Solenidade de São José

Nosso mundo atual vive mergulhado no vício do orgulho, onde se multiplicam revoltas, tumultos e desobediências de toda a ordem. Neste contexto, na Festa de São José, compartilhamos um trecho de comentário de Mons. João S. Clá Dias, a respeito da obediência, fidelidade e humildade do grande Patriarca*

Perfeita obediência aos desígnios divinos

Sabendo que Herodes estava disposto a qualquer atrocidade para garantir a estabilidade de seu trono e que esse monarca abrigava suspeitas contra o tronco legítimo da casa de Judá, que deveria deter o cetro, São José agia com sagacidade, a fim de resguardar o Menino Jesus. Ele não estranharia se a qualquer momento desatasse uma perseguição visando seu desaparecimento.

A comoção produzida em toda a Judeia pelos acontecimentos que rodearam o nascimento de Nosso Senhor, a súbita chegada dos Magos do Oriente e a Apresentação no Templo aconselhavam a maior prudência. Retirados na casa de Judas, o virginal pai do Redentor esperava uma ocasião propícia para voltarem sem riscos à Galileia, onde, no discreto vilarejo de Nazaré, sua presença, sem dúvida, chamaria menos a atenção.

Em meio a esses cuidados, São José recebeu ordem de seu Anjo, novamente em sonho, para escapar de um risco iminente: “Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para O matar” (Mt 2, 13). O Céu confirmava ao Santo Patriarca que seus receios não eram infundados. A partida dos Magos em segredo terminaria por alterar o ânimo do tirano idumeu, e o único modo de preservar a vida do Recém-Nascido era fugir.

Poder-se-ia supor que o Anjo deveria ter avisado Nossa Senhora, por sua relação direta com o Menino em virtude da Maternidade Divina. São José, porém, apesar de inferior, era chamado a comandar a Sagrada Família, e competia-lhe exercer nessas circunstâncias a missão de custódio do Divino Salvador. Por isso a ele foi dirigida a celestial advertência.

Ora, se aos subalternos cabe obedecer à autoridade constituída, também esta precisa ser muito flexível à voz da graça. Todo superior é assistido de maneira especial, pois “não há autoridade que não venha de Deus” (Rm 13, 1). Logo, a inspiração, o auxílio e a luz do alto não faltam a quem deve conduzir outros. Se um superior dissesse que não sabe o que fazer, daria mostras de ausência de espírito sobrenatural. No caso de São José, tratava-se de mais uma obediência que Deus lhe pedia, a qual, como nas outras vezes, ele acatou com impressionante submissão e flexibilidade.

Ao acordar, São José poderia ter julgado que fora apenas um sonho e, movido por critérios materialistas, pensado no seu trabalho em Nazaré, parado havia quase dois meses, e na necessidade de atrasar por algum tempo o grande transtorno que significaria esse translado para o Egito. Junto a si estava o Verbo Eterno, Deus todo-poderoso descido à terra… e seria obrigado a fugir com Ele? Quem, naquela situação, mesmo após um sonho tão claro, levantar-se-ia à noite, tomaria os seus e iniciaria uma viagem de duração indefinida? “Levanta-te e foge”… com Deus e sua Mãe!

E, se era para fugir, por que não seguir os Magos, que acabavam de abandonar Belém? Em vez de ir para o Egito, um país estrangeiro no qual não conheciam ninguém, acompanhariam os Reis e suas comitivas de centenas de homens rumo ao Oriente…

Os Magos sentir-se-iam felicíssimos por levarem o próprio Deus aos seus países, onde O reverenciariam como Ele merecia, ainda quando bebê! Jesus seria salvo de forma brilhante e gloriosa. Mas, para São José, o importante era a voz de Deus. E ele preferiu obedecer, mesmo sabendo todos os riscos que correria indo para o Egito e que Jesus poderia ser morto a qualquer momento. Mais uma tremenda perplexidade, a exigir-lhe o sangue da alma! Se ele não houvesse sido dócil às moções divinas ao longo da vida, certamente não estaria preparado para sê-lo nesta ocasião. Flexível à graça, “levantou-se durante a noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egito” (Mt 2, 14). ♦️


*Extraído da obra São José, quem o conhece? Instituto Lumen Sapience, 2017, págs, 266-268.

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