Na tarde de 30 de setembro de 1897, uma cena inesquecível desdobrava-se na enfermaria do Carmelo de Lisieux. Cercada de toda a comunidade ajoelhada em torno de seu leito de dores, Santa Teresinha do Menino Jesus, fitando os olhos no crucifixo, pronunciava suas últimas palavras nesta terra de exílio
– Oh! eu O amo… Meu Deus… eu… Vos amo!
Subitamente, seus amortecidos olhos de agonizante recuperam vida e fixam-se num ponto abaixo da imagem de Nossa Senhora. Seu rosto retoma a aparência juvenil de quando ela gozava de plena saúde. Parecendo estar em êxtase, ela fecha os olhos e expira. Um misterioso sorriso aflora-lhe aos lábios e aumenta a formosura de sua fisionomia.
“Eu não morro, eu entro na Vida”, havia ela escrito poucos meses antes.
A exemplo do Sol da sua vida, que foi a Eucaristia, ela foi uma vítima imolada por Ele, como uma leiga comprometida com a Igreja, primeiro, e como uma religiosa de clausura depois. “Eu me ofereci como uma pequena vítima pelos sacerdotes “, disse ela uma vez
Pe. Rafael Ramón Ibarguren Schindler*, EP
Maria Felicia de Jesus Sacramentado: assim se chamava seu nome de religião da jovem Carmelita Descalça beatificada em Assunção, Paraguai, em 23 de junho, cujo encontro final com o Senhor se deu nos seus jovens 34 anos de idade, em 28 de abril de 1959. Em seu país natal, todos a chamam “Chiquitunga”; como ela foi apelidada por sua família e em seus círculos sociais.
Sua espiritualidade, simples e penetrante, vai direto ao essencial sem grandes desvios, e está de consonância com os voos místicos das três grandes Teresas: a Santa Madre Teresa de Jesus, Santa Teresa do Menino Jesus e Santa Teresa dos Andes. Maria Felicia de Jesus Sacramentado, continua o caminho aberto por elas, especialmente pela de Ávila, a grande reformadora do Carmelo.
Como as três, a nova Beata também deixou escritos de profundo sentimento cristão e Carmelita. “Tenho sede de uma entrega total”, escreveu ela. Quanta coisa está dita nesta frase tão curta! Este é um ideal de vida, o mais sublime que possa imaginar.
No blog “Amigos de Carmelo Teresiano” se colhe uma declaração muito bonita sobre ela: “sua vida foi uma missa, na escuta da Palavra, no ofertório, como consagração e como comunhão “. Sobre sua a morte, escreveram: “Se não fosse por este Pão, este Pão da Vida, Eu não sei o que eu teria sido “. Jesus Sacramentado, de quem ela tomou o nome, foi sua força, junto com Maria, a quem foi consagrada como escrava de amor.
Chiquitunga escreveu uma curta história de vida que foi publicada pelas Carmelitas Descalças do Paraguai sob o título “Diário Intimo”. Também conhecemos alguns poemas de simplicidade encantadora e densidade teológica, bem como 61 cartas escritas de sua própria mão.
Em seus escritos, palpita um amor apaixonado de uma combatente. Ela não concebeu o existência vivida na mediocridade. Na verdade, para qualquer batizado se pede integridade e não meias medidas; mas ela foi uma das poucas a alcançar essa coerência consumada, renunciando ao amor humano e promessas de bem-estar pessoal e prestígio social, que tantas vezes o mundo nos apresenta, enganosamente, como uma alternativa.
Não é o caso de retratar nessas linhas uma vida inteira que, embora curta, era fecunda. Apenas deixo transcrito aqui alguns versos que mostram seu perfil eucarístico. São sem rimas e sem pretensão, mas muito profundos. Não são para nenhuma erudição acadêmica ou literária; são versos de uma criança ou um menina … daqueles que entram – e só eles – no Reino dos Céus.
“ A hostia elevada, com uma transparência limpa, com um brilho divino irradia no altar; Eu quero que minha vida, trocada as substâncias, qual hostia consagrada, deixe atrás de si um caminho de intensa claridade. “
“ Eu quero que em sacrifício, como uma vítima imolada, minha vida se consuma em santa claridade! Senhor, pela hóstia pura, o Pão da Vida Eterna e o Cálice do Sangue da nossa Redenção, conceda àqueles unidos assim nós vos imploramos. Perdão dos nossos pecados e salvação eterna. Meu senhor e Deus meu! “
Se pode dizer algo mais transcendente com tanta precisão e ingenuidade? Estamos diante de um modesto, porém verdadeiro tratado sobre teologia eucaristia, acessível a todos, de quem está recebendo a catequese para Primeira Comunhão ou do teólogo familiarizado com a ciência divina. “Tudo lhe ofereço Senhor”, foi o lema que ela imprimiu em seus escritos como uma fórmula química “T2OS” (T ao quadrado OS). Neste sinal se resumiu a radicalidade de seu ideal.
A palavra “Tudo” não admite relativizações; Tudo é tudo e ponto final! Entretanto, o “Tudo ao quadrado” é uma excelência que pode significar por si, a totalidade. É como dizer: absolutamente tudo, de agora em diante, sem apelo e para sempre.
Então segue a noção de “oferta”, uma palavra que significa sacrifício, holocausto, imolação, destruição… Eucaristia. Como o incenso que se queima ao ser derramado em brasas, ou como a cera que se derrete ao calor do fogo; é assim que ela queria ser e assim ela foi.
E, finalmente, a razão de ser de uma oferta tão generosa: “O Senhor”.
Que a ardente beata interceda pela comunidade carmelita de Assunção com quem ela compartilhou os últimos anos de sua vida e por todas as carmelitas descalças do mundo, suas irmãs de hábito; para a Igreja do Paraguai e por seu país natal que ela tanto amava. Finalmente, por todos os cristãos do orbe, que se esforçam para cumprir os propósitos batismais entre os quais, este, tão primordial: adorar a Jesus no Santíssimo Sacramento do altar.
Assunção, julho de 2018
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*Conselheiro de Honra da Federação Mundial das Obras Eucarísticas e da Igreja.
Em 16 de julho celebra-se a Festa de Nossa Senhora do Carmo, cujas primeiras devoções remontam a discípulos de Santo Elias por volta do ano 800 AC. Mas foi o Papa Papa Inocêncio IV em 1247, que aprovou a regra e a constituição da Ordem do Carmo
A Ordem do Carmo é o símbolo da vida contemplativa, da busca incessante da graça de Deus. Carmelo em hebreu significa “pomar bem cultivado”, “jardim fértil” e “vinhadeDeus”.
Em suas fileiras, ao longo dos séculos floresceram inúmeras almas santas, entre elas: São Simão Stock, Beato Francisco Palau, Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz, Santa Terezinha do Menino Jesus, Santa Edith Stein, entre outros.
A tradição da Ordem põe nos lábios de São Simão Stock a autoria de uma linda oração à Virgem Maria. O texto mais antigo conhecido encontra-se no Officium rhythmicum, manuscrito guardado na biblioteca universitária de Cambridge e que foi escrito depois do ano de 1507.*
Esta oração é o Hino ‘Flos Carmeli’, atribuído, portanto, a São Simão Stock (1165-1265), o qual foi entoado originalmente pelos carmelitas para a festa desse santo e, desde 1663, para a Festa de Nossa Senhora do Monte Carmelo.
Fátima e a Ordem do Carmo
Há pouco celebramos o centenário das Aparições de Fátima. Lembramos que na última das aparições, em 13 de outubro, Nossa Senhora se mostrou como Nossa Senhora do Carmo**, conforme descrito pela Ir. Lúcia:
“(…)Junto ao sol apareceu a Sagrada Família: São José, com o Menino Jesus nos braços, e Nossa Senhora do Rosário. Traçando três vezes no ar uma cruz, São José abençoou o povo e o Menino Jesus fez o mesmo…Em seguida, apareceu Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha do Céu e do Universo, com o Menino Jesus ao colo.(…)”
A devoção dos Arautos do Evangelho à Virgem do Carmo é tão entranhada, que o nome dado à sua ordem clerical foi de Sociedade Clerical Virgo Flos Carmeli.
Vale a pena também lembrar que foi na Basílica do Carmo em São Paulo, no ano de 1967, que o fundador dos Arautos, Mons. João Scognamiglio Clá Dias, encontrou pela primeira vez a Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, o qual foi seu mestre, orientador e formador de sua vocação e missão.
Eis algumas das razões que unem os Arautos à Ordem do Carmo e por isso são revestidos do Escapulário, além de promoverem sua devoção e seu uso.
Peçamos, nesta data tão importante que a Virgem do Carmo, Rainha do Céu e da terra, ouça nossas súplicas e realize o quanto antes sua promessa em Fátima:
“Por fim, o meu Imaculado Coração Triunfará!”
Acompanhe abaixo a letra e a melodia do belíssimo cântico, o ‘Flos Carmeli’.
(clique abaixo para ouvir)
Flor do Carmelo Vinha florida, esplendor do Céu, Virgem fecunda, és singular
Doce e bendita, ó Mãe puríssima, aos carmelitas, sê tu propícia, Estrela do Mar
Raiz de Jessé, de brotos floridos, queiras, feliz, ao céu pelos séculos nos elevar
Entre os abrolhos, viçoso lírio, guarda de escolhos, o frágil ânimo, Mãe tutelar
Forte armadura Frente o adversário, Na guerra dura, o escapulário vem nos guardar
Nas incertezas, conselho sábio; nas asperezas, consolo sólido queira nos dar
A notícia abaixo nos revela uma ótima oportunidade de visitarmos uma exposição sobre as aparições de Nossa Senhora em Fátima sem sair do País, melhor ainda, sem sair de casa. Através dela, é possível ver os manuscritos originais das memórias da Ir. Lúcia. Também podemos conhecer a imagem da Santíssima Virgem do artista José Ferreira Thedim, concebida em 1948, segundo as indicações da Sor Lúcia.
Fátima – Portugal (Quarta-feira, 21-08-2013, Gaudium Press) O Santuário de Fátima, em Portugal, anunciou o lançamento de uma plataforma virtual para a exposição “Ser, o segredo do Coração” que se encontra aberta ao público desde novembro de 2012 e que agora pode ser visitada de forma virtual pelos devotos de todo o mundo. A exposição, preparada por ocasião do terceiro ano de celebrações pelo Centenário das Aparições de Fátima, estará aberta até o dia 31 de outubro deste ano.
A exposição inclui peças de grande valor para a devoção e a história do Santuário. Dentre eles estão os manuscritos originais das Memórias da Irmã Lúcia, pela primeira vez exposto ao público. As páginas exibidas correspondem precisamente à primeira parte da Mensagem, relativa ao Imaculado Coração de Maria. Também se exibe uma bela escultura da Santíssima Virgem do artista José Ferreira Thedim, realizada segundo as indicações da vidente, e vista pela própria Sor Lúcia em sua primeira saída do Carmelo de Santa Teresa de Coimbra no ano de 1948.
De acordo com Marco Daniel Duarte, diretor do Museu do Santuário de Fátima, a plataforma virtual busca ampliar o alcance da exposição. A página permite “proporcionar que os devotos de Nossa Senhora de Fátima que, por alguma razão, este ano não podem visitar o Santuário a possibilidade de desfrutar da exposição sobre o tema do ano pastoral de qualquer lugar do mundo”, explicou.