Temos a mesma Mãe


Entre o Verbo Encarnado e nós há algo em comum, algo insondavelmente precioso: temos a mesma Mãe!

Plínio Corrêa de Oliveira

 


Mãe perfeita desde o primeiro instante de seu ser concebido sem mácula. Mãe Santíssima de tal maneira que, em cada momento de sua existência, não cessou de corresponder à graça; apenas cresceu, cresceu e cresceu até alcançar inimaginável elevação de virtude.

Essa Mãe, d’Ele e nossa, tem misericórdia do filho mais esfarrapado, torto, desarranjado; e quanto mais desarranjado, torto e esfarrapado, maior sua compaixão materna.

Oração

‘Minha Mãe: aqui estou eu. Tende pena de mim hoje, agora, como sempre tivestes e, espero, sempre tereis. Purificai-me, ordenai-me, tornai minha alma cada vez mais semelhante à vossa e à d’Aquele que, como a mim, é dada a indizível felicidade de Vos ter por Māe!’

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Plinio Corrêa de Oliveira – Revista Dr. Plinio, n. 96, Março/2006, pg. 36

Homens de boa vontade

“Glória a Deus no mais alto dos Céus e na terra paz aos homens de boa vontade” (Lucas, 2, 14)


Plínio Corrêa de Oliveira

Quando todos os homens reconhecem a majestade, a onipotência, a santidade, enfim, o acúmulo de todas as perfeições que há em Deus, no mais alto dos Céus, e O glorificam por isso, então nascem no coração dos homens aquelas boas disposições de espírito pelas quais eles se tornam homens de boa vontade.

Plinio Corrêa de Oliveira Revista Dr. Plinio, n. 213, Dezembro de 2015, pg. 4

A Cruz: desastrosa derrota ou glorioso triunfo?

14 de setembro – Exaltação da Santa Cruz

A piedade católica, movida pelo Espírito Santo, modelou ao longo dos séculos variadas formas de devoção àquilo que representa, de maneira tocante, a Redenção do gênero humano: a Santa Cruz de Jesus Cristo

Pe. Alessandro Schurig, EP

Proponho vê-la por dois prismas distintos:

Crucificado

Cristo de Velasquez

No quadro pintado por Velásquez, deparamo-nos com Nosso Senhor cravado em uma cruz lisa, sem adornos, posta sobre um fundo negro, simbolizando a profunda e lúgubre humilhação na qual esteve posto o Redentor. Ele mesmo está com a cabeça visivelmente caída, e parte dos cabelos sobre o lado direito da face, indicando o quanto Ele está exangue, sem auxílio ou proteção alguma, entregue somente às mãos de Deus.

A cena nos sugere o abandono: apenas dois ladrões crucificados a seu lado, sua Mãe e um único discípulo, presenciam sua aviltante morte. Em suma, ao ver essa figura nos vem à mente quanto tudo esteve esmagado, calcado e silenciado perante sua morte.

Mas, será que na cruz aquele que proclamou: “Eu venci o mundo!” (Jo 16, 33) está um irrevogável derrotado?


Glorificado

Analisemos, em seguida, uma cruz processional levada nas Eucaristias mais solenes da igreja Nossa Senhora do Rosário, dos Arautos do Evangelho, e feita de acordo com as indicações de Mons. João Clá Dias.

Nela, vemos Nosso Senhor morto e crucificado, como alguém que, como vimos acima, passou por terríveis humilhações. Porém, as nossas vistas não se detêm, e fixamos o olhar nas vivas e elegantes cores vermelha, branca e dourada que compõem esta cruz… Parecem nos convidar a contemplar Aquele que está nela cravado, mas por isso mesmo cumpriu o que Ele próprio profetizara:

“quando for elevado da terra atrairei a mim todo ser” ( Jo 12, 32).  

Cruz processional – Arautos do Evangelho

Sem dúvida, está despojado de suas vestes e coroado de espinhos, mas é “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19, 16), o que bem nos recorda os áureos esplendores que circundam esta cruz.

Foi deste seu oferecimento que floresceu tudo o que existiu e existirá de bom, de belo e verdadeiro na História da humanidade. Foi no momento da crucifixão que o Salvador frustrou os planos de Satanás, comprou para todo o gênero humano a Redenção e, com graças super abundantíssimas, abriu ao homem as portas do Céu.

Tudo isto que Ele concedeu como herança para a humanidade, como fruto de seu Preciosíssimo Sangue, valem imensamente mais do que qualquer pedra preciosa. Mas, as que figuram em Jesus, representando suas chagas, não simbolizarão esta maravilha, que Ele aceitou por nós e para nossa Salvação?

Rememorando o que a liturgia da Igreja reza na missa da Exaltação da Santa Cruz, “O que vencera na árvore do paraíso, na árvore da cruz foi vencido”, não parece que esta cruz quer nos fazer recordar esta gloriosa vitória de Cristo?

Coroa do Sacro Império Romano Germânico

Por ter Ele escolhido utilizar da cruz como instrumento para a redenção, tornou-se ela, de símbolo de ignomínia que era em símbolo de tudo o que há de mais elevado, de mais sagrado: nas catedrais, nas coroas, nas obras mais importantes concebidas pelo homem, aí está a cruz resplandecendo como o estandarte de triunfo do homem-Deus, que atingiu os mais altos píncaros de vitória contra o demônio, o mundo e a carne com sua ignominiosa morte no madeiro. E isto bem pode simbolizar os adornos desta cruz. (Cfr. Oliveira, Plinio Corrêa de. Revista Dr. Plinio, nº 138, setenbro de 2009, p. 4)

 Ao vê-la, temos vontade de rezar à semelhança das palavras de Dr. Plinio:

“Na vossa cruz, humilhado, começastes a reinar sobre a terra. Na cruz começou a vossa glória, e não na ressurreição. Vossa nudez é um manto real. Vossa coroa de espinhos é um diadema sem preço. Vossas chagas são vossa púrpura. Oh! Cristo-Rei, como é verdadeiro considerar-Vos na cruz como um rei”*

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* (Via Sacra. Legionário Nº 558, 18 de abril de 1943 ).

Nossa Senhora do Carmo

Em 16 de julho celebra-se a Festa de Nossa Senhora do Carmo, cujas primeiras devoções remontam a discípulos de Santo Elias por volta do ano 800 AC. Mas foi o Papa Papa Inocêncio IV em 1247, que aprovou a regra e a constituição da Ordem do Carmo

Paroquia dos Santos Mártires – Málaga, Espanha

A Ordem do Carmo é o símbolo da vida contemplativa, da busca incessante da graça de Deus. Carmelo em hebreu significa “pomar bem cultivado”, “jardim fértil” e “vinha de Deus”.

Em suas fileiras, ao longo dos séculos floresceram inúmeras almas santas, entre elas: São Simão Stock, Beato Francisco Palau, Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz, Santa Terezinha do Menino Jesus, Santa Edith Stein, entre outros.

A tradição da Ordem põe nos lábios de São Simão Stock a autoria de uma linda oração à Virgem Maria. O texto mais antigo conhecido encontra-se no Officium rhythmicum, manuscrito guardado na biblioteca universitária de Cambridge e que foi escrito depois do ano de 1507.*

Esta oração é o Hino ‘Flos Carmeli’, atribuído, portanto, a São Simão Stock (1165-1265), o qual foi entoado originalmente pelos carmelitas para a festa desse santo e, desde 1663, para a Festa de Nossa Senhora do Monte Carmelo.

Fátima e a Ordem do Carmo

Há pouco celebramos o centenário das Aparições de Fátima. Lembramos que na última das aparições, em 13 de outubro, Nossa Senhora se mostrou como Nossa Senhora do Carmo**, conforme descrito pela Ir. Lúcia:

“(…)Junto ao sol apareceu a Sagrada Família: São José, com o Menino Jesus nos braços, e Nossa Senhora do Rosário. Traçando três vezes no ar uma cruz, São José abençoou o povo e o Menino Jesus fez o mesmo…Em seguida, apareceu Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha do Céu e do Universo, com o Menino Jesus ao colo.(…)”

A devoção dos Arautos do Evangelho à Virgem do Carmo é tão entranhada, que o nome dado à sua ordem clerical foi de Sociedade Clerical Virgo Flos Carmeli.

Vale a pena também lembrar que foi na Basílica do Carmo em São Paulo, no ano de 1967, que o fundador dos Arautos, Mons. João Scognamiglio Clá Dias, encontrou pela primeira vez a Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, o qual foi seu mestre, orientador e formador de sua vocação e missão.

Recepção de hábito/escapulário de novos seminaristas dos Arautos

Eis algumas das razões que unem os Arautos à Ordem do Carmo e por isso são revestidos do Escapulário, além de promoverem sua devoção e seu uso.

Peçamos, nesta data tão importante que a Virgem do Carmo, Rainha do Céu e da terra, ouça nossas súplicas e realize o quanto antes sua promessa em Fátima:

“Por fim, o meu Imaculado Coração Triunfará!”

Acompanhe abaixo a letra e a melodia do belíssimo cântico, o ‘Flos Carmeli’.  

             

(clique abaixo para ouvir)

Flor do Carmelo Vinha florida, esplendor do Céu, Virgem fecunda, és singular

Doce e bendita, ó Mãe puríssima, aos carmelitas, sê tu propícia, Estrela do Mar

Raiz de Jessé, de brotos floridos, queiras, feliz, ao céu pelos séculos nos elevar

Entre os abrolhos, viçoso lírio, guarda de escolhos, o frágil ânimo, Mãe tutelar

Forte armadura Frente o adversário, Na guerra dura, o escapulário vem nos guardar

Nas incertezas, conselho sábio; nas asperezas, consolo sólido queira nos dar

Veja também: Oração para alcançar o amor da Virgem do Carmo

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* http://carmeloemmissao.blogspot.com.br/2011/06/flos-carmeli-flor-do-carmelo.html
** MONS. jOÃO SCOGNAMIGLIO CLÁ DIAS, Por fim, o meu Imaculado Coração Triunfará. Instituto Lumen Sapientiae, São Paulo, 2017, cap. 7, pag. 76.

A devoção a Nossa Senhora na alma de Plinio Corrêa de Oliveira

Outubro é o mês do Rosário, mês de Nossa Senhora Aparecida, é o mês onde não faltam referências a Bem Aventurada Virgem Maria. Por isso, publicaremos aqui uma breve coletânea de textos¹, onde Dr. Plinio explana como começou e cresceu em sua alma a devoção a Nossa Senhora. Desejamos a todos que a leitura dessas linhas façam aumentar em nós o amor, a confiança e a certeza do auxílio d’Aquela que foi eleita, desde toda eternidade, para ser a Mãe de nosso Salvador e Mãe nossa

“Salvai-me, Rainha!”

No domingo de manhã Plinio saiu de casa muito cedo e dirigiu-se ao Santuário do Sagrado Coração de Jesus para a Missa. (…) Ao entrar na igreja, não havendo lugar livre nos bancos da nave central, ele permaneceu à direita, no fundo. Por coincidência, dali se via à distância uma imagem branca de Nossa Senhora Auxiliadora.

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Altar-mor da Igreja do Sagrado Coração de Jesus em São Paulo

Na sua aflição, Plinio começou a rezar uma das orações que sabia de memória: a Salve Rainha. Ora, sem conhecer o significado da saudação latina salve, ele imaginava tratar-se de um pedido para ser salvo. Então, suplicou o auxilio d’Ela, dizendo:

12– Salve Rainha!

E para ele o sentido da prece era “Salvai-me! Salvai-me, porque minha situação é terrível!”

Ao pronunciar as palavras “Mãe de Misericórdia”, sentiu-se olhado com imensa maternalidade e teve em seu interior uma impressão de apoio e amparo, reconhecendo imediatamente quem era Aquela à qual se dirigia: a Mãe das mães, a Mãe por excelência, misericordiosa em extremo, a tábua de salvação! (…) Numa intuição rápida pensou: “A bondade d’Ela é muito superior  à de mamãe! Esta é a Mãe de minha mãe, o suprassumo do que ela é, a arqui-Mãe!”

Detalhe da imagem de Nossa Senhora Auxiliadora - Igreja Sagrado Coração de Jesus
Detalhe da imagem de Nossa Senhora Auxiliadora – Igreja Sagrado Coração de Jesus

E continuou: “Vida, doçura, esperança… Ela tem vida, Ela dá a vida! E que doçura! A doçura da Da. Lucília é tal que não há termos para descrevê-la, mas se ela é doce, Nossa Senhora é ainda mais doce! Esperança! N’Ela eu posso esperar, mais do que em minha mãe! É a solução para os meus problemas”.

Nesse momento, a imagem da Santíssima Virgem parecia sorrir-lhe, cheia de carinho. Tocado no fundo da alma por uma graça mística, ele experimentou em si o amor de Nossa Senhora e o quanto estava Ela disposta a perdoá-lo, reconduzi-lo ao bom caminho, dar-lhe forças e fazer por ele o inimaginável. Plinio também recebeu a confirmação de que perseveraria na fidelidade e na virtude, apesar de sua fraqueza: doravante não haveria mais nenhum desvio de sua parte, pois Ela o manteria.

Era como se escutasse a voz de Nossa Senhora dizendo-lhe: “Meu filho, não se preocupe, não se pertube, esqueça o que aconteceu, porque Eu arranjo essa situação. Tudo está resolvido”. E fazia-lhe uma promessa, dando a certeza de sua proteção maternal: “Eu lhe dou a garantia: nunca o abandonarei, jamais o deixarei só. Eu o acompanharei passo a passo, assistindo-o durante toda a vida. Sempre o protegerei e o levarei a cumprir sua vocação até o fim!” E tal manifestação lhe conferia uma extraordinária fortaleza, bem como uma enorme calma, toda fundada na confiança n’Ela.

O início de um relacionamento filial com Nossa Senhora

Mais tarde disse Dr. Plinio a respeito desse dia: “Minha devoção a Ela, entranhada, filial e fervorosa, começou nessa ocasião e eu devo a mamãe, cuja severidade me atirou nos braços de Nossa Senhora. Foi preciso receber um bom e merecido susto, para que meus olhos se abrissem e eu compreendesse por inteiro a bondade e a misericórdia d’Ela, numa espécie de contato pessoal, indefinível e indescritível, como se eu tivesse, de fato, conhecido Nossa Senhora. A partir desse dia, Ela estabeleceu comigo uma relação de bondade e eu jamais perdi a confiança n’Ela. Fiquei calmo para a vida inteira, pois fosse o que fosse, uma vez que me sentia envolvido por essa misericórdia, podia descansar”.

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1 Texto extraído da obra: O Dom de Sabedoria na Mente, Vida e Obra de Plinio Corrêa de Oliveira, de autoria de Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, livro I, págs. 341-345.

Veja mais: O que devemos pedir a Nossa Senhora?