O amor imperfeito de Maria e a preocupação naturalista de Marta

Comentário ao Evangelho do XVI Domingo do Tempo Comum

Há neste Evangelho uma lição para as almas “Marta”, e também para as almas “Maria”. Às primeiras, ensina Jesus que uma só coisa é necessária: o amor; e às segundas, que não podem desprezar a parte menos elevada

Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP

Deus nos criou para a eternidade

Em razão de nossa natureza humana, somos mais tendentes a prestar atenção nas coisas materiais, acessíveis aos sentidos, do que nas espirituais.

Ora, Deus nos criou para a eternidade e, para alcançarmos a bem-aventurança eterna, não importam tanto os nossos atos externos quanto nossos méritos, virtudes e correspondência aos dons d’Ele recebidos. Trata-se, portanto, de vencer esse pendor instintivo para o que é inferior e procurar sempre aquilo que é transcendente.

Importa isso em desprezar tudo quanto é palpável e entregar-nos exclusivamente ao estudo e à oração? Devemos deixar de lado toda e qualquer atividade concreta, inclusive as mais nobres e necessárias, a fim de jamais perdermos o contato com o sobrenatural?

O Evangelho de hoje tem por cerne essa problemática. Nele, São Lucas apresenta em poucas linhas, com inspirada pena, as figuras de Marta e de Maria, símbolos da vida ativa e da contemplativa.

Marta e Maria

Naquele tempo, 38 Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de
nome Marta, recebeu-O em sua casa.

Os irmãos Lázaro, Marta e Maria pertenciam a uma das melhores famílias da Palestina e possuíam inúmeros bens, entre eles a confortável herdade de Betânia, distante uns três quilômetros de Jerusalém.1

O episódio narrado no Evangelho de hoje corresponde a uma das estadias de Jesus nessa aldeia. Dirigia-se de Jericó a Jerusalém e aproveitou o ensejo para fazer uma visita àquela família unida a Ele por estreita amizade. A moradia de Marta em Betânia era um lugar aprazível e recolhido, próprio ao repouso de Nosso Senhor, como salienta o exegeta jesuíta Truyols: “No ambiente de paz e de santo deleite que se respirava na casa de Marta, Maria e seu irmão Lázaro, na intimidade de uma inocente confiança, encontrava Jesus algum descanso das contínuas hostilidades, embustes e malevolências de seus inimigos”.2

Bem podemos imaginar a felicidade dessa família ao receber o Divino Hóspede, dispensando-Lhe os melhores cuidados.

A Maria só interessava o Divino Mestre

39 Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e
escutava a sua palavra.

Chegando a Betânia, após os calorosos cumprimentos e as habituais abluções, Jesus deve ter-Se recostado, como era costume, em uma espécie de divã. Ou talvez, como imagina o mesmo Truyols, tivesse tomado assento embaixo da parreira, no jardim da casa, enquanto se preparava a refeição.

Maria logo se pôs a seus pés, haurindo com amorosa admiração os divinos ensinamentos. Ali estava o Homem a cuja palavra as tempestades obedeciam; que ameaçava os ventos, e eles amainavam; olhava para os mares encapelados, e eles se aquietavam; dava ordem à lepra, e ela desaparecia; tocava nos ouvidos de um surdo e este ficava curado…

Enlevada com o Divino Mestre, Maria por nada mais se interessava. Deixando de lado qualquer outra preocupação — inclusive aquelas referentes ao atendimento do Senhor — permanece ela junto a Jesus, de olhos fixos n’Ele.

Cabe notar, como bem observa Maldonado, que Cristo, “mal entrara na casa, começou sua tarefa de ensinar as coisas divinas, desejoso de alimentar com esse manjar espiritual aquelas que iam proporcionar-Lhe o alimento corporal”.3 Dessa atitude extrai São Cirilo uma bela lição: com seu exemplo, Jesus “ensina a seus discípulos como devem proceder nas casas onde são recebidos, para que não fiquem ali ociosos, mas sim dando santos e divinos ensinamentos àqueles que os acolhem”.4

Marta afana-se para dar ao Mestre uma recepção à altura

40a Marta, porém, estava ocupada com muitos afazeres.

Correspondia a Marta, como irmã mais velha, fazer as honras da casa. De muito boa educação, queria proporcionar ótima acolhida ao Divino Mestre. Por isso, não deixava aos empregados a função de atendê-Lo. Além do mais, segundo as boas normas vigentes na época, uma visita de categoria deveria ser servida pelos próprios anfitriões.

Marta, afirma Santo Agostinho, “se ocupava em remediar as necessidades daquelas pessoas famintas e sedentas; em sua própria casa preparava com esmero o que iam comer e beber o Santo dos santos e os seus homens santos”.5

Ora, Nosso Senhor viajava acompanhado dos Apóstolos e discípulos, e talvez tivesse chegado de improviso. Para dar-Lhe uma recepção à altura, não havia tempo a perder, motivo pelo qual Marta “estava ocupada com muitos afazeres” e sentia a falta de outros braços com os quais dividir o encargo. Maria, entretanto, tomada de alegria pela presença do Divino Mestre, havia esquecido por completo suas obrigações de anfitriã, deixando todo o serviço a cargo da irmã.

A recepção deve começar na própria alma

40b Ela aproximou-se e disse: “Senhor, não Te importas que minha
irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me
venha ajudar!”

Não seria segundo a boa educação Marta chamar a atenção da irmã diante de uma visita, sobretudo em se tratando de Nosso Senhor. Por isso, dirige-se a Ele com nobre delicadeza feminina, por meio de uma pergunta, para suplicar-Lhe sua intervenção. O pedido, de todo razoável naquelas circunstâncias, é formulado de forma muito elegante e gentil, pois reconhece a autoridade do Divino Mestre e deixa a última palavra em suas divinas mãos.

Entretanto, provavelmente de modo não consciente, estava Marta atribuindo aos cuidados práticos um valor superior ao próprio Divino Hóspede. Pois suas queixas em relação a Maria atingiam indiretamente o próprio Jesus “que, ao conversar com ela, parecia aprovar o seu proceder”,6 como bem sublinha o conceituado Fillion. Quiçá sem perceber, Marta faltava com o Primeiro Mandamento da Lei de Deus. E Nosso Senhor vai adverti-la com muita suavidade.

A mais velha das duas irmãs, observa Santo Agostinho, “servia bem o Senhor, relativamente à necessidade do corpo […]; entretanto, quem ali estava em carne mortal, desde o princípio era o Verbo”.7

Ora, quando acolhemos alguém superior a nós, a maior preocupação não deve ser a das providências práticas, mas sim a de bem aproveitar a sua presença. Sendo aquele hóspede a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, a boa recepção precisa começar na própria alma, reconhecendo quem Ele é. O desejo de oferecer-Lhe uma boa refeição virá depois, como corolário.

Nessa ocasião, sublinha Santo Agostinho, “Maria estava pendente da doçura da palavra do Senhor. Marta pensava em como alimentá-Lo, Maria em como ser por Ele alimentada. Marta preparava para o Senhor um banquete, Maria já desfrutava do banquete do mesmo Senhor”.8 E São Bernardo comenta, com muita propriedade: “Uma e outra receberam o Verbo: Maria no espírito, Marta na carne”.9

Amorosa repreensão de Jesus

41a O Senhor, porém, lhe respondeu: “Marta, Marta!”

Nosso Senhor vira perfeitamente a situação de Marta, mas nada dissera. Porém, quando ela tenta tirar Maria do seu lado, Ele a repreende dizendo: “Marta, Marta!”.

Como terá pronunciado Jesus essas palavras? Qual a inflexão de sua voz? Deve ter sido solene, majestosa, mas cheia de afeto! E por certo, ao mesmo tempo, tocara-lhe a alma com uma graça, para ela compreender a fundo o significado da divina resposta.

É curioso notar que, depois da Ressurreição, quando Nosso Senhor Se dirige a Maria Madalena, Ele não repete seu nome. Diz apenas: “Maria”. E ela imediatamente exclama: “Raboni!” (cf. Jo 20, 16). Bastou-lhe ouvir uma só vez o seu nome para entrar em inteira consonância com o Mestre. Em Betânia, entretanto, Ele sentiu necessidade de repetir: “Marta, Marta!”.

Na Sagrada Escritura nada há de supérfluo, e até pequenos detalhes como este revelam um universo de doutrina.

Por que dizer a uma “Marta, Marta”, e à outra somente “Maria”? Os episódios protagonizados pelas duas irmãs refletem estados de espírito quase contrapostos. No primeiro, Nosso Senhor precisa repetir o nome de Marta como “sinal de afeto e advertência a respeito de um ponto grave”,10 porque as pessoas engolfadas em questões práticas têm geralmente tendência a não ouvir. Estando, por assim dizer, imersas numa espécie de sono interior, não é suficiente chamá-las uma só vez. E Jesus deve ter repetido o nome de Marta com inflexões de voz diferentes, como uma música, deixando-a tocada no mais profundo da alma.

Estava servindo só a Jesus, ou também a si própria?

41b “Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas”.

Empenhada em servir Nosso Senhor da melhor maneira possível, talvez Marta tencionasse fazê-lo também para manter o grande prestígio da casa. Por isso se perturbava, tomada por preocupações que não condiziam inteiramente com o amor a Deus: estava em questão o nome da família. E quando Deus não está no centro das nossas considerações, a agitação se estabelece com facilidade.

Não nos esqueçamos de que o valor sobrenatural de toda ação depende da intenção com que ela é praticada. E qual era, nesse caso, o objetivo de Marta? Na medida em que procurava não prejudicar a própria fama, não estava servindo a Nosso Senhor, mas a si própria. Preocupava-se, então, com os bens terrenos, não com os da eternidade. Servia, assim, mais com as mãos do que com o coração.

Essa psicologia pragmática e naturalista de Marta é muito mais comum do que se poderia imaginar. Queria ela agradar a Nosso Senhor, mas com a atenção dividida, voltada em parte para o que é do mundo. Talvez até desejasse chamar a atenção sobre si mesma, esperando receber um elogio por sua presteza.

 


42 “Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor
parte e esta não lhe será tirada”.

“Maria escolheu a melhor parte”, afirma Jesus admoestando Marta. Por suma delicadeza, não formulou a consequência, a qual, no entanto, era inquestionável: coube a ela, portanto, a parte menos elevada…

Almas “Marta” e almas “Maria”

Detenhamo-nos na importante questão que aqui se apresenta e tantas vezes é mal interpretada.

Pode-se inferir da resposta do Divino Mestre que Ele condenava o cuidado das coisas concretas, as quais não passarão para a eternidade e, portanto, não merecem nossa atenção? Deveriam todos, então, dedicar-se exclusivamente à contemplação das verdades eternas?

Não é essa a lição que devemos tirar desta passagem do Evangelho, pois, como observa Santa Teresa de Jesus de modo pitoresco e cheio de bom senso, se Marta “permanecesse, como Madalena, embevecida aos pés do Senhor, ninguém daria de comer a este Divino Hóspede”.11

Cristo não afirma aqui que Marta deveria abandonar aquelas indispensáveis ocupações, o que é posto em evidência por Santo Agostinho, com sua característica vivacidade: “Devemos pensar que Jesus vituperou a atividade de Marta, ocupada no exercício da hospitalidade, ao recebê-Lo em sua casa? Como podia ser com justiça censurada quem se deleitava em acolher tão notável Hóspede?

Se assim for, cessem os homens de socorrer os necessitados e escolham para si a melhor parte, a qual não lhes será tirada; dediquem-se à meditação da palavra divina, almejem ardentemente a doçura da doutrina, consagrem-se à ciência da salvação; não se preocupem em saber se há na aldeia algum peregrino ou algum pobre sem alimento ou roupa; desinteressem-se de visitar os enfermos, de resgatar o cativo, de enterrar os mortos; abandonem as obras de misericórdia e apliquem-se à única ciência. Se esta é a melhor parte, por que não nos dedicarmos todos a ela, já que, nessa matéria, temos o próprio Senhor como nosso defensor?”.12

A resposta dada por Jesus fora muito sutil e, como bem observa o Cardeal Gomá, “encerra todo um programa de vida que é a concretização do sumo equilíbrio do Cristianismo na ordem da ação”.13 Nas pessoas de Marta e Maria, deixou o Divino Mestre uma lição para toda a humanidade.

Contemplação operativa e ação contemplativa

Contemplação e ação não são realidades excludentes. Ensina São Tomás que a primeira é, sem dúvida, mais excelente e meritória que a segunda.14 Entretanto, acrescenta ele, a ação que procede da plenitude da contemplação é preferível à simples contemplação.15 A este ensinamento do Doutor Angélico, faz eco Fillion: “Embora a parte de Maria tenha algo de mais celestial, o melhor, nas situações ordinárias, é unir a condição de Marta com a de Maria”.16

A perfeição está, pois, na junção entre contemplação e ação. Disso dá-nos supremo exemplo a Sagrada Família. Nossa Senhora cuidava com inigualável esmero da casa em Nazaré, e São José era com certeza o mais consciencioso dos carpinteiros. Ambos trabalhavam, cada um nos seus afazeres. Entretanto, tinham constantemente a atenção voltada para Jesus e para os aspectos mais elevados da realidade, a ponto de São Luís Maria Grignion de Montfort afirmar que Nossa Senhora, ao dar um ponto com a agulha, glorificava mais a Deus do que São Lourenço sofrendo na grelha as terríveis dores do seu martírio.17

Então, podemos também nós dar muita glória a Deus nos atos concretos do dia a dia, desde que os realizemos com a atenção posta nas coisas celestes, e não apenas nas terrenas. Assim fez Cristo Jesus durante sua vida pública: ocupadíssima, intensíssima, entretanto, sempre impregnada de oração e contemplação.

A preocupação naturalista de Marta

Como deveria, então, ter agido Marta neste episódio?

Ela era, como vimos, a responsável pela casa e cabia-lhe tomar as providências para o bom atendimento de Nosso Senhor. Assim, começou bem ao querer servi-Lo e agradá-Lo. Porém, sem ela se dar conta — como sói acontecer — essa louvável aspiração foi sendo substituída por uma preocupação naturalista, acompanhada pelo desejo de fazer bela figura diante d’Ele e dos demais.

Se executasse todas aquelas tarefas pondo em Jesus a atenção principal, ficaria ela também com a melhor parte, os frutos de seu trabalho teriam outra beleza e outra substância.

Não lhe era preciso, portanto, deixar suas ocupações para ir sentar-se, como Maria, aos pés de Jesus, mas, segundo sublinha acertadamente Fillion, ter em vista que “o único necessário é preferir as coisas interiores às exteriores, dar-se a Cristo sem restrições, adorando-O, amando-O e vivendo só para Ele”.18

O amor imperfeito de Maria

O Divino Mestre diz que Maria escolheu a melhor parte, mas não afirma ter ela agido impelida por um amor perfeito.

Nosso Senhor é cioso da obediência devida às autoridades intermediárias e, portanto, deveria Maria ter se submetido às determinações de sua irmã mais velha, cumprindo as obrigações que lhe cabiam sem perder o enlevo, mantendo o coração todo posto no Senhor. “Não imagines” — adverte o Doutor Seráfico — “que teu amor à quietude te autorize a subtrair-te, mesmo em coisas mínimas, aos exercícios da santa obediência ou das regras estabelecidas pelos anciãos”.19

Portanto, pode-se afirmar que Maria não atuou de forma exímia, na medida em que menosprezou a parte menos perfeita, esquivando-se de assumir incumbências necessárias para o bom atendimento a Jesus.

A lição foi para as duas

Há neste Evangelho uma lição não só para as almas “Marta”, mas também para as almas “Maria”. Às primeiras, ensina Jesus que uma só coisa é necessária: o amor a Deus, pois apenas a caridade ultrapassa o umbral da eternidade, e todo o resto é secundário. Não devemos nos ocupar com os afazeres do dia a dia sem ter o coração voltado para o que há de mais elevado, tendo presente que em tudo dependemos da graça divina. E às segundas, mostra que não podem desprezar a parte menos perfeita, ignorando as providências necessárias para a boa ordenação da vida. Pois, como bem sublinha Teofilato ao comentar esta passagem do Evangelho, “o Senhor não vitupera a hospitalidade, mas sim o cuidado por muitas coisas, ou seja, a absorção e o alvoroço”.20

Na ação ou na contemplação, trata-se de manter a alma serena, pervadida de devoção e inteiramente voltada para o sobrenatural.

Ser perfeito na ação e na contemplação

Marta, por ser virtuosa, sem dúvida acolheu bem as palavras de Nosso Senhor e percebeu que, de fato, tinha andado por vias equivocadas.

Como procedeu ela após a repreensão divina? Certamente continuou a servi-Lo, mas sem febricitação. Cheia de paz, alegria e consolação, deve ter agradecido a lição recebida, aceitando-a até o fundo da alma pela ação da graça. “Repreende o justo e ele te amará” (Pr 9, 8). Assim, passou ela a amar mais Nosso Senhor, depois dessa afetuosa correção.

Devemos imitar as duas irmãs: fazer todos os atos cotidianos com o amor de Maria, mas, como Marta, cumprir nossas obrigações de modo exímio. Porque a vida dos homens tem momentos de ação e de contemplação e, tanto em uns quanto nos outros, é preciso ser “perfeito como o Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48).

Da contemplação provém a ação

Nesta Terra, nossa vida deve estar marcada pela preocupação primordial de cuidar das coisas eternas. Como bem explica o padre Romano Guardini, a existência humana se desenvolve em dois planos paralelos: o interior e o exterior. O mais importante, porém, é o interior, pois, em última análise, dele provém o exterior. “Assim é que” — acrescenta — “já na vida ordinária dos homens, o interior se sobrepuja ao exterior. Tem o caráter de ‘um necessário’, que tem primeiro de aparecer claramente. Se as raízes adoecem, a árvore pode continuar a crescer por algum tempo, mas acaba por morrer. Isso ainda é mais verdadeiro para a vida da fé. Também aí há um domínio exterior; fala-se e ouve-se, trabalha-se e luta-se, há obras e instituições, mas o sentido último de tudo reside no interior. O trabalho de Marta é justificado por Maria”. 21

Atendendo ao convite que nos é feito neste trecho do Evangelho, façamos os esforços necessários para elevar ao Céu as nossas vistas deformadas pelo espírito naturalista, porque, no umbral da eternidade, as coisas concretas nos serão tiradas. Nossa fé se transformará em visão de Deus, face a face; nossa esperança, em posse definitiva do Sumo Bem; e a caridade atingirá sua plenitude.

Muito mais felizes do que Marta e Maria

Hoje somos muito mais afortunados do que Marta, pois recebemos Jesus, não em nossa morada, mas em nosso coração. Ele Se dá a nós na Eucaristia e, ao invés de nos afanarmos em preparar-Lhe uma refeição, Ele nos alimenta com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Situação, portanto, muito mais feliz e celestial que a da família de Betânia que tantas vezes hospedou Nosso Senhor!

Assim, agradeçamos a Marta por seu zelo em acolher Jesus, louvemos Maria pelo exemplo do amor a Deus, mas, sobretudo, demos graças a Jesus pelo que Ele faz, a cada instante, por cada um de nós. ♦

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O Inédito sobre os Evangelhos. Vol 06. XVI Domingo do Tempo Comum.
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1) Cf. FILLION, Louis-Claude. Vida de Nuestro Señor Jesucristo. Vida pública. Madrid: Rialp, 2000, v.II, p.334.
2) FERNÁNDEZ TRUYOLS, SJ, Andrés. Vida de Nuestro Señor Jesucristo. 2.ed. Madrid: BAC, 1954, p.417-418.
3) MALDONADO, SJ, Juan de. Comentarios a los Cuatro Evangelios. Evangelios de San Marcos y San Lucas. Madrid: BAC, 1951, v.II, p.554.
4) SÃO CIRILO, apud SÃO TOMÁS DE AQUINO. Catena Aurea. In Lucam, c.X, v.38-42.
5) SANTO AGOSTINHO. Sermo CCLV, n.2. In: Obras. Madrid: BAC, 2005, v.XXIV, p.673-674.
6) Cf. FILLION, op. cit., p.335.
7) SANTO AGOSTINHO, apud SÃO TOMÁS DE AQUINO, op. cit.
8) SANTO AGOSTINHO. Sermo CIV, n.1. In: Obras. 2.ed. Madrid: BAC, 1965, v.X, p.368.
9) SÃO BERNARDO. Sermones de santos. En la Asunción de la Virgen María, 3. De María, Marta y Lázaro, 2. In: Obras Completas. Madrid: BAC, 1953, v.I, p.712.
10) GOMÁ Y TOMÁS, Isidro. El Evangelio explicado. Año tercero de la vida pública de Jesús. Barcelona: Rafael Casulleras, 1930, v.III, p.134.
11) SANTA TERESA DE JESUS. Camino de perfección. C.17, 5. In: Obras Completas. 3.ed. Burgos: El Monte Carmelo, 1939, p.396-397.
12) SANTO AGOSTINHO, Sermo CIV, n.2, op. cit., p.369.
13) GOMÁ Y TOMÁS, op. cit., p.134.
14) Cf. SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. II-II, q.182, a.1-2.
15) Cf. Idem, q.188, a.6.
16) FILLION, op. cit., p.336.
17) Cf. SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Traité de la vraie dévotion à la Sainte Vierge, n.222. In: Œuvres Complètes. Paris: Du Seuil, 1966, p.638.
18) FILLION, op. cit., p.335.
19) SÃO BOAVENTURA. Meditaciones de la vida de Cristo. Buenos Aires: Santa Catalina, 1945, p.184.
20) TEOFILATO, apud SÃO TOMÁS DE AQUINO, Catena Aurea, op. cit.
21) GUARDINI, Romano. O Senhor. Lisboa: Agir, 1964, p.196

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