Subiremos ao Céu em virtude da Ascensão!

Naquele tempo, Jesus Se manifestou aos onze discípulos, 15 e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! 16 Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18 se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”. 19 Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao Céu, e sentou-Se à direita de Deus. 20 Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam (Mc 16, 15-20).

Solenidade da Ascensão do Senhor

A Ascensão de Jesus nos dá a certeza de que teremos o mesmo destino se seguirmos o mandato que Ele nos deu neste dia

Por Mons. João S. Clá Dias, EP

Nossa esperança se fundamenta no poder de Deus

A esperança! Esta virtude teologal nos faz possuir, por antecipação, as maravilhas inimagináveis que receberemos em plenitude no fim do estado de prova e para as quais o Apóstolo aponta em sua carta.

Deus nos predestinou à salvação desde toda a eternidade e, antes mesmo de sermos criados, já havia determinado a via de santificação de cada um, antegozando o momento em que nasceríamos e começaríamos a trilhá-la. Alimentando nossa esperança em meio às dores da vida, Ele age conosco como alguém que, tendo construído um palácio para nós em local de difícil acesso, nos conduz a ele por um caminho no meio de um matagal, cheio de espinheiros e charcos próprios a causar apreensão. E anseia por nos levar quanto antes até uma clareira de onde possa mostrar, à distância, o edifício, a fim de nos encorajar a continuar o caminho.

Mais adiante, menciona São Paulo o “imenso poder que Ele exerceu em favor de nós que cremos, de acordo com sua ação e força onipotente” (Ef 1, 19). Com efeito, se a salvação estivesse sujeita aos nossos esforços nós não iríamos para o Céu, como mostra o episódio do moço rico que, ao ser chamado por Nosso Senhor, negou-se a abandonar tudo para segui-Lo, o que levou Jesus a dizer: “É mais fácil passar o camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar o rico no Reino de Deus” (Mc 10, 25). A afirmação surpreendeu os Apóstolos, que “se admiravam, dizendo a si próprios: ‘Quem pode então salvar-se?’. Olhando Jesus para eles, disse: ‘Aos homens isso é impossível, mas não a Deus; pois a Deus tudo é possível’” (Mc 10, 26-27). Sim, graças ao seu poder progredimos nas veredas da perfeição e, sobretudo, perseveramos até o término de nossa peregrinação terrena. Eis a principal razão que deve nos mover a depositar n’Ele toda a nossa esperança. Entretanto, haverá alguma garantia de que ela será recompensada?

A Ascensão de Jesus é fonte de esperança

São Paulo responde a esta questão nos versículos seguintes, aludindo ao acontecimento grandioso comemorado nesta Solenidade: Deus “manifestou sua força em Cristo, quando O ressuscitou dos mortos e O fez sentar-Se à sua direita nos Céus, bem acima de toda a autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa nomear não somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro” (Ef 1, 20-21).

Com a Ascensão, magnífico mistério de nossa Fé recordado num dos artigos do Credo ― “subiu aos Céus e está sentado à direita do Pai” ―, Nosso Senhor Jesus Cristo passou a ocupar seu lugar à destra do Pai como Homem, pois enquanto Deus já Se encontrava junto d’Ele desde toda a eternidade. Tendo-Se unido à natureza humana pela Encarnação, desejava que esta natureza, por Ele representada, fosse introduzida na glória. Até então ninguém havia transposto os umbrais do Céu, inacessível aos homens em consequência do pecado original; só Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo e seus Anjos lá habitavam. As almas dos justos permaneciam no Limbo à espera da Redenção e ali mesmo gozaram da visão beatífica, ao serem visitados por Nosso Senhor no instante de sua Morte. Mas só quando Jesus ascendeu ao Céu estes eleitos lá penetraram,6 preenchendo os lugares vazios deixados por Lúcifer e seus sequazes.

Precedida por Nosso Senhor Jesus Cristo, aquela plêiade de almas santas entrou na glória, a começar por São José, seu pai adotivo, seguido por Adão e Eva, pelos profetas, patriarcas, mártires da Antiga Lei e uma milícia de homens e mulheres, constituindo “um povo tão numeroso entre esta raça justamente condenada, que vem ocupar a vacância deixada pelos anjos [decaídos]. E, assim, esta Cidade amada e soberana, longe de se ver defraudada no número de seus cidadãos, se regozija em reunir um número talvez maior”.

Sendo Jesus Cristo a “Cabeça da Igreja, que é o seu Corpo” (Ef 1, 22) — como declara o Apóstolo, com muita clareza e senso teológico —, e uma vez que o Corpo não pode subsistir destacado da Cabeça, nós, enquanto seus membros, também ingressaremos na Morada Celeste. Sua Ascensão é para nós penhor de que seguiremos o mesmo caminho: no dia do Juízo Final retomaremos nosso corpo em estado glorioso e subiremos ao Céu, “ao encontro do Senhor nos ares” (I Tes 4, 17). A realização desta promessa é uma questão de tempo. No entanto, se o tempo existe para nós na vida presente e nos faz sentir a demora, ele desaparece depois da morte e, em face da eternidade, tal intervalo não significa nem sequer um “esfregar de olhos”.

Seja este destino motivo de contentamento e entusiasmo para nós, conforme o pedido da Oração do Dia: “Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de seu Corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória”.

Que a fé e a esperança alimentem a nossa alma no árduo caminho do cristão de nossos dias, e com esta chama sempre acesa enfrentaremos as adversidades. O mandato de evangelizar nos convida a subir misticamente com Nosso Senhor à Pátria Eterna, para onde iremos em corpo e alma depois da ressurreição.

Peçamos por meio d’Aquela que foi assunta aos Céus, Maria Santíssima, que sejamos para lá conduzidos, celebrando exultantes este mistério. ♦️


Excertos de “O Inédito sobre os Evangelhos, Domingo da Ascensão do Senhor, ano B.

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