama da loucura de amor de um Deus por suas criaturas. Se fosse eu o único a haver pecado, Vosso procedimento não teria sido outro. Por isso, afirmo com toda certeza: Vós fostes crucificado por mim. Nada faltou para Vos fazer sofrer até o extremo da dor.

Que Vossa crucifixão arranque de minha alma os caprichos e os vícios que me desviam de Vós. Quantos apegos, quantas paixões, quantos delírios… Concedei-me as mesmas graças derramadas sobre o bom ladrão e possa eu, assim, um dia estar convosco no Paraíso.

 

Ave Maria, Rainha dos Mártires, cuja alma foi transpassada pelo gládio da dor.

 

 

Referência: Via Sacra, Mons. João S.Clá Dias, Takano Editora Gráfica Ltda., 1ª edição, março de 2001.  

Meditação do Primeiro Sábado do mês

 Transcrevemos, a seguir, a meditação de fevereiro para a devoção reparadora dos Primeiros Sábados do mês, de autoria de Monsenhor João Clá Dias, EP. Fundador dos Arautos do Evangelho

 Apresentação do Menino Jesus no Templo

 

 Menino Jesus no Templo

“Hoje a Virgem Maria apresentou

o Menino Jesus no santo templo.

Simeao, impelido pelo Espírito,

recebeu o Menino nos seus braços

e deu graças, bendizendo ao Senhor”. (Vesp.II, ant.)

 

 

 

Oração Inicial

Oh! Virgem Santíssima, entre as inúmeras graças que tivestes, pudestes também apresentar o vosso divino Filho no Templo. Vós que colocastes vosso divino Filho nas mãos do sacerdote Simeão, vós que deste modo, entregastes o vosso Filho a Deus, porque a Ele pertencia. Vós que sabíeis perfeitamente que o vosso Filho seria martirizado, seria vítima expiatória, iria ser consumado em holocausto por amor de Deus e salvação dos homens; vós fizestes esta entrega com inteira abertura de alma, com inteira generosidade; vós sois para nós o exemplo perfeito de uma entrega total.

Nesta meditação, queremos reparar ao vosso Sapiencial e Imaculado Coração por tantas ofensas que diariamente tem recebido e por isso, pedimos as graças super excelentes, as graças eficazes, as graças superabundantes, as graças que transformem nossas almas, e que com essas graças, possamos realizar esta meditação de forma mais perfeita possível, e assim, à altura do vosso Imaculado Coração, repararmos todas as ofensas que ele tão freqüentemente tem recebido. Assisti- nos, ó Mãe, passo a passo, minuto a minuto, segundo a segundo nesta meditação. Assim seja.

Ave Maria, cheia de graça …

  Cantico

 

 I – Apresentação do Messias Prometido.

 

“Depois que se completaram os dias da purificação

 segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém,

para o apresentar ao Senhor”. (Lc. 2, 22)

 

Deus é puro espírito; nós aprendemos no catecismo que ele está em toda a parte e, de fato, não há um só recanto do Universo onde Deus não esteja presente.

Puro espírito, onipotente, onipresente, oniciente. Mas Deus está mais presente em umas partes do que em outras, é evidente! Mas onde Deus está mais presente? Onde Ele atua. Por ser puro espírito, Deus está mais presente onde Ele age. Agindo aqui, agindo lá ou acolá, Ele mais está onde mais age.

Mas, Deus que está em toda a parte, gosta de ter um lugar onde Ele é mais facilmente encontrável; claro, que nós andando por todos os cantos, estamos andando dentro de Deus, pois, como diz São Paulo por citação em sua epístola, Deus está dentro de nós, nós em Deus nos movemos, em Deus nós agimos. O homem estando no Paraíso, estava diariamente em convívio intenso com Deus. No Paraíso, Deus se manifestava todas as tardes à Adão, Ele passeava todos os dias com Adão no Paraíso.

O homem entretanto pecou, e tendo pecado, foi posto fora do Paraíso. Saindo do Paraíso, passou a levar uma vida nômade, deslocando-se de um lado para o outro, sem moradia fixa. Os locais onde os homens habitavam eram as tocas, as grutas; ele não tinha ainda construído nenhum edifício para morar, só mais tarde é que o homem vai criar as tendas. É andando de um lado para outro, que em certo momento, quando o povo judeu saiu da escravidão do Egito, que Deus deu a eles a possibilidade de terem uma tenda sagrada, onde ficava a Arca da Aliança. Era precisamente nessa tenda, que eles encontrariam mais facilmente Deus.

Só muito mais tarde – porque foram 450 anos de escravidão no Egito – no reinado de Davi, já estabelecido o reino de Israel, que o rei quis construir um templo para Deus em substituição à tenda sagrada, onde Deus seria mais facilmente encontrável. Contudo, não alcançou realizar seu sonho, quem o realizou foi seu filho Salomão.

Salomão construiu um templo que foi tão grandioso, tão bem aceito por Deus naquele tampo, que no dia em que foi inaugurado, desceu do céu uma nuvem – talvez em dia de céu muito claro – nuvem que era o símbolo do Espírito Santo e que envolveu todo o templo, para dar a ideia de que Deus tinha penetrado em sua Casa. Deus tinha tomado conta de templo.

Cânticos, alegrias, o Espírito Santo se manifestando neste e naqueles, verdadeira euforia. O que havia de melhor na época: o melhor ouro, a melhor madeira, a melhor prata, o templo estava ornado com o que havia de mais extraordinário.

Mas o povo não foi fiel e acabou sendo dominado pelos babilônios que destroem completamente o templo, destroem até a própria cidade de Jerusalém. Mais tarde, o templo é reconstruído por Zorobabel e quando foi inaugurado, o povo ao invés de alegrar-se, chorou, porque via que o templo já não tinha mais o esplendor daquele que tinha sido construído por Salomão, o novo templo era muito inferior ao antigo. Além do mais, não desceu uma nuvem do céu para envolvê-lo.

Enquanto o povo chorava, Ageu, profeta da época, fez uma profecia: este templo teria uma glória e um esplendor muito maiores do que a prórpia glória do tempo de Salomão.

Quem poderia imaginar a cena na qual a profecia de Ageu se cumpriria?

O Templo na glória de sua inauguração, ou na esperança da hora de sua reconstrução, jamais acolheu alguém mais importante, o próprio Criador Menino, nos braços de sua Mãe, para ser oferecido ao Pai! (1)  

 O dia mais glorioso no Templo

 

De fato, está aí para nós preparada a cena: o Menino Jesus nos braços de Nossa Senhora sendo introduzido no templo.

Imaginemos Nossa Senhora com o Menino Jesus chegando ao pátio das mulheres; ela ia apresentar seu filho no templo depois de quarenta dias, segundo rezava a Lei.

Imaginemos a maravilha desta cena: os passos de Nossa Senhora ecoando pelo templo, ela com o véu sobre a cabeça, roupagens daquele tempo, uma túnica lindíssima; jovenzinha, com um bebe – Jesus – o Deus vivo, Filho de Deus, sendo carregado nos braços, um bebe maravilhoso. Maria vai se aproximando das outras mulheres que estão por alí para cumprirem o preceito da Lei. Nossa Senhora junta-se a elas e todas encantadas com aquele bebe que acaba de chegar. Apesar de todas terem o seu bebe nos braços, viram-se para o Menino Jesus e dizem: que menino encantador! Que bebe extraordinário! Mas Nossa Senhora que era a humildade em pessoa – tanta humildade existia nela – interessava-se pelo filho de cada uma, e fazia um elogio a este, um elogio a aquele, isso dentro daquele convívio oriental borbulhante como costuma ser. As mães se congratulam pelos filhos, mas sobretudo faziam uma roda em torno de Nossa Senhora.

 

Divisor

 

II – Os primogênitos pertenciam à Deus.

 

A Lei de Moisés prescrevia duas situações, dois preceitos que era necessário observar: a primeira era a purificação da mulher – segundo a Lei, quando a mulher dava a luz, devia aguardar quarenta dias, se fosse menino, e oitenta dias se fosse menina; depois disso deveria se apresentar no templo e oferecer um holocausto por sua mancha legal.

Por outro lado, estando os judeus no Egito como escravos, a décima praga predita por Moisés afim de ameaçar o Faraó, constituiu, caso Faraó não permitisse a saída do povo judeu rumo a terra prometida, em que todos os primogênitos do povo egípcio, incluindo os primogênitos dos animais, seriam mortos pelo Anjo do Senhor. Pois bem, a manhã do dia seguinte foi de enterros, de prantos e lamentações terríveis, todas as famílias egípcias tiveram seu primogênito, quer fosse animal quer fosse filho, mortos.

Com isso, houve um clamor do povo: ponha esta gente fora daqui; chega de tanta maldição. Aí, então, o Faraó permitiu que eles saíssem.

Foi depois desta última praga, que Moisés estabeleceu, por mandato de Deus, que todo primogênito judeu fosse entregue a Deus, pois Ele os tinha poupado da morte, não permitindo que fossem mortos junto com os primogênitos egípcios; então, por esta condescendência, os primogênitos judeus pertenciam a Deus.

Maria Santíssima está nesta contingência: está com seu filho primogênito, podíamos dizer Unigênito, porque está com seu único filho, primeiro e único; e pela Lei ela deveria entregar este filho ao templo, para que o sacerdote o pusesse nas mãos de Deus. Maria vai então com sofreguidão, porque ela sabia que este ato tinha um sentido muito alto; ela apesar de ser virginalíssima, apesar de puríssima, apesar de ser a Mãe da própria Pureza, Nosso Senhor Jesus Cristo, porque Ele é a pureza em substancia, ela quis cumprir a Lei, não só pela razão social, para depois não estar colocada fora da sociedade, mas ela quis cumprir a Lei por amor a pureza e a humildade; ela sendo a Mãe da Pureza e sendo a virgem pura, tinha verdadeiro encanto pela virtude da pureza. É por isso que Maria se apresenta como mãe daqueles que são puros e humildes, mãe daqueles que amam a pureza e a humildade e estes são dons que Maria quer trazer ao mundo de hoje, tão perdido, tão afastado destas virtudes excelsas, desta virtude angélica – diz-se virtude angélica, porque os Anjos não tem corpo – por isso que ela quer ser a Rainha dos Corações; esta foi uma das notas mais marcantes das aparições de Nossa Senhora em Fátima.  

Apresentação Imaginemos Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços entrando no templo.

O Menino Jesus, vítima que será entregue ao sacerdote e que depois será pago um resgate por Ele; foi o único que sendo entregue ao sacerdote e tendo pago o resgate, não será aceito por Deus. Deus quis a entrega de sua própria vida, de todo o seu sangue, quis d’Ele um holocausto inteiro.

A partir do momento em que a alma de Nosso Senhor Jesus Cristo foi criada, infundida no início de gestação no claustro materno de Maria Santíssima, Ele recebeu nessa hora uma alma inteiramente consciente, com toda a inteligência, com toda a vontade, com toda a sensibilidade, com toda a graça criada, com todos os dons, com todas as virtudes – Jesus é a própria virtude que foi colocada em sua alma. Sendo assim, Ele viu perfeitamente a própria missão que tinha enquanto homem; Jesus teve uma consciência clara de que devia fazer a redenção do gênero humano; a missão Dele era a de ser vítima de holocausto; a missão d’Ele era de reparar o pecado cometido por Adão e Eva, e nesta hora em que foi concebido, aceitou de se entregar a Deus como vítima expiatória. Mas esta entrega foi particular e agora nesta meditação, o que fazemos é levá-Lo nos braços, junto com Nossa Senhora, para ser posto nos braços do sacerdote e o sacerdote O entregará a Deus para ser vítima de holocausto. Ele inteiramente consciênte e na plenitude do uso da sua razão, quis oficialmente entrega-se como vítima.

 

Saudação: Ó Virgem puríssima, quero de hoje em diante, obedecer a toda a lei de Deus, a todos os meus deveres. Dai-me, Senhora, a liberdade de coração para desapegar-me das ocasiões ou relacionamentos sociais que me afastam de vós!

 *          *          *

Oração final

 Oh Virgem Santíssima, que entregastes o vosso divino Filho com tanto desprendimento e com tanto amor a Deus para que Ele pudesse operar a Redenção do gênero humano; ainda que esta entrega consistisse em que uma espada de dor transpassasse o vosso Sapiencial e Imaculado Coração, ainda que vós sofrêsseis todos os tormentos e dores da Paixão, como de fato sofrestes, a ponto de serdes chamada Nossa Senhora das Dores; essas sete dores que transpassaram o vosso Coração, ó Virgem Santíssima, sofrestes com tanta generosidade, a ponto de entregar o maior tesouro que uma mãe pudesse possuir na face da terra; dai-me a graça de que eu também no final desta meditação seja tocado no mais fundo de minha alma, pronto para entregar tudo em vossas mãos; ser justo como Simeão e nunca pecar, ser puro como vós, amando a pureza como vós a amais; estou inteiramente disposto a sofrer tudo o que seja necessário para maior glória de Deus e santificação de minha alma.

 Assim seja!

 

 Divisor

 

Obra citadas:

. (1) Rev.Arautos do Evangelho, nº 2, Mons. João S. Clá Dias, 2002 – págs. 12-16.

Meditação Mons.João Clá Dias – 3 fevereiro de 2007

Meditação para o Primeiro Sábado

Desde São Paulo, enviamos para os Supervisores, via correio ou via e-mail, as meditações para cada Primeiro Sábado.
Essas meditações foram feitas por Mons. João S. Clá Dias, EP, nosso fundador, durante a realização da devoção reparadora dos Primeiros Sábados na Catedral da Sé, em São Paulo.
Neste post, incluímos a meditação para o mês de janeiro de 2010.

 

Meditação dos Primeiros Sábados EPIFANIA do Senhor Janeiro de 2010.


“Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe.
Prostrando-se diante dEle, o adoraram. Depois, abriram seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra.”   (Mt 2, 11).
 

 

Introdução:

Amanhã é a Epifania, dentro da oitava do Natal. Vamos então nos aproximar do Presépio e junto ao Menino Jesus, Maria Santíssima e S. José, meditarmos sobre um aspecto deste terceiro mistério gozoso. Contemplaremos o trecho do Evangelho que narra a vinda dos três Reis Magos do Oriente, para adorar ao Menino Jesus.

Santo Agostinho comenta que Epifania é uma palavra grega que significa “manifestação”. Na pessoa dos Reis Magos, o Menino-Deus se revelou a todas as nações que, no futuro, seriam iluminadas pela luz da Fé.

Vamos pedir graças especiais a Nossa Senhora. Estamos aqui para reparar seu Sapiencial e Imaculado Coração. Peçamos então que nos obtenha do Menino Jesus, que se encontra em seus braços, graças especialíssimas para bem fazermos esta meditação e que esta seja uma perfeita oração.

Oração Inicial

Minha Mãe, aqui estamos diante de Vós para meditar sobre esta cena dos Reis Magos adorando o Menino Jesus, e junto com eles fazermos esta adoração, em união convosco.
Vós quisestes oferecer aos santos Reis Magos, o mais belo espetáculo de toda História: apresentar vosso divino Filho para ser adorado. Santa Mãe de Cristo, nós queríamos durante esta meditação entregar todos os nossos pensamentos, todos os nossos movimentos de vontade, nossas virtudes, toda nossa sensibilidade, para que elas sirvam junto com o ouro, incenso e mirra, de louvor a Vós e de adoração ao Vosso divino Menino Jesus. Rogamos que nos obtenha graças superabundantes e eficazes, graças místicas, a fim de que possamos compreender a fundo todo o significado da visita dos Reis Magos à Vossa casa em Belém.

Assim seja!

Preparação:

Jesus nasce pobre numa gruta em Belém; os Anjos do Céu, é verdade, reconheceram-No por seu Senhor, mas os homens da terra deixam-No abandonado. Vêm apenas uns poucos pastores para adorá-Lo. O divino Redentor, porém, já quer começar a nos comunicar a graça da Redenção, e por isso, começa a manifestar-Se aos gentios que não O conheciam. Manda uma estrela iluminar os santos Magos, para que venham conhecer e adorar o seu Salvador. Admiremos o chamado que o Menino Jesus, de Sua manjedoura, faz a todas as nações, ao enviar aos Reis Magos a sua Estrela e a sua Graça; uma para lhes iluminar os olhos e a outra para lhes falar aos corações.

I – Significado de Epifania.

A festa da Epifania – também denominada pelos gregos de Teofania, ou seja manifestação de Deus – era celebrada no Oriente já antes do século IV. É uma das mais antigas comemorações cristãs, tal como a Ressurreição de Nosso Senhor.
Não podemos esquecer que a Encarnação do Verbo se tornou efetiva logo após a Anunciação do Anjo; entretanto, apenas Maria, Isabel, José e, provavelmente, Zacarias tiveram conhecimento do grande mistério operado pelo Espírito Santo. O restante da humanidade não se deu conta do que se passou no periodo de gestação do Filho de Deus humanado.
Por fim, nasce o Redentor, como um simples bebê. Quem, estivesse, porém, tomado por um dom do Espírito Santo, discerniria naquela adorável criança os resplendores dos raios de sua fulgurante divindade.
Não se tratava de um ente puramente humano; àquela natureza se unia a própria Divindade : Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Ali estava o Homem-Deus.

1 – Epifania: público reconhecimento da divindade do Menino Jesus.

Se, por assim dizer, no Natal Deus Se manifesta como Homem, na Epifania esse mesmo Homem se revela como Deus. Assim, nestas duas festas, quis Deus que o grande mistério da Encarnação fosse revelado com todo o brilho, tanto aos judeus como aos gentios, dado o seu caráter universal.
No Ocidente, desde o princípio, celebrava-se o Natal a 25 de dezembro, e no Oriente, a Epifania a 6 de janeiro. Foi a Igreja de Antioquia, na época de São João Crisóstomo, que passou a comemorar as duas datas. Só a partir do século V é que no Ocidente começou a se celebrar a segunda festividade.
Em nossa atual fase histórica, a Liturgia comemora a Adoração dos Reis Magos ao Menino Jesus.
Por outro lado, ainda permanecem alguns vestígios da antiga tradição oriental que incluía na Epifania, além da Adoração dos Reis, o milagre das Bodas de Caná e o Batismo do Senhor no Jordão.
Hoje, em nossa Liturgia, as Bodas de Caná não são mais celebradas, e o Batismo do Senhor é festejado no domingo entre os dias 7 e 13 de janeiro.
Em síntese, podemos afirmar que a Epifania, ou seja, a manifestação do Verbo Encarnado, não pode ser considerada desligada da adoração que Lhe prestaram os Reis do Oriente. Nesta cena está concernido um público reconhecimento da divindade do Menino Jesus unida à Sua humanidade.

2 – Um convite para sermos gratos ao Senhor.

Ora, o que movia o fundo da alma dos Reis Magos era o desejo de prestar culto de adoração Àquele que acabara de nascer. O significado da moção do Espírito Santo, levando-os a Belém, cifra-se no chamado universal de todas as nações à salvação e à participação nos bens da Redenção.
Se aos Reis Magos Deus os chamou por meio da estrela, a nós Ele nos chama através de Sua Igreja, com sua pregação, doutrina, governo e Liturgia. Logo, a Epifania é a festa que nos convida a agradecermos ao Senhor, como também a Lhe implorar a graça de sermos guiados sempre a por toda parte através de Sua luz celeste, bem como de acolhermos com fé e vivermos com amor todos os dons que a Santa Igreja nos dá.

II – Belém, os Magos e Herodes.

“Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá,no tempo do rei Herodes, eis que os Magosvieram do Oriente a Jerusalém”.   (Mt 2, 1).

Mateus se cala sobre maiores detalhes a respeito dos Magos; daí a divergências entre os autores. Entretanto, podemos afirmar que o nome Magos não pode ser tomado com as conotações próprias aos nossos tempos. Naquela época, significava pessoas de certo poder e muito distintas, em especial pelos conhecimentos científicos, sobretudo de astronomia. Além disso, a tradição no-los apresenta como reis. É também por tradição que consta serem três, terem sido batizados mais tarde por São Tomé Apóstolo e, tempos depois, martirizados. As relíquias dos Reis Magos foram veneradas por Bento XVI, na Catedral de Colônia, em 18 ago.2005, por ocasião da XX Jornada Mundial da Juventude.
O rei Herodes não pertencia à raça dos judeus, pois era idumeu. Chegou ao trono por apoio dos romanos, era estrangeiro. Foi muito habilidoso, restaurando com esmero o Templo de Jerusalém, no intuito de que se esquecessem de suas origens. Porém, sua fama perpetuou-se pelas grandes máculas de seus costumes dissolutos e de sua crueldade.

1 – Os Reis perante Herodes.

“Perguntaram eles: ‘Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?
Vimos “a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo”.

Os Reis Magos demonstram possuir grande fé, e não pouca intrepidez, ao formularem uma pergunta tão incisiva, tanto mais que poderia ser interpretada por Herodes como sendo uma negação de seu título e de seu poder, conquistados com tantos esforços.

“Ouvindo isto, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele”.
 

 

É de fácil compreensão esse temor, dada a irrefreável ambição, inveja e crueldade. Sua esposa e seus três filhos puderam experimentar a violência de seu péssimo e impetuoso temperamento, pois foram mortos por uma determinação tirânica sua, nascida do medo de que o destronassem.
Para um homem com essa moral desregrada e tão mau caráter, o anúncio do surgimento miraculoso de um novo rei só poderia causar perturbação …Herodes. maquina a morte do Messias com dolosa malícia; viu certamente o grande fervor dos Magos em relação a Cristo, e como não podia contar com a cumplicidade deles para matar o futuro rei, ocorreu-lhe enganá-los. Então, começou a tomas ares de devoção enquanto afiava a espada e pintava com cores de humildade a perversidade de seu coração.
Assim procedem todos os perversos: quando querem causar ocultamente algum dano muito grave a alguém, mostram-se humildes e amigos em relação a ele. ‘E, enviando-os a Belém, disse: ‘Ide e informai-vos bem a respeito do Menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo”.
Hipócrita, se faz de piedoso e suave para enganar a simplicidade, candura e inocência dos Magos.

2 – Comovedora confiança dos Reis Magos …

“Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram.
E eis que a estrela, que tinham visto no Oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o Menino, e ali parou.
“A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria”.

 Assim sempre procede Deus, recompensando aqueles que são fiéis à Sua graça.
É comovedora a confiança penetrada de coragem desses Reis Magos, diante de um tirano de tão má fama. Não há dúvida de estarem sustentados por especial moção do Espírito Santo.

III – A Jesus por Maria.

Emociona esta descrição de Mateus; …

“Entrando na casa, acharam o Menino com Maria, sua mãe”.
 

 

Palavras proféticas, inspiradas pelo Espírito Santo, para deixar constando elos séculos afora que não se pode encontrar Jesus sem Maria, e menos ainda, Maria sem Jesus. A História comprova – e muito mais o fará – o quanto a devoção à Mãe conduz à adoração ao Filho, e vice-versa.

1 – Os Reis Magos voltaram por outro caminho.

“Avisados em sonho de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho”. (Mt 2, 12)

Deus jamais deixa de proteger aqueles que O servem com amor e fidelidade. Se os Magos tivessem retornado a Herodes, eles mesmos poderiam ter precedido os Inocentes na morte.
A todos nós, Deus nos faz retornar à Pátria “por outro caminho”, segundo nos ensina São Gregório Magno. Infelizmente, deixamos o Paraíso Terrestre pelo pecado de orgulho de nossos primeiros pais; mais ainda, dele nos afastamos pelo apego às coisas deste mundo e devido aos nossos próprios pecados. Deus, como bom Pai, nos oferece o Paraíso Eterno; mas, para nele entrar, o caminho é o oposto ao do orgulho e da sensualidade, ou seja, o do desprendimento, da obediência, da renúncia às nossas paixões. Ele nos oferece um caminho fácil e seguro:”Ad Jesum per Mariam!”.

(A Jesus, por Maria!).

Cfr.’Revista Arautos do Evangelho’-nº 85, jan.2009 * Mons. João S. Clá Dias, pp. 12-19.