Chegou por fim o ápice de todas as dores. É um ápice tão alto, que se envolve nas nuvens do mistério. Os padecimentos físicos atingiram seu extremo. Os sofrimentos morais alcançaram seu auge.
Um outro tormento deveria ser o cume de tão inexprimível dor: “Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonastes?” De um certo modo misterioso, o próprio Verbo Encarnado foi afligido pela tortura espiritual do abandono, em que a alma não tem consolações de Deus.
E tal foi este tormento, que Ele, de quem os Evangelistas não registraram uma só palavra de dor, proferiu aquele brado lancinante:
“Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonastes?” Sim, por quê? Por que, se era Ele a própria inocência? Abandono terrível, seguido da morte e da perturbação de toda a natureza.
O sol se velou. O Céu perdeu seu esplendor. A Terra estremeceu. O véu do Templo de rasgou. A desolação cobriu todo o universo.