“Eu sou o pão vivo descido do Céu”

XIX Domingo Do Tempo Comum

Ao comer do fruto proibido, nossos primeiros pais pecaram e entrou no mundo a morte. Por meio de outro alimento, o “pão descido do Céu”, foi-nos restituída a vida. Na Eucaristia, o próprio Deus Se oferece ao homem como comida, dando-lhe infinitamente mais do que havia perdido.

Por Mons. João S. Clá Dias, EP

A Mulher eucarística

Embora o Evangelho não mencione Maria, Mãe de Jesus, sabemos pela teologia e pelo Magistério da Igreja que Ela foi a primeira criatura humana a beneficiar-Se desta promessa de Nosso Senhor: “Eu o ressuscitarei”. Pois Maria Santíssima foi assunta ao Céu em corpo e alma.

Maria desejou ardentemente a Eucaristia

Em relação à Eucaristia, Ela não só nunca duvidou — como o fizeram tantos dos seus coetâneos —, mas desejou ardentemente que chegasse o dia no qual Nosso Senhor cumpriria a promessa de dar sua Carne em alimento e seu Sangue como bebida. Em consequência, podemos conjecturar quanto Ela deve ter exultado de alegria ao ouvir o discurso de Jesus na sinagoga de Cafarnaum, e recordado o inefável convívio místico que tivera com o Verbo Encarnado, durante os nove meses em que Ele permanecera em seu claustro materno.

De outro lado, afirma Jourdain: “Pode-se dizer, sem receio de enganar-se, que foi principalmente para sua Santíssima e Beatíssima Mãe que Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Eucaristia. Sem dúvida, Ele o instituiu para toda a Igreja, mas, depois de Jesus, Maria é a parte principal da Igreja”. E assim como Ela deu seu consentimento para que seu Filho Se oferecesse como vítima ao Pai, pela Redenção do gênero humano, da mesma forma “deu seu assentimento ao ato pelo qual seu Divino Filho, dispondo de Si mesmo segundo a vontade do Pai, Se entregou a nós como vítima, como alimento e como companheiro de exílio nesta vida”,no Sacramento da Eucaristia.

A Igreja é chamada a imitá-La

“Maria é Mulher ‘eucarística’ na totalidade da sua vida”, afirma João Paulo II na Encíclica Ecclesia de Eucharistia. Por isso, “a Igreja, vendo em Maria o seu modelo, é chamada a imitá-La também na sua relação com este mistério santíssimo”. Acrescenta pouco adiante o Pontífice: “De certo modo, Maria praticou a sua fé eucarística ainda antes de ser instituída a Eucaristia, quando ofereceu o seu ventre virginal para a Encarnação do Verbo de Deus. […] E o olhar extasiado de Maria, quando contemplava o rosto de Cristo recém-nascido e O estreitava nos seus braços, não é porventura o modelo inatingível de amor que deve inspirar todas as nossas comunhões eucarísticas?”.

Explica ainda que Maria viveu a “dimensão sacrificial da Eucaristia”, não apenas no Calvário, mas ao longo de toda a sua existência ao lado de Cristo. “Preparando-Se dia a dia para o Calvário, Maria vive uma espécie de ‘Eucaristia antecipada’, dir-se-ia uma ‘comunhão espiritual’ de desejo e oferta, que terá o seu cumprimento na união com o Filho durante a Paixão, e manifestar-se-á depois, no período pós-pascal, na sua participação na Celebração Eucarística, presidida pelos Apóstolos, como ‘memorial’ da Paixão”.

Por esta razão, viver o memorial da Morte de Cristo na Eucaristia implica em receber constantemente Maria como Mãe. “Significa ao mesmo tempo assumir o compromisso de nos conformarmos com Cristo, entrando na escola da Mãe e aceitando a sua companhia. Maria está presente, com a Igreja e como Mãe da Igreja, em cada uma das Celebrações Eucarísticas. Se Igreja e Eucaristia são um binômio indivisível, o mesmo é preciso afirmar do binômio Maria e Eucaristia”.

Que estas belas e profundas considerações tão eucarísticas e mariais nos ajudem a melhor nos compenetrarmos da sublimidade deste imenso dom de Deus à humanidade e do papel de Maria na devoção eucarística dos fiéis, sejam eles leigos ou sacerdotes. ♦️


Excertos de “O Inédito sobre os Evangelhos”, Vol IV, ano B.

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