Como fruto da recente Missão Mariana realizada na cidade de Paulo Afonso (BA), cerca de duas mil famílias passaram a receber o Oratório de Nossa Senhora. Para comemorar o dia 13 de Maio, foi realizada uma carreata com a imagem da padroeira e, às 19h, houve a Santa Missa, celebrada pelo bispo diocesano Dom Guido Zendron na Catedral que é dedicada a Nossa Senhora de Fátima. A participação do Apostolado do Oratório nesta comemoração foi marcante.
Jesus, na sua infinita sabedoria, quis, para o bem de seus discípulos que ao chegar a sua hora, houvesse um sinal. Isto se de deu quando diante do pedido de um grupo de gregos: “queremos ver Jesus”, transmitido por Filipe e André, Nosso Senhor exclamou: “É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto” (Jo 12, 24).
A aproximação desses gentios – conforme comenta Santo Agostinho – era esse sinal, pois dava a entender que povos de todas as nações haveriam de crer n’Ele depois de sua Paixão e Ressurreição. Indício, portanto, do caráter universal de sua pregação e missão, e da aproximação da hora em que seria glorificado.
Assim como o grão de trigo, Ele precisa morrer, e por morte de cruz. Diante desse supremo sacrifício, transparece a debilidade da natureza humana assumida pelo Verbo de Deus. Seus argumentos mais parecem destinados a solidificar sua decisão, entretanto já tomada: “Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quer servir, siga-me; e, onde eu estiver, estará ali também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará”. (Jo 12, 25-26).
Quem se entrega à prática dos vícios e do pecado, ama sua vida neste mundo, esclarece São João Crisóstomo. Se resistir às paixões, e praticar a virtude, terá a verdadeira vida, que é a vida eterna.
Getsêmani
“Presentemente, a minha alma está perturbada. Mas que direi?… Pai, salva-me desta hora… Mas, para padecer nesta hora é que Eu vim a ela. Pai, glorifica o teu nome!” (Jo 12, 27-28).
O monólogo de Nosso Senhor prossegue, mais pessoal, mais sublime, mais aflito. Suas palavras são entrecortadas por silêncios meditativos, indicados pelo evangelista com reticências. O Redentor estremece à vista da cruz e – comenta São João Crisóstomo – sua turbação nos mostra quão inteiramente Ele, sendo embora a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, havia assumido a natureza humana.
Mistério inefável e inatingível por nossa inteligência, o paradoxo de sentimentos simultâneos e opostos numa mesma pessoa: enquanto a natureza divina estava permanentemente pleníssima de gáudio, a humana O levaria a suar sangue no Getsêmani. Entretanto, possuindo um nobre Coração, em instantes reagiu às angústias, retomando a suprema paz.
A voz do Pai se faz ouvir
“Pai, glorifica o teu nome”. Com sua morte, Jesus queria sobretudo a glória do Pai, e este ouviu sua oração: “Nisto veio do céu uma voz: Já O glorifiquei e tornarei a glorificá-Lo. Ora, a multidão que ali estava, ao ouvir isso, dizia ter havido um trovão. Outros replicavam: Um anjo falou-lhe. Jesus disse: Essa voz não veio por mim, mas sim por vossa causa” (Jo 12, 28-30).
Esta foi uma das três ocasiões em que o Pai se manifestou publicamente, segundo narra o Evangelho (as outras duas foram no batismo do Senhor e na sua transfiguração), sempre no sentido de glorificar o Filho.
Aqui Ele se dirige a todos os homens, anunciando o triunfo do Verbo Encarnado, e dando a Jesus ensejo a contemplar, com a luz da ciência divina, os frutos de sua Paixão: “Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo. E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim. Dizia, porém, isto, significando de que morte havia de morrer” (Jo 12, 31-33).
Este trecho do Evangelho nos traz duas belas e importantes lições: para a glória de Deus, não só devemos aceitar o sacrifício de nossa própria vida, como também apartarmo-nos da vanglória, para somente buscarmos a verdadeira gloria.
“Christianus alter Christus” (o cristão é um outro Cristo). Temos a obrigação de ser outros Cristos no que tange ao fim último para o qual fomos criados e redimidos: “ad majorem Dei gloriam”, para a maior glória de Deus, conforme o lema escolhido por Santo Inácio de Loyola para a sua Companhia de Jesus.